Investigação em
Enfermagem nº 7

Agosto 2003

EDITORIAL

É assídua, neste número ia deixando de ser pontual, mas sempre saiu a tempo. Regular mas espaçada, só nos visita de seis em seis meses. Vai no número sete, entrou no quarto ano quase sem se dar por isso. Quarenta e nove artigos publicados. É essa a RIE, e este é mais um número.
As questões éticas de investigação são um tema central sobretudo quando se produz um número tão elevado de projectos de investigação, investigações até ao fim, como é o caso da nossa profissão, essencialmente nos contextos escolares.  Desde os direitos dos sujeitos da investigação à deontologia do investigador, tudo necessita de ponderação e debate clarificador. A interiorização da noção de que não “vale tudo” é de grande importância em contextos de forte pressão social, profissional, de grande competitividade. O facilitismo e o aligeirar de procedimentos poderão ser a primeira tendência em palcos de massificação. Contrariamente a atitude mais assertiva, e eticamente correcta, será a intransigência com a fraude, o improviso e o plágio (sobre este assunto veja-se Nuno Grande em artigo publicado anteriormente na RIE).
A massificação da investigação, sobretudo em contextos escolares, tem de se compatibilizar com os direitos dos utentes, sujeitos do processo. Se é certo que direitos éticos fundamentais são por norma assegurados, outros que, em primeira análise poderão ser encarados como de menos valia, tais como a incomodidade e o desconforto merecem, a nosso ver, maior atenção. Os utentes dos serviços estão em primeira análise para ser cuidados e tratados, e entendendo-se claramente que a investigação é essencial para um cuidar fundamentado, não se pode inverter as prioridades. Em algumas circunstâncias poderá acontecer a existência de mais potenciais investigadores do que sujeitos de investigação. A quantidade de instrumentos de investigação a circular em algumas unidades prestadoras de cuidados é, por vezes, em número ridiculamente elevado.
Neste número da RIE são publicados artigos provenientes do Porto, Bragança, Castelo Branco, Leiria, Coimbra e Lisboa, sobre temas que julgamos actuais, alguns com forte incidência prática. Na nossa opinião todos eles de grande interesse e valia, por isso os incluímos. Caberá ao leitor a sua apreciação em última instância.

Paulo Queirós