Investigação em
Enfermagem nº 17
Fevereiro 2008

Liderança em Enfermagem versus satisfação profissional

Rui Loureiro(1)
Manuela Ferreira(2)
João Duarte(3)

Resumo

Com este estudo procuramos dar um contributo não só para clarificar melhor a forma como a liderança se relaciona com a satisfação profissional, mas também abrir caminho a outros estudos nesta área: No estudo 1, dos enfermeiros – chefes dos Hospitais SA da zona centro que entraram no estudo, 62,3% apresentavam uma orientação para as relações humanas e 24,6% uma orientação para a tarefa. Somente 13,2% foram considerados  líderes intermédios. Quanto ao controlo e influência situacional, 65,8% referiam ter um controlo situacional alto, 0,9% um controlo situacional baixo e 33,3% descreviam o seu controlo situacional como moderado. Já no estudo 2, dos enfermeiros que entraram no estudo dos Hospitais SA da zona centro, 80% estavam satisfeitos com a supervisão e mais de 60% encontravam-se satisfeitos profissionalmente A insatisfação profissional é sentida principalmente na remuneração, na organização como um todo e na satisfação com as perspectivas de promoção. Do estudo 3 retivemos que não será tanto o estilo de liderança, ou orientado para a tarefa ou para as relações humanas, que influência a satisfação profissional dos enfermeiros e a sua satisfação com a supervisão, mas fundamentalmente o grau de controlo e influência situacional que o enfermeiro – chefe apresenta. Do estudo 4 concluímos que não existiam diferenças na satisfação com a supervisão entre enfermeiros dos Hospitais SA e os enfermeiros de uma maternidade pública. No que se referia a satisfação profissional encontrávamos diferenças estatísticas significativas ao nível da sub – variável satisfação com a organização e da sub – variável satisfação com os colegas do mesmo nível, sendo que era ao nível da maternidade pública que se encontrava uma maior satisfação.

Palavras-chave: Liderança; Satisfação profissional; Enfermagem; Gestão de recursos humanos.

(1) Professor, Assistente da Escola Superior de Saúde Jean Piaget de Viseu - Instituto Piaget
(2) Professora Coordenadora da Escola Superior de Saúde do Instituto Superior Politécnico de Viseu
(3) Professor Coordenador da Escola Superior de Saúde do Instituto Superior Politécnico de Viseu

 




Inventário de Sintomas de mal-estar relacionado com o trabalho (ISMERT) – um estudo prévio

 

Nuno Álvaro C. Murcho(1)
Saul Neves de Jesus(2)
José Eusébio da Palma Pacheco(3)

Resumo
Este estudo tem como objectivo a construção de uma escala de avaliação do mal-estar ocupacional, a denominar “inventário de sintomas de mal-estar relacionado com o trabalho (ISMERT)”. Para a determinação dos itens a incluir nesta escala, utilizou-se como metodologia a análise de conteúdo da informação colhida através da revisão sistemática de um conjunto de artigos e outras fontes bibliográficas publicados sobre esta temática (n = 21) e da aplicação de um questionário aberto a profissionais de diversas áreas (n = 32), e o critério de concordância entre juízes relativamente aos itens determinados, os quais foram agrupados nas seguintes categorias de sintomas: físicos; emocionais; cognitivos; e comportamentais.

Palavras-chave: Sintomas de mal-estar ocupacional; Escalas de avaliação; Análise de conteúdo; Revisão sistemática.

(1) Professor, Assistente da Escola Superior de Saúde Jean Piaget de Viseu - Instituto Piaget
(2) Professora Coordenadora da Escola Superior de Saúde do Instituto Superior Politécnico de Viseu
(3) Professor Coordenador da Escola Superior de Saúde do Instituto Superior Politécnico de Viseu




Adaptação para a língua portuguesa do Questionário KEZKAK: Instrumento de medida dos factores de stresse dos estudantes de enfermagem na prática clínica

 

Isabel Barroso(1);
Idalina Vilela(2);
Conceição Rainho(3);
Teresa Correia(4);
Cristina Antunes(5)

Resumo
O objectivo do presente estudo é adaptar para a língua portuguesa, de Portugal, o questionário KEZKAK. Na versão original é um questionário bilingue (Castelhano/ Basco), constituído por 41 itens, cujo objectivo é medir os factores de stresse que apresentam o  estudantes de enfermagem na prática clínica. Metodologia:
O questionário foi traduzido com a ajuda de peritos que falam fluentemente castelhano e posteriormente foi enviado para um dos autores para esclarecimento de alguns itens e autorização para a tradução sugerida. Aplicaram-se 330 questionários a estudantes do curso de licenciatura em enfermagem de quatro escolas de enfermagem do norte de Portugal. Discussão: O questionário traduzido apresenta elevada consistência interna (α de Cronbach = 0,93). A análise factorial evidenciou nove factores que têm uma boa consistência interna e explicam 65,54 % da variância total. Conclusão: O questionário KEZKAK, na versão traduzida para o português e em consonância com a versão original, é um instrumento útil para medir os factores de stresse dos estudantes de enfermagem na prática clínica.

Palavras-chave: Stresse; Escala; Stressores; Estudantes de enfermagem; Prática clínica.

(1) Enfermeira, Assistente na Escola Superior de Enfermagem de Vila Real/UTAD. E-mail: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
(2) Enfermeira, Professora Adjunta na Universidade Católica Portuguesa.
(3) Enfermeira, Professora Coordenadora na Escola Superior de Enfermagem de Vila Real/UTAD.
(4) Enfermeira, Professora Coordenadora na Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Bragança
(5) Psicóloga, Professora Adjunta na Escola Superior de Enfermagem de Vila Real/UTAD

 


 

 

A Relação de Ajuda como Factor de Penosidade Psíquica: Vivências dos Enfermeiros em Oncologia

Ana Cristina Marques Godinho Tavares (1)

Resumo
Este estudo de investigação teve como alvo de estudo, enfermeiros em exercício profissional em Oncologia, tendo como objectivo, conhecer a penosidade psíquica dos enfermeiros dos serviços de assistência ambulatória e dos serviços de internamento. O desenvolvimento deste estudo, apontou para uma abordagem, mista, exploratória, descritiva, analítica e transversal. A bibliografia consultada centra-se de 1986 a 2005.
Quanto aos resultados obtidos com este estudo, foi possível constatar que nos serviços de ambulatório e nos serviços de internamento, os factores de penosidade são similares:
No que concerne aos sentimentos no cuidar em oncologia, ressalvou maioritariamente a impotência, gratificação, esperança, angústia e reconhecimento.
Outro factor de penosidade foi a projecção e identificação das situações com o próprio, filhos e pais. Os enfermeiros deparam-se igualitariamente nos dois tipos de serviço, com o sofrimento do doente e familiares e com a necessidade de lhes dar apoio durante a evolução da doença. Confrontam-se com as dúvidas, medos e receios do cliente e familiares quando informados sobre o mau prognóstico ou recaída, com a dificuldade em cuidar de crianças e de lidar com a morte vivenciada ou não, enfrentando a morte em qualquer faixa etária


Palavras-chave: Ambulatório; Carga psíquica; Cuidar; Enfermagem; Internamento; Sentimentos.

(1) Enfermeira Graduada do Bloco Operatório do Instituto Português Oncologia de Francisco Gentil -Lisboa.

 


 

 

Percepção do estado de saúde e de qualidade de vida da família que coabita e cuida de um idoso dependente

Hugo Daniel Acúcio Garcia Salgueiro(1)

Resumo
A tendência actual e, concerteza, futura, é para um envelhecimento da população portuguesa. Aliada ao envelhecimento está uma diminuição progressiva da capacidade de adaptação às situações com que o idoso é confrontado no dia-a-dia, tornando-o num indivíduo mais vulnerável. Mais cedo ou mais tarde, a dependência acaba por surgir, sendo a família a instituição principal e primordial de apoio. Nesta perspectiva partimos para o nosso estudo com a seguinte questão: Qual é a percepção do estado de saúde e de qualidade de vida da família que coabita e cuida de um familiar idoso dependente?
É objectivo do nosso trabalho avaliar a percepção do estado de saúde e de qualidade de vida da família que coabita e cuida de um familiar idoso dependente. Estudo correlacional e transversal, sendo o processo de amostragem não probabilístico, por conveniência e intencional, obtivemos um total de 80 famílias, com 80 idosos dependentes e 143 cuidadores familiares. Aplicou-se uma ficha de avaliação do nível de dependência aos idosos. Aos familiares cuidadores foi aplicado um questionário sobre a sua percepção do estado de saúde e de qualidade de vida (MOS-SF36). A conclusão a que chegámos foi que o tipo de cuidador, o nível de dependência do idos e a idade do cuidador, vão influenciar a percepção do estado de saúde e de qualidade de vida dos cuidadores.

Palavras-chave: Envelhecimento; Dependência; Família cuidadora; Saúde e qualidade de vida dos cuidadores.

(1) Enfermeiro no Centro de Saúde de Arroiolos, Mestre em Psicogerontologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

 




Vivências comunicacionais de enfermeiros face ao doente com afasia

 

Tiago Reis(1);
Sandrina Bandeira(2);
Marisa Viseu(3);
João Graveto(4)

Resumo
O processo comunicacional é condicionado por inúmeras circunstâncias, sendo a afasia uma limitação ou, de certa forma, uma possível barreira para o decurso do mesmo, mas todo o desafio é aliciante e este é um dos quais em que a “recompensa” é inestimável. O objectivo desta investigação foi descrever as vivências comunicacionais sentidas por enfermeiros no serviço de Neurologia III dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) face ao doente com afasia. Para a realização da mesma, recorreu-se à metodologia qualitativa de cariz fenomenológico. Utilizou-se como modo de abordagem a entrevista semi-estruturada e como instrumento de colheita de informação o guião de entrevista e o gravador áudio.
A análise das entrevistas foi efectuada com o software NUDIST (Non-numerical Unstructured Data Indexing Searching Theorizing). Desta análise evidenciaram-se seis áreas temáticas: (Dis)Sintonia Comunicacional, Estratégias de Interacção, Atitudes Referidas, Sentimentos Comunicacionais, Centrar a Dificuldade Comunicacional e Facilidade Comunicacional.
Os achados desta investigação revelaram importantes contributos para a prática de enfermagem, no que diz respeito à reflexão de vivências de enfermeiros face ao doente com afasia.

Palavras-chave: Vivências comunicacionais; Pessoa com afasia; Interacção enfermeiro/doente

(1) Enfermeiro Nível I dos Hospitais da Universidade de Coimbra
(2) Enfermeira Nível I dos Hospitais da Universidade de Coimbra
(3) Enfermeira Nível I do Centro Hospitalar de Coimbra
(4) Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação, Mestre em Toxicodependência e Patologias Psicossociais – ISMT – Coimbra. Doutor em Desarrollo y Intervención Psicológica – Universidad de Extremadura – Badajoz, Professor Adjunto na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra.

 




Úlceras de Pressão: Factores de risco prevalentes para além da Escala de Norton

 

António Jerónimo (1),
Fabíola Figueiredo (2),
José Luís Nina(3),
Licínia Martins(4),
Pedro Gonçalves(2),
Zelinda Bem-Haja(5

 
Resumo

O presente artigo trata-se de um estudo epidemiológico, retrospectivo e analítico, tipo caso-controlo, o qual tem como principal objectivo identificar os factores de risco (intrínsecos e/ou extrínsecos) acrescidos para o aparecimento de úlceras de pressão, para além dos considerados na Escala de Norton. O tratamento e análise dos dados foram realizados através de software informático (SPSS 11.0), no qual foi possível calcular os odds ratio. Deste modo, na área da prevenção de úlceras de pressão, para além dos factores mencionados na Escala de Norton, os Enfermeiros devem ter em atenção outros factores, nomeadamente, a Hipertensão Arterial Diastólica; o aumento da temperatura corporal acima dos 37ºC; a hipocaliémia; a hipoproteinémia; o aumento da fosfatase alcalina, da GGT e da Creatinina Kinasa; a hipohemoglobinémia; a presença de Diabetes Mellitus; a corticoterapia e a  presença de défices sensório-motores. Assim, tendo-se conhecimento do conjunto destes factores é possível planear melhor as  intervenções para a prevenção de úlceras de pressão.

Palavras-chave: Úlceras de Pressão, Escala de Norton, Factores de Risco

(1) Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação no Serviço de Neurocirurgia 1 dos HUC
(2) Enfermeiros de Nível 1 do Serviço de Neurocirurgia 1 dos HUC
(3) Enfermeiro Chefe do Serviço de Neurocirurgia 1 dos HUC
(4) Enfermeiro Graduada do Serviço de Cirurgia Vascular dos HUC
(5) Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica no Serviço de Neurocirurgia 1 dos HUC

 


 

As tendências na diversidade sócio-cultural dos enfermeiros: o olhar da população

Belinda Marques(1);
Dulce Mendes(2);
Marcelo Alves(3);
 Raquel Ramos(4);
António Luís Carvalho(5)

Resumo
O contacto com diferentes realidades culturais tornou pertinente realizar um estudo que permitisse responder à questão central: “Que representações sociais possui a população em geral dos enfermeiros, tendo em conta aspectos culturais?”
De uma forma geral, este estudo permitiu-nos constatar que o uso de piercing, tatuagem e determinado tipo de penteado por uma enfermeira, para a maioria da população em geral inquirida, é indiferente quanto às competências de responsabilidade, relacionamento, credibilidade e aceitação dos cuidados dessa profissional de saúde.

Palavras-chave: Imagem; Competências do Enfermeiro; Representações sociais.

(1) Enfermeira licenciada pela Escola Superior de Enfermagem D. Ana Guedes
(2) Enfermeira licenciada pela Escola Superior de Enfermagem D. Ana Guedes
(3) Enfermeiro licenciado pela Escola Superior de Enfermagem D. Ana Guedes
(4) Enfermeira licenciada pela Escola Superior de Enfermagem D. Ana Guedes
(5) Professor Coordenador na Escola Superior de Enfermagem do Porto, PhD