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DAR VIDA NO FIM DA VIDA

Ana Maria Neves Rocha
Enfermeira graduada do Serviço de Cuidados Paliativos e Medicina Interna do IPOCFGEPE

 

Na sociedade actual, o culto da eterna juventude é uma “ilusão” que a todos atrai, uma vez que a morte, cedo ou tarde, nos surpreende. Mas, a falibilidade da vida é algo inerente ao facto de estarmos vivos, pois a morte, tal como o nascimento é parte intrínseca da condição humana.

O crescente número de idosos, o aumento da cronicidade das doenças e da pluripatologia, a alteração do papel da mulher enquanto potencial cuidadora e que agora passa a ser trabalhadora activa com repercussões no insuficiente/inexistente suporte familiar para cuidar dos dependentes, o afastamento geográfico entre gerações e a proximidade da idade dos cuidadores e dos dependentes (hoje identificamos idosos a cuidar de idosos), as redes sociais e de vizinhança frágeis, a disfunção familiar e a falta de apoio concreto à família cuidadora direccionam, cada vez mais, a pessoa doente e dependente para a instituicionalização e hospitalização.