Investigação em
Enfermagem nº 16

Agosto 2007

 

EDITORIAL
Apesar da contestação de diversos sectores relacionados com o ensino superior (docentes, estudantes, sindicatos, partidos da oposição, etc.), o novo “Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior” (RJIES) foi aprovado na Assembleia da República pela maioria socialista, durante o último mês de Julho de 2007. O RJIES, que teve diversas versões até ser aprovada, tendo sido ouvidos o Conselho de Reitores das Universidades de Portugal (CRUP), o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) e a Associação Patronal da Universidades Privadas, deixando de lado outros interlocutores como, por exemplo, os sindicatos, prevê um conjunto de alterações a nível da organização, autonomia e gestão das instituições do ensino superior (Universidades e Ensino Politécnico) que, segundo o Ministro Mariano Gago, rompem com interesses instalados.
Este regime integra-se na reforma do ensino superior que o actual governo pretende realizar de modo a permitir o desenvolvimento do País, e insere-se no movimento europeu de modernização de universidades e politécnicos para o desenvolvimento de sociedades e economias do conhecimento. Esta reforma, tal como preconizada pelo Programa do Governo, ficará concluída com a revisão dos estatutos de carreiras do ensino superior universitário e do ensino superior politécnico, bem como da carreira de investigação”. Portanto, estamos numa fase bastante agitada e confusa em termos do futuro do ensino superior, com perspectivas de mudanças a vários níveis. Será que este diploma e a respectiva regulamentação vai ter também influência nas unidades de investigação e no apoio financeiro previsto para projectos de investigação, nomeadamente, na área das ciências da saúde e no domínio da enfermagem? É sobre isso que vamos manter-nos atentos e, se possível, participar mais activamente nas próximas decisões. Portanto, mantenham-se vigilantes e participem!
Visto estarmos no verão, aproveitamos para vos desejar boas férias e boas leituras.

Arménio G. Cuz

 


 

AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS COMO REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO PARA PESQUISA EM ENFERMAGEM E SAÚDE

Ana Filipa Marques Vieira Cascais (1)
Jussara Gue Martini (2)
Paulo Jorge dos Santos Almeida (3)

 
Resumo
As Representações Sociais são uma metodologia de pesquisa qualitativa, que pretende compreender a inserção dos homens no mundo. Foi criada por Serge Moscovici, a partir de sua obra La Psychanalyse, son image son public, em 1961, inspirando-se nas Representações Colectivas de Durkhiem. As representações sociais são uma forma de conhecimento particular, que permitem a orientação das condutas e das comunicações entre os indivíduos.
Enquanto metodologia de pesquisa, as Representações Sociais norteiam-se pelos princípios básicos da pesquisa qualitativa, na medida em que procuram compreender e interpretar os fenómenos que se observam no quotidiano, expressando a realidade, explicando-a, justificando-a ou questionando-a.

 Palavras-chave: Representações Sociais, Pesquisa Qualitativa, Método de Investigação.

 (1) Licenciada em Enfermagem pela Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA) – Portugal; Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PEn) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – Brasil; Membro do Núcleo de Pesquisa e Estudos sobre o Quotidiano e Imaginário em Saúde (NUPEQUIS) do PEn/UFSC; Bolsista CAPES
(2) Licenciada em Enfermagem, Doutora em Educação, Docente do Departamento de Enfermagem da UFSC. Membro do NUPEQUIS.
(3) Licenciado em Enfermagem pela ESSUA – Portugal; Mestrando do PEn/UFSC – Brasil; Bolsista CAPES.

 


 


O PAPEL DO ENFERMEIRO EM CONTEXTO DOS CUIDADOS DOMICILIÁRIOS: REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA

Susana Filomena Cardoso Duarte (*)

Resumo
Componente, desde há séculos, das funções do enfermeiro, cuidar de doentes no domicilio, apresenta na actualidade, modificações profundas nomeadamente na complexidade das situações cuidadas, na gravidade dos doentes e na necessidade de equipas multidisciplinares que apoiem estas situações o que, a somar ao tendencial aumento de indivíduos a serem cuidados em casa parece traduzir-se na necessidade de reequacionar o papel do enfermeiro neste contexto especifico de cuidados. Este artigo constitui o resumo de Revisão Sistemática da literatura efectuado em estudos publicados entre Junho de 2002 e Abril de 2006, com o objectivo de identificar os elementos essenciais que concorrem para a construção do papel do enfermeiro em contexto de cuidados domiciliários. Desta análise surge a importância de quatro dimensões que concorrem para a construção do papel do enfermeiro: as actividades que desenvolve, os conhecimentos que mobiliza, a estrutura e processo das relações que estabelece e os constrangimentos que enfrenta numa área complexa e em rápida transformação. Salienta-se, ainda a dificuldade em identificar as funções do enfermeiro e a permanência de estereótipos sobre o papel e conflito de papel entre o enfermeiro e restantes elementos da equipa de saúde.

 Palavras-chave: Cuidados domiciliários; papel do enfermeiro; cuidados continuados na comunidade.

 (1) RN, MD, Professora Adjunta na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.

 


 

VIVÊNCIAS E PERCEPÇÕES DO ESTÁGIO NOS ESTUDANTES DE ENFERMAGEM(1)

 

Manuel do Nascimento Silva Paulino (2)

Resumo
A fundamentação teórica que sustenta esta investigação começa por fazer uma breve resenha histórica do ensino de enfermagem e da sua evolução, do historial do estágio na enfermagem e por fim, das vivências e percepções do estágio, incidindo em aspectos como, o acolhimento e a integração do estudante nos serviços e instituições, a orientação, os problemas sócio-emocionais, a aprendizagem e os aspectos vocacionais. Com a realização deste estudo pretendeu-se identificar as vivências e percepções do estágio nos estudantes de enfermagem e compreender o tipo de influência dos dados sócio-demográficos e de alguns aspectos inerentes ao curso e ao estágio. Para a sua concretização procedeu-se a um estudo descritivo-correlacional, não experimental, transversal e analítico, com 304 alunos de enfermagem em contexto de estágio e o instrumento de colheita de dados utilizado foi o Inventário de Vivências e Percepções de Estágio de Caires e Almeida, adaptado aos estudantes de enfermagem.

Palavras-chave: Estágio; Vivências e percepções; Estudantes de enfermagem.

 (1) Artigo síntese da Dissertação de Mestrado em Sóciopsicologia da Saúde.
(2) Assistente do 2º Triénio na Escola Superior de Saúde da Guarda. Curso de Estudos Superiores Especializados em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria. Mestre em Sóciopsicologia da Saúde.

 


 

BURNOUT E COPING EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE

José Eusébio Palma Pacheco (1)
Saul Neves de Jesus (2)

 

Resumo
Este trabalho baseia-se na convicção de que o burnout pode interferir no bem-estar e na saúde. Neste sentido, foi delineada uma pesquisa de tipo exploratório e descritivo, tendo como objectivo identificar e analisar os factores de burnout, as estratégias de coping usadas pelos profissionais de saúde, e o estabelecimento de relações entre estas variáveis.
A amostra foi constituída por 357 profissionais de saúde de dois hospitais para o estudo. Previamente realizámos estudo de campo e uma revisão bibliográfica pertinente para esta temática, definindo um quadro teórico que permitiu estabelecer a metodologia seguida.
Verificaram-se os seguintes resultados:
- 23,8% apresenta altos níveis de exaustão emocional, 24,9% apresenta altos níveis de despersonalização e 39,2% apresenta altos níveis de realização pessoal;
- a exaustão emocional relaciona-se negativamente com o controlo e positivamente com o escape e a gestão de sintomas, pelo que quando a exaustão emocional aumenta o controlo diminui e o escape e a gestão de sintomas aumentam;
- a despersonalização relaciona-se negativamente com o controlo e positivamente com o escape e a gestão de sintomas, pelo que quando a despersonalização aumenta, o controlo diminui e o escape e a gestão de sintomas aumentam;
- a realização pessoal relaciona-se positivamente com o controlo pelo que quando aumenta a realização pessoal o controlo também aumenta.

 Palavras-chave: Burnout, exaustão emocional, despersonalização, realização pessoal e coping.

(1) Professor-Adjunto na Escola Superior de Saúde de Faro - UALG. Doutorado em Psicologia da Saúde.
(2) Professor Catedrático de Psicologia na Universidade do Algarve. Doutorado em Psicologia.

 


 

QUALIDADE DE VIDA DOS ENFERMEIROS

António Fernando da Silva Garrido (1)

Resumo
Este estudo, não experimental, transversal, correlacional de tipo quantitativo, analisa a qualidade de vida dos enfermeiros nas suas diversas dimensões e variáveis relacionadas.
Os dados foram obtidos, através da aplicação de um questionário aos enfermeiros de um Hospital da Região Centro, integrado no sector público administrativo e permitiram-nos concluir que:
a) os enfermeiros percepcionaram o seu estado de saúde como menos afectado ao nível do funcionamento físico e das limitações dos papéis por problemas emocionais;
b) a dimensão mais afectada foi, a limitação dos papéis por problemas físicos.
c) as mulheres inquiridas apresentam índices mais baixos de qualidade de vida, com diferenças estatisticamente significativas ao nível do funcionamento físico e social, saúde mental e vitalidade.
d) os enfermeiros dos serviços de urgência e consultas externas têm melhor qualidade de vida que os restantes.
e) os enfermeiros mais velhos apresentam melhor qualidade de vida ao nível da saúde mental e da limitação dos papéis por problemas emocionais, mas pior ao nível do funcionamento físico e percepção geral da saúde.
O estudo reforça a nossa convicção de que faz sentido analisar a qualidade de vida e a sua influência determinante nas práticas profissionais, com vista a uma melhoria global da prestação de cuidados de saúde aos cidadãos, desenvolvidos em organizações qualificantes.

 Palavras-chave: Qualidade de vida; Enfermeiros

 (1) Mestre em Supervisão. Docente na Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro

 


 

 
DEPRESSÃO NOS DESEMPREGADOS

Madalena Nunes (1)
Ana Tojal (2)
Carla Ferreira (2)
Celine Paiva (2)
Luisa Rodrigues (2)

 
Resumo
O desemprego pela sua dimensão quantitativa e pelas implicações na saúde, constitui um dos mais importantes temas da actualidade, razões que justificam investigar a existência de depressão nos desempregados.
Os resultados mostram que uma percentagem significativa de desempregados relata sintomatologia depressiva e que os indivíduos com traços de personalidade de predomínio neurótico são mais afectados.
Como factores protectores contra a ocorrência de depressão encontrámos o apoio social, a funcionalidade familiar, a maior idade e recursos sócio-económicos mais elevados.

Palavras-chave: Desemprego; Depressão; Personalidade; Funcionalidade familiar; Apoio social.

(1) Professora Adjunta da Escola Superior de Saúde de Viseu, Instituto Politécnico de Viseu
(2) Alunas do 4º ano, do 5º Curso de Licenciatura em Enfermagem da ESSViseu.

 


 


VIVÊNCIAS DO IDOSO NA SOCIEDADE ACTUAL CONTEXTOS E REALIDADES
Isabel Cristina Gomes Simões da Silva (1)
Maria Emília Teixeira Silva Moreira (2)
Paula Cristina Geraldo Borges (3)

 
Resumo
A concepção idílica de que as últimas décadas da vida poderão assemelhar-se a um período de serenidade comparável a um entardecer tranquilo, esta longe de corresponder à realidade da maioria das pessoas. O idoso passou de uma quase super valorização no passado e ainda hoje em certas sociedades tribais, para uma forte desvalorização. Para alem disso com as exigências da vida contemporânea, os idosos como que são colocados para segundo plano. Em virtude de todos os elementos deste grupo de trabalho, lidarem com idosos no seu dia a dia, privilegiámos esta temática, para pudermos compreender as vivências do idoso na sociedade actual.
Efectuámos um estudo descritivo e de carácter exploratório, no qual foi utilizado como técnica de recolha de informação a entrevista semi-estruturada. Os participantes no estudo, somam no total vinte e quatro, sendo que doze deles se encontram a residir numa instituição e os outros doze vivem no seu próprio domicilio. Dos achados obtidos salientamos que se verifica um maior apoio nos idosos domiciliados motivo pelo qual eles permanecem nas suas casas. Desta forma sentem-se menos desamparados já que podem contar com o apoio da família nuclear e alargada.

 Palavras-chave: Idoso, envelhecimento, domicílio, institucionalização, família, vivências.

(1) Licenciada em Enfermagem. Enfermeira no Serviço de Ortopedia D - Hospitais da Universidade de Coimbra
(2) Licenciada em Enfermagem. Enfermeira no Instituto Português de Sangue - Coimbra
(3) Licenciada em Enfermagem. Enfermeira no Centro de Saúde de Vila Nova de Famalicão.

 


 

 EXPERIÊNCIAS VIVIDAS PELAS FILHAS DE MULHERES A QUEM FOI DIAGNOSTICADO CANCRO DA MAMA

Adelino Manuel Granja Jesus Costa (1)
Carla Alexandra Ribeiro Silva (1)
Ana Lúcia Rosa (1)

Resumo
O presente estudo exploratório e descritivo, numa abordagem fenomenológica, visa descrever e analisar as experiências que as mulheres a cujas progenitoras foi diagnosticado Cancro da Mama. Com este estudo propomos esclarecer o conhecimento existente sobre tais vivências por forma a promover uma melhor abordagem destas utentes e sua família e o desenvolvimento de melhores Cuidados de Enfermagem nesta área.

Palavras-chave: Cancro da Mama; Mulheres; Fenomenologia.

(1) Enfermeiros. Hospitais da Universidade de Coimbra.