DOWNLOAD DA REVISTA

- A pandemia e os novos (velhos?) desafios
- Enfermagem de saúde comunitária e saúde pública: conhecimento e competências do enfermeiro especialista
- Necessidades do cuidador informal de crianças com doença oncológica terminal, no domicílio
- Cuidar de uma pessoa portadora de doença mental num contexto de emergência psiquiátrica
- Prevenção de úlceras por pressão associadas à ventilação não invasiva - intervenções de enfermagem no serviço de urgência
- Produtos de apoio à cinesiterapia respiratória - Uma (re)visão do Enfermeiro especialista em Enfermagem de reabilitação do serviço de Medicina Física de Reabilitação do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra
- Estado nutricional de crianças em idade pré-escolar
- Integração de dados: a importância das taxonomias e ontologias em enfermagem

EDITORIAL
O ano de 2020 e o inicio de 2021 trouxe novamente à evidência a imprescindibilidade dos enfermeiros no sistema de saúde, aos vários níveis da prevenção até às áreas de maior complexidade técnica.
Em 2012 num estudo realizado em 4 hospitais da região centro já se evidenciava a falta de enfermeiros no sistema, manifestado pelas poucas horas de cuidados que eram dispensadas aos doentes em cada 24h. Nessa altura e posteriormente no jornal público tive ocasião de escrever que o direito universal a cuidados, consagrado na constituição portuguesa, não estava a ser cabalmente cumprido, porque as pessoas não estavam a ter acesso a cuidados de enfermagem em condições de obter resultados no seu bem-estar.
Na altura escrevia eu: “Não é por acaso que os países mais desenvolvidos do norte da Europa estão a aceitar enfermeiros estrangeiros para fazer face a uma escassez crónica destes profissionais, que todos os países enfrentam, agudizada nos últimos anos pelo envelhecimento das populações com o aumento concomitante das doenças crónico-degenerativas e, portanto, com maiores necessidades de cuidados de enfermagem seja numa base comunitária seja numa base hospitalar. Dizer também que esses países apostam nos enfermeiros e em dotações adequadas, porque já identificaram que esse investimento é efetivo, reduz os acidentes como quedas, reduz as infeções, reduz a mortalidade, reduz os reinternamentos, diminui os tempos de internamento, aumenta a satisfação dos doentes e dos profissionais e por isso tem um retorno elevado do investimento”.
Na altura vivia-se um tempo de forte contensão económica e, como é habitual, a tendência era de fazer cortes nas políticas sociais e consequente desinvestimento nos sistemas de saúde. Quando isto ocorre o corte no número de enfermeiros tem sido a estratégia privilegiada de contenção económica, dado muitos decisores e administradores, não percebendo a forma como os enfermeiros produzem valor, ou não valorizando o valor produzido pelos enfermeiros, os colocam na primeira linha da contenção para obter uma diminuição imediata da despesa, ignorando as repercussões dessa medida no curto e médio prazos.
O que a pandemia nos mostrou foi o erro deste tipo de políticas. Não tínhamos enfermeiros no sistema e foi necessário encontrar formas de recrutamento rápido. Esperamos que no futuro, as políticas de recursos humanos na saúde, tenham em conta o papel decisivo que os enfermeiros têm na criação de valor e efetividade nos cuidados de saúde, não apenas em situações como a que estamos a viver, mas no dia a dia. Os cuidados de enfermagem são investimento, até porque os doentes só são internados porque necessitam de cuidados de enfermagem, portanto se quisermos ter um Serviço Nacional De Saúde eficiente é necessário investir em cuidados de enfermagem, porque grande parte do desperdício está no que não é feito, no que é omitido por falta de recursos.

António Fernando S. Amaral, Enfermeiro
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