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INCONTINÊNCIA URINÁRIA - IMPACTO NO FEMININO

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Descrição

ISBN: 972-8485-55-7
Autora: Anabela Abreu Azevedo
Nº de Páginas: 128
Formato: 15 X 21 cm
Editora: Formasau
Ano de edição: 2005

PREFÁCIO

Falar de uma obra que obteve o prémio intitulado PROFESSOR DOUTOR NUNO GRANDE implica, antes de mais, reconhecer que é um privilégio. Privilégio esse, que gostaria de partilhar com todos os leitores, numa expressão de reconhecimento ao nome do GRANDE PROFESSOR. Impulsionador e entusiasta em todos os processos que constituem o desenvolvimento do Ser Humano.
Temos a convicção que a obra que agora vai ser publicada tal como outras que tiveram o seu contributo e a sua génese no Mestrado de Ciências de Enfermagem, continuarão a garantir o desenvolvimento de uma Enfermagem mais consistente e critica, nas suas tomadas de decisão, face aos desafios de uma sociedade moderna, em cuidados de qualidade.
Assim, a obra agora presente, deve constituir e ser pretexto de reflexão para a enfermagem, e, em especial, sobre a essência da sua razão de existir: - os cuidados de enfermagem, que, tal como salienta Collière (2003), \"são o domínio que mais interessa\".
A concepção, a filosofia, o conteúdo cultural e social dos cuidados, a interrogação sobre o vivenciado dos fenómenos pela pessoa cuidada, requer a necessidade de investigar de forma a desenvolver e a utilizar um conteúdo alargado que permita compreender e explicar os fenómenos, para poder intervir!
A temática que subjaz a este livro inscreve-se nesta perspectiva, pelo facto de privilegiar a realidade da experiência de mulheres que vivenciam o \"flagelo\" da incontinência urinária. Podemos dizer, de alguma maneira, que elege o impacto da experiência no ser humano, determinado por uma experiência que se articula entre a realidade e o significado.
A preocupação, em que se baseia a autora, não é alheia à sua experiência profissional. Mobiliza a tomada de consciência de que todos os progressos científicos e tecnológicos, bem como a evolução dos meios de diagnóstico e terapêuticos, não impediram as repercussões deste problema. As suas implicações \"parecem\" continuar a não merecer muita atenção por parte dos profissionais de saúde, por se considerar que não constitui um risco de vida.
A realidade descrita neste livro, apela para a tomada de consciência do que constitui a verdadeira dimensão do sofrimento daquelas (es) que um dia viram a sua vida mudar de rumo, por um problema que incomoda aqueles que com eles privam e, por sua vez, pode destruir a esperança de conviver com o bem-estar ou passear nas \"passerelles\"da socialização.
Este tema corresponde ao problema central de pesquisa que orienta todo o trabalho empírico e seguiu um caminho que encontrou a sua plenitude na acção de o partilhar com os leitores; pois todos sabemos da sua existência, mas nem sempre o consideramos como algo tão perturbador na vida do ser humano. Permite discernir a fantasia da realidade, que se traduz por \"desprezo\", ou pouca convicção, em relação às implicações nefastas da incon-tinência urinária, na vida daquelas que nas suas expressões foi designada como um flagelo.
Neste sentido, a tentativa fugaz da autora de se distanciar de um estudo que privilegiasse apenas a enumeração de sintomas, é ultrapassada pelas opções metodológicas de percurso. Foi mais além, mediante um processo de investigação que não assenta apenas na construção de um conhecimento por via de uma causalidade linear. Prossegue no sentido de privilegiar a rea-lidade na descrição de quem a vivência, pois outra forma não seria tão ade-quada e oportuna, já que a fenomenologia potencia o autoconhecimento. Assenta, também, na experiência/vivência subjectiva para se tornar, no futuro, a estrada do conhecimento da intimidade que, só por si, é complexa e não poderia ser abordada por definições. Por isso, a autora não relegou, de uma maneira geral, de se confrontar pessoalmente com o problema, pelo contrário! A sua opção confere maior fiabilidade à objectivação do fenómeno em estudo ao adoptar a perspectiva de Van Manen (1997) de que a fenomenologia é a filosofia da teoria do único, caracterizada, essencialmente, por privilegiar a experiência do vivido ao descrever a experiência como ela é e, sobretudo, descrevê-la directamente. Assim, mediante a abordagem hermenêutica pode problematizar uma área de interesse e tão sensível aos cuidados de enfermagem.
Mostra, também, que os enfermeiros não podem escudar-se na ilusão de um conhecimento total da doença, mas adoptar uma postura que tem que ser fundamentada numa prática interactiva de compreensão dos fenómenos, ou seja, próximos do doente e também do contacto com o quotidiano da vida.
É notória a preocupação da autora face ao objecto de estudo, assumindo apenas os contributos teóricos como pressupostos e não como teorias para serem validadas. A premissa de que a teoria deve assumir uma função de comando, para a construção do conhecimento, é garantida com a pretensão de emergirem outras teorias ao colocar os sentimentos e interrogações na voz das mulheres que sofrem, para obter a descrição de uma realidade que agora se apresenta, tão perturbadora que invalida a pessoa de ser ela própria.
Como já sublinhamos, o presente trabalho insere-se numa lógica de pro-blematizar o fenómeno vivenciado, que consiste em dar uma contribuição inovadora ao centrá-lo na clarificação e no despertar dos olhares de profissio-nais de saúde e familiares. Deslocar a centralidade do esquecimento e de uma resolução apenas pela técnica, para uma solução centrada na escuta, ajuda e compreensão.
Apoia e problematiza a auto imagem que interage na relação consigo e com os outros. Faz referência ao corpo como principal elo da problemática, pois é pelo seu corpo que expressam o sofrimento. Na perspectiva da autora a enfermagem assume, neste estudo, uma referência particular, pois está numa posição única para articular este corpo social sensível e pleno de capacidades. Todavia, nesta situação, não pretende que seja apenas nele, mas através dele que os enfermeiros materializem os cuidados.
Contextualiza a mulher como pessoa social, sensível, incorporada num mundo de relações, preocupações e significados, que só na sua expressão individual e sentida, assume uma verdadeira preocupação e o eixo estruturante, que se constitui como motivos para responder à questão central: - Como vivenciam as mulheres a Incontinência Urinária? E, de uma forma mais debelada, as respostas vem ao encontro de outras questões que de forma implícita exigiram reflexão: - Que saberes profissionais usam os enfermeiros?
Que interacções sociais são desenvolvidas nos contextos de trabalho, pelos grupos profissionais que devem o seu prestígio e estrato social a uma educação de nível superior? Pois, o saber profissional dependente da articulação, teoria/prática, de aprendizagens adquiridas, mas que nem sempre é bem conseguido…
As reflexões a que a obra se propõe inscrevem-se na lógica de dar uma contribuição inovadora para um melhor conhecimento sobre o flagelo que pode ser, para a pessoa, a experiência de vivenciar uma situação de Incon-tinência Urinária; isto é, problematiza os sentimentos da mulher, que se revela sensível a um o apoio que não lhes tem sido oferecido, para a busca de soluções. Revela algumas fragilidades e constrangimentos que podem servir aos profissionais de saúde e familiares. Centra as soluções nas práticas, no ensino e na investigação.
Posiciona, assim, melhor não só os profissionais de saúde, pela via dum processo formativo e reflexivo, como também coloca os familiares numa situação de relação privilegiada, para comunicar ou posicionar-se de forma mais adequada tanto pela relação que estabelece, como para negociar estratégias que podem vir a resolver ou minimizar o sofrimento daquelas(es) a quem este flagelo vai a pouco e pouco, para além dos problemas de inte-gridade cutânea, destruindo a sua auto estima e a socialização.
Em suma, é uma obra de um interesse relevante que, pelo apelo à informação dos recursos disponíveis e compreensão, pode vir a ajudar aqueles que sofrem no silêncio e continuam a sacrificar a sua qualidade de vida!

Maria Vitoria Parreira