Gravidez de Risco e Desenvolvimento do Bebé
Autor: Ana Paula Camarneiro
Editora: Formasau
ISBN: 978-972-8485-80-1
Ano de edição: 2007
O estudo apresentado teve como finalidade conhecer os factores etiopatogénicos que se definem como factores de risco do desenvolvimento pós-natal dos bebés expostos a uma gravidez de risco médico, comparativamente com o desenvolvimento dos bebés que não estiveram expostos a qualquer patologia na gravidez.
Foi assim que delineamos como objectivos do estudo:
1- Avaliar o desenvolvimento mental dos bebés previamente expostos a uma de duas patologias gestacionais, a saber, Diabetes Gestacional e Hipertensão Arterial Induzida pela Gestação, em termos dos factores do desenvolvimento mental [quociente geral (QG); Idade Mental (IM)], comparativamente com os bebés gerados sem patologias associadas;
2 - Conhecer os aspectos relacionais existentes entre a mãe e o bebé, traduzidos pela percepção que a mãe tem do seu bebé e de si própria, enquanto mãe e mulher, e de eventuais manifestações sintomáticas apresentadas pelo bebé. Não tendo partido de hipóteses claramente definidas, colocamos sob a forma de questões os aspectos que pretendemos investigar:
O desenvolvimento mental dos bebés expostos a uma patologia obstétrica é diferente do dos bebés cuja gestação decorreu sem patologia?
O desenvolvimento mental dos bebés varia em função da patologia em causa, vivida no decurso da gravidez?
No desenvolvimento dos bebés é possível encontrar factores etiopatogénicos que se definam como factores de risco?
Será que os aspectos relacionais interagem com o desenvolvimento mental do bebé?
Para dar resposta a estas questões, procedemos à aplicação de um questionário às mães e à avaliação do desenvolvimento mental dos bebés através da escala de desenvolvimento mental de Griffits. Estas escalas têm sido utilizadas para identificar dificuldades, o mais precocemente possível, de modo a facultar alguma forma de intervenção para que os efeitos das alterações no desenvolvimento possam ser minorados.
Organizamos o trabalho em três partes principais, em que as duas primeiras são de enquadramento teórico e a terceira de exposição do trabalho de campo e apresentação das conclusões da investigação.
Na primeira parte partimos de uma fundamentação teórica acerca dos processos da gravidez e do nascimento, quer em situações em que a gravidez constitui uma fase do desenvolvimento psicológico da mulher, normativo, quer nas situações de risco em que vive uma situação crítica, porque patológica, dando especial importância a duas patologias médicas da gravidez, a Diabetes Gestacional e a Hipertensão Arterial Induzida pela Gestação. Abordamos também a relação estabelecida com o feto e as repercussões no seu desenvolvimento. Julgamos fundamental conhecer os aspectos ligados à gravidez normal, embora o nosso estudo se remeta para as situações de risco, na medida em que é a partir da compreensão desta que se podem conhecer os fenómenos psicopatológicos que, porventura, lhe estarão associados.
Na segunda parte, e com os mesmos pressupostos da anterior, discutimos a dinâmica relacional pós-natal e o desenvolvimento do bebé, tendo por finalidade compreender os aspectos do desenvolvimento psicológico do bebé no contexto interactivo e a sua relação com as expressões sintomáticas. Terminamos com uma compreensão do risco e da vulnerabilidade, conceitos em desenvolvimento desde os anos setenta e que se revestem actualmente de uma grande utilidade.
A terceira parte deste trabalho é constituída pelo estudo de campo. Dele consta a fundamentação e descrição do objectivo, a metodologia e materiais utilizados, a apresentação e leitura dos resultados obtidos e, finalmente, a sua discussão. Por último, são apresentadas as conclusões, que apesar de não perderem de vista a natureza exploratória do estudo, e tendo em conta as limitações decorrentes da representatividade da amostra, são necessariamente entendidas no universo a que pertencem, e sintetizam a compreensão pessoal que fizemos do assunto estudado, em conjunto com os resultados obtidos, cujo mérito foi, essencialmente, apontar possibilidades de redefinição desta mesma investigação e fornecer indicadores à prática clínica.