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SUMÁRIO

  • O ESTIGMA E A DOENÇA MENTAL
  • O ENFERMEIRO NO DESPORTO
  • AUTOCUIDADO: UMA ANÁLISE DE CONCEITO
  • O cuidador e a pessoa submetida a artroplastia total do joelho: Recuperar em família
  • Fim de vida: considerações ética
  • Uso do protocolo Spikes como Guia Geral na Transmissão de Más Notícias.
  • Capacitação Familiar: Plano de Intervenção Comunitária
  • Promoção de estilos de vida saudáveis em idade pré-escolar: Alimentação e exercício físico
  • Avaliação dos Pés dos Utente diabéticos vigiados na USF Famalicão I
  • EMPODERAMENTO DA PESSOA COM DIABETES TIPO 2. ABORDAGEM REFLEXIVA NA ENFERMAGEM COMUNITÁRIA
  • SOROTERAPIA ENDOVENOSA EM ADULTOS VÍTIMAS DE TRAUMA: QUANDO, QUANTO, O QUÊ E COMO?

 

EDITORIAL

Nos últimos tempos tenho utilizado este espaço chamando a atenção para a falta de enfermeiros nos serviços, quer hospitalares quer comunitários. O primeiro teve origem no célebre discurso, do também célebre político, que incentivava a emigração. Nesse tempo como agora a questão continua a colocar-se, com graves repercussões na saúde das populações.   Entretanto tem-se ouvido falar de que o problema do desemprego dos enfermeiros, que obriga à emigração, está no excesso de oferta ao mercado e muitos colegas sustentam a ideia acusando as escolas de serem as responsáveis por esse excesso.
Vamos aos factos. As estatísticas da OCDE referem um número de 5.6 enfermeiros (registados na OE) por mil habitantes, mas quando se retiram os emigrados, que mantém o registo, e se retiram os reformados verifica-se que esse número cai para menos de 4 enfermeiros por mil habitantes. Quando se se fala em médicos por mil habitantes esse número é de cerca de 3.2 por cada mil habitantes. Estes números sugerem que para cada médico existem 1.3 enfermeiros, o que significa que existem médicos demais ou enfermeiros de menos. Quando olhamos para os números do norte da europa e comparamos o que é comparável verificamos que o número de enfermeiros por mil habitantes chega a 14 por mil e o número de médicos ronda os 3 por mil. Quando se compara agora o que se gasta, verifica-se que em Portugal cerca de 30% dos gastos do SNS são em medicamentos ao contrário dos países do norte onde esse valor não ultrapassa os 10%. Nota-se por isso o que se privilegia em cada um dos sistemas.
Apesar de tudo isto, todos os dias ouvimos falar da falta de médicos e até se fala em contratar médicos reformados.
De uma vez por todas vamos afirmar que existem médicos demais no sistema. Não faz sentido que em certas USF existam mais médicos do que enfermeiros, ou que em serviços de internamento algumas equipas médicas tenham mais médicos do que doentes e do que enfermeiros. Poderão dizer, mas os médicos não atendem só os doentes internados. E isso é verdade, mas então significa que é toda a organização que está mal. Porque encontramos médicos que estão ao mesmo tempo de serviço à urgência e a operar cirurgia eletiva, porque se continuam a ocupar médicos hospitalares em consultas externas que mais não são do que momentos para renovar a prescrição em doentes crónicos. Será que isto não poderia ser realizado com vantagem por equipas pluriprofissionais de base local ou comunitária? Não teria esta dimensão do cuidado maior efetividade evitando as idas às urgências e às consultas muito mais caras no hospital?
Será então um problema de oferta ou antes um problema de má utilização de recursos disponíveis no mercado e que se utilizados e maximizadas as suas competências possibilitariam com certeza um sistema de saúde mais próximo dos cidadãos e mais eficiente.

António Fernando S. Amaral, Enfermeiro
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