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TROCA DE GASES PREJUDICADA E INTOLERÂNCIA À ATIVIDADE NA DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA: ESTUDO DE CASO
Impaired gas exchange and activity intolerance in chronic obstructive pulmonary disease: a case study
Deterioro del intercambio de gases y la intolerancia a la actividad en la enfermedad pulmonar obstructiva crónica: un estudio de caso
Ana Rita Horta; Luís Manuel Mota Sousa; Maria José Bule; Isabel Bico; Maria dos Anjos Frade; Maria do Céu Pinto Marques

APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO DN4 NO ESTUDO DA DOR NEUROPÁTICA NUM HOSPITAL DISTRITAL
Application of the Questionnaire DN4 in the study of neuropathic pain in a District Hospital
Aplicación del Cuestionario DN4 en el estudio del dolor neuropático en un Hospital Distrito
Ana Carina Madeira da Silva; Paulo Reis Pina

RELAÇÃO ENTRE PRESENTEÍSMO E A VIOLÊNCIA NO LOCAL DE TRABALHO: REVISÃO INTEGRATIVA
Relationship between presenteeism and violence in the workplace: Integrative review
Aplicación del Cuestionario DN4 en el estudio del dolor neuropático en un Hospital Distrito
Ana Sá Fernandes

MODELOS DE PLANEAMENTO NO APOIO À GESTÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
Planning models in support of health services management: integrative literature review
Modelos de planificación para apoyar la gestión de servicios de salud: revisión integrativa de la literatura
Amaral, Mónica; João, Anabela; Martins, Manuela; Paiva, Noémia; Pereira, Teresa

PSICOEDUCAÇÃO EM SAÚDE MENTAL NA COMUNIDADE: UM ESTUDO DE CASO
Psychoeducation in mental health in the community: a case study
Psicoeducación en salud mental en la comunidad: un estudio de caso
Cláudia Margarida Campos

ADESÃO TERAPÊUTICA NA PESSOA SUBMETIDA A TRANSPLANTAÇÃO RENAL: RELATO DE CASO
Therapeutic Adherence in kidney transplant recipients: Case report
Adherencia terapéutica en receptores de Trasplante de Riñón: reporte de caso
Laura Moreira Leitão; Milene Silva Moita; Luís Manuel Mota Sousa, Isabel Bico, Maria Frade, Maria do Céu Marques

EDITORIAL

Telereabilitação em tempos de COVID 19: Um desafio ou uma oportunidade?

O surto causado pela doença de coronavírus (COVID-19), também denominada de severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (SARS-CoV-2), foi descrito pela primeira vez na China, no mês de dezembro de 2019 (Del Rio & Malani, 2020).
Este surto rapidamente se estendeu a outros países e no dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde, declarou a COVID-19, como uma pandemia. Atualmente afeta 213 países/regiões/territórios e os últimos dados disponíveis que correspondem ao dia 30 de julho de 2020, estavam reportados 16 812 763 casos e 662 095 de mortos a nível mundial (World Health Organization, 2020).
Esta pandemia causada pela COVID-19 provocou impacto grave e sem precedentes na vida das pessoas a nível mundial. A declaração da pandemia global e do estado de emergência em vários países, levou a que muitos hospitais começassem a limitar ou cancelar consultas presenciais de modo a cumprir as orientações sobre distanciamento social e consequentemente diminuir o risco de transmissão (Wright, & Caudill, 2020).
Os programas convencionais de reabilitação prestados em centro de reabilitação foram suspensos na maioria dos países de forma a proteger as pessoas mais vulneráveis, no entanto, manteve-se a necessidade de continuar a prestar esse tipo de cuidados de modo seguro tanto para os profissionais de saúde como para os utentes e comunidade, de acordo com recomendações gerais da World Health Organization (Houchen-Wolloff & Steiner, 2020).
A prestação de cuidados à distância através de Telessaúde (utilização de tecnologias de informação e comunicação) é uma solução alternativa em contexto da COVID-19, mantendo distância física, reduzindo a transmissão de doenças, protegendo os doentes mais vulneráveis, permitindo assim, garantir a segurança para os doentes, familiares e profissionais de saúde (Thomas, Gallagher, & Grace, 2020).
Neste contexto, surgiram algumas respostas de telerreabilitação em doentes que se conectam a serviços de saúde através de uma ligação à Internet segura, via Video Connect, a partir das suas casas utilizando um iPADs, smartphones ou computadores, permitindo assim, a identificação de problemas novos ou recorrentes e o estabelecimento de planos de cuidados (Thomas et al., 2020, Wright, & Caudill, 2020).
A telemedicina/telessaúde/telerealibilitação além de um desafio também pode ser considerada como uma oportunidade na prestação de serviços de saúde após a crise do COVID-19 (Nouri et al., 2020). Neste sentido, a utilização destas novas estratégias de telereabilitação em contexto de confinamento, tanto para os que têm COVID 19, como os doentes não COVID 19 (Avellanet et al., 2020) pode ter um papel importante no futuro, uma vez que estas estratégias permitem minimizar o declínio funcional, especialmente em populações vulneráveis, como idosos e pessoas com deficiência (Mukaino et al. 2020).

Contudo, as intervenções de telereabilitação devem ser implementadas de acordo com as necessidades dos utilizadores, de forma a estimular a aceitação e adesão a este tipo de programa altamente tecnológico (Maggio et al., 2020). Além disso, os gestores e profissionais de saúde devem estar cientes da possibilidade de ocorrem algumas barreiras, provavelmente porque alguns profissionais de saúde não se sentem seguros na utilização destas tecnologias e por terem dúvidas sobre a eficácia dos programas de reabilitação implementados remotamente (Thomas et al., 2020), também, devem ter em consideração as barreiras relacionadas com a confidencialidade e a falta de conhecimento sobre as tecnologias usadas pelos utilizadores (Wright, & Caudill, 2020).
Tanto no contexto internacional como no português este desafio/ oportunidade deve ser acompanhado de uma reflexão sobre as competências digitais dos profissionais para a elaboração de programas de e-reabilitação/telereabilitação, das estratégias de comunicação e relação (pedra angular para a construção de uma relação de confiança e adesão aos programas) à distância, bem como uma discussão pública dos benefícios e constrangimentos da tele reabilitação em pessoas de diferentes idades, em particular das mais vulneráveis .
Em suma, esta pandemia trouxe desafios e oportunidades para o contexto da reabilitação. Os profissionais de saúde em geral e os enfermeiros especialistas em enfermagem de reabilitação podem ter um papel importante na implementação remota de planos de enfermagem de reabilitação, garantindo o distanciamento físico, mantendo a interação social, contruindo para a manutenção da funcionalidade e da qualidade de vida, com garantia da minimização do risco de infeção por SARS-CoV-2.

Luís Manuel Mota de Sousa
Comprehensive Health Research Centre (CHRC), departamento de enfermagem da Universidade de Évora. ORCID: 0000-0002-9708-5690