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Sinais Vitais nº 68 Setembro 2006 |
EDITORIAL
Acabaram as férias…
Este verão foi quente e mais uma vez os incêndios flagelaram o nosso rectângulo à beira mar plantado.
Outros fogos, entretanto também surgiram, mas destes não há fotografias e o rescaldo está longe de estar concluído havendo mesmo a possibilidade de alguns reacendimentos.
No âmbito da saúde o encerramento das maternidades parece ser um dos casos de reacendimento sempre que um presidente de câmara se lembra que, mais importante do que a garantia da saúde das mulheres e das crianças estão os interesses políticos e a garantia dos seus postos de trabalho.
Qualquer presidente de câmara tem por sonho ter no seu concelho um grande hospital, de preferência com todas as valências, de preferência altamente tecnológico e, se possível uma universidade ou no mínimo um instituto politécnico. Ora como é bom de ver, sendo legítimo este interesse, não nos parece muito racional o cumprimento desse desejo. Os interesses do país devem estar acima dos interesses e desejos locais, por isso os governantes têm que o ser muito para além da satisfação dos interesses daqueles que fazem parte das clientelas dos partidos que os suportam.
Outro incêndio que parece despertar no pós férias tem a ver com o acordo estabelecido entre o governo e a Associação Nacional de Farmácias. Ao que parece, estabeleceu-se como contrapartida à perda do monopólio da venda de medicamentos nas farmácias a possibilidade destas poderem prestar às populações outro tipo de cuidados de saúde. Esta possibilidade veio acordar uma entidade que nos parece fundamental no sistema de saúde, que é a Entidade Reguladora da Saúde que ao tomar conhecimento deste acordo o veio denunciar dizendo, e bem, que a prestação de cuidados de saúde deve ser feita por técnicos credenciados para o efeito, nomeadamente médicos e enfermeiros, técnicos esses que não se encontram nesses estabelecimentos. Saudamos a intervenção da ERS neste aspecto e esperamos vê-la a intervir mais em tudo o que puser em causa a qualidade da prestação de cuidados de saúde e o direito dos cidadãos a serem cuidados pelos técnicos indicados pelo seu mandato social e não por outros quaisquer. Pensamos que esta é uma questão que tem a ver com direitos das pessoas e não com quaisquer interesses corporativos.
Ficamos à espera.
António Amaral
ENTREVISTA
Conversando Com o Enfermeiro Sérgio Gomes
Desde Maio de 2003 na Direcção-Geral da Saúde e a colaborar na coordenação da Linha Saúde Pública (LSP).O Enfermeiro Sérgio Gomes natural de Caldas da Rainha, 48 anos, pai de 2 extraordinárias filhas, como faz questão de afirmar, é enfermeiro desde 1980, especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica, Mestre em Ciências de Enfermagem e licenciado em Administração de Serviços de Enfermagem.
Iniciou-se como Enfermeiro nos Hospitais Civis de Lisboa - Hospital de S. José (Serviço de Urgência) Em 1993, é nomeado Enfermeiro-Chefe do Hospital de Curry Cabral (HCC), onde é colocado no Serviço Medicina 2 – Mulheres (1993-1996). Foi a experiência neste serviço que, “num compromisso com a Direcção do Serviço de Enfermagem” permitiu desenvolver um conjunto de iniciativas que possibilitaram a realização de um trabalho percursor do quadro de referência de enfermagem do HCC bem como introduzir alterações, em particular, nos processos de gestão de enfermagem do HCC de que Destaca a criação do Quadro de Referências de Enfermagem, a aplicação do método de trabalho por responsável, a gestão de materiais de reposição por níveis centrada numa efectiva resposta às necessidades com adequação de stock’s, a auditoria dos registos, a formação orientada para resultados esperados, a definição ou actualização de normas e critérios para a prestação de cuidados de enfermagem, a aplicação de metodologia para cálculo de pessoal, a elaboração de protocolos, a realização de estudos de investigação sobre cuidados de enfermagem e custos dos recursos utilizados na prestação e respectiva publicação/divulgação.
Foi ainda, após concluir a Licenciatura de Administração dos Serviços de Enfermagem, Coordenador Pedagógico da Formação de Enfermagem do HCC, cargo que acumulou com a chefia da Unidade Dr. Alfredo Franco, unidade de Medicina e Infecciologia. Entre 1998 e 2002 foi adjunto do Enfermeiro Director e coordenou a área de Medicina e Infecciologia. Foi ainda, em regime de substituição, Enfermeiro Director do Hospital de Curry Cabral (Fevereiro a Maio de 2002).
O DOENTE CRÍTICO NA UNIDADE DE CUIDADOS PÓS-ANESTÉSICOS (U.C.P.A)
Autor: Ana Cristina Patricio Ciuro (Enfermeira graduada do HGO, SA, Responsável pela Unidade de Cuidados Pós-Anestésicos (U.C.P.A)
Resumo
Uma sala de recobro é um espaço fundamental dentro de um bloco operatório, tendo como finalidade restituir a estabilidade hemodinâmica de cada doente e poder evitar ou corrigir o aparecimento de complicações no período pós-operatório imediato.
A IMPORTÂNCIA DA ARTICULAÇÃO NO DOMÍNIO DA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE EM ENFERMAGEM DE SAÚDE MATERNA E OBSTÉTRICA.
Autores:
Maria Alice Gonçalves Araújo (Enfermeira Licenciada, Centro de Saúde de Barcelos, Extensão de Lijó)
Maria do Sameiro Ferreira Queirós Santos Silva Cunha (Enfermeira Licenciada, Serviço Obstetrícia, Hospital Santa Maria Maior, Barcelos)
Na actualidade, a Saúde não é encarada apenas como uma questão individual da pessoa doente ou noutra perspectiva, como se tratasse de uma relação exclusiva entre profissional de Saúde e doente. A Saúde, pela importância económica e social dos recursos envolvidos, é considerada um sistema que pressupõe diferentes níveis de intervenção ( da promoção da saúde aos cuidados paliativos). É necessário que os cuidados de Enfermagem hoje prestados, contribuam para o contínuo questionamento e avaliação da sua eficácia. A reflexão sobre a experiência desenvolveu-se como instrumento de aprendizagem, na educação profissional, para auxiliar a integrar a teoria e a prática (Schon,1991). Segundo este autor, é importante a reflexão em acção, tal como se reflecte sobre a actuação; obtendo assim, um esquema de adquirir conhecimentos a partir da prática, o que facilita a aprendizagem. Reflectindo na nossa prática, podemos identificar problemas e através de vontade, criatividade e coragem firme de operar mudanças reais, apresentar soluções mais adequadas às situações, participando na elaboração de projectos, é possível proporcionar melhores níveis de saúde globais. Para tal a pesquisa constitui um pré-requisito essencial para podermos elaborar práticas bem delineadas. « Actualmente, a pesquisa em Enfermagem, movimenta muito mais as metodologias mais favorecidas e reconhecidas pelos cientistas sociais do que as que são reconhecidas pelos cientistas naturais.» (Barrat Elaine, 1991,p.41) .
Palavras-chave
Articulação interinstitucional.
Autores
Ana Lídia Flores Ferreira (Enf. graduada, Pediatria, H. Dist. da Figueira da Foz)
António Pereira Santos Nunes (Enf. graduado, Ortopedia, Hospital Distrital da Figueira da Foz)
Cristina Isabel Murta Miguéns (Enfermeira especialista em Enfermagem de saúde infantil e pediátrica, Centro de Saúde da Pampilhosa da Serra)
Isabel Maria da Silva Teixeira (Enfermeira graduada, Pediatria, Hospital Distrital da Figueira da Foz)
Maria Marisa Gameiro Bernardes (Enfermeira graduada, Especialidades Cirúrgicas, Hospital Distrital da Figueira da Foz)
Resumo
Os objectivos da Educação para a Saúde devem ser formulados em termos de mudança nas áreas do conhecimento, da motivação e de comportamento.
A tarefa mais ambiciosa dentro de qualquer política de promoção da saúde, é a implementação de acções favoráveis a comportamentos saudáveis, podendo considerar-se um investimento rentável, provavelmente a longo prazo. Pretende-se, com os programas de Educação para a Saúde, a promoção desta e levar as pessoas, quer individualmente, quer enquanto grupo, a responsabilizarem-se em relação aos problemas de saúde.
Palavras-chave
Educação para a saúde
Motivação
Mudança
NEUTROPENIA
Autores
Sandra Cristina Carvalho Esteves (Bacharelato em Enf., Enfermeira Graduada, Serviço de Medicina 1 D, Hospital Geral de Santo António)
João Pedro Serra Mendes Bizarro (Licenciado em Teologia, Bacharel em Enf., Serviço de Medicina 1 D, Hospital Geral de Santo António – Porto até 2000, actualmente é Diácono na Diocese do Porto)
Resumo
É do conhecimento geral que a neutropenia pode ser causada por vários factores.Presentemente, temos a noção de que há doenças oncológicas, com potencial de cura através de quimioterapia intensiva ou não, mas como consequência o doente oncológico é submetido a uma carga psicológica e física, capaz de dissociar o todo bio-psico-social. Terá de ser bem conduzida a intervenção terapêutica, de forma a minimizar os efeitos secundários quer físicos, quer psicológicos. Surge-nos um senão, a potencialidade da toxicidade dos quimioterápicos, uma vez que estes não actuam exclusivamente sobre as células tumorais, acabando por alterar também células saudáveis do organismo e originar os chamados efeitos colaterais ou secundários referidos anteriormente. Estes efeitos fazem-se sentir em todos os tipos de quimioterapia, embora esta quanto mais intensiva for, mais intensos são os seus efeitos.Hoje é claro que, para potenciar as medidas de quimioterapia nesses doentes, é absolutamente necessário que o seu tratamento seja realizado em unidades próprias, com regras de isolamento invertido, alimentação especialmente cuidada e servida por pessoal especificamente treinado.Assim sendo, neste trabalho iremos referir a avaliação de Neutropenia, causas e tipo de neutropenia mais comum, o que se associa ao período pós tratamento com quimioterapia no tratamento do doente oncológico.Para o sucesso de todo um processo terapêutico, é crucial a intervenção de enfermagem, daí a prossecução deste trabalho numa linha de pensamento técnico, humano e social na actuação de enfermagem.Neste trabalho será abordado essencialmente a neutropenia iatrogénica, resultante de efeitos secundários dos tratamentos quimioterápicos.
Palavras-chave
Medula Óssea;
Quimioterapia e Toxicidade Quimioterápica;
Neutropenia febril;
Actuação de Enfermagem;
DOR: UM FÉNOMENO A REFLECTIR
EXPERIÊNCIA DE DOR NO ADULTO
Autores
Susana Castro, Albertina Marques, Gina Reis, Rosário Couto, Sónia Barros (Alunas do XI Mestrado em Ciências de Enfermagem do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar – Universidade do Porto)
Resumo
A Dor pela sua prevalência e potencial pode causar incapacidades e muito sofrimento, um verdadeiro problema de saúde pública, que justifica uma actuação planeada, organizada e validada cientificamente pela Direcção Geral de Saúde com a colaboração da Associação Portuguesa para o estudo da Dor, através da implementação do Plano Nacional de Luta contra a Dor, que define o modelo organizacional a desenvolver pelos serviços de saúde e orientações técnicas que promovam intervenções eficazes no alívio da Dor. (DGS, 2001)
A Dor como “5º sinal vital” com registo sistemático da intensidade da Dor implica que se definam modelos de organização nas instituições que promovam a abordagem da Dor como um direito do doente e simultaneamente um dever dos profissionais, revelando competência e ética profissional. A circular tem uma norma específica e regras de aplicação das escalas de avaliação da Dor preconizando o auto-relato como a principal fonte de informação para uma correcta avaliação da Dor.
Palavras-chave
Dor; adulto; instrumentos de avaliação.
MITOS E PRECONCEITOS SOBRE A DOR
Autores
Ana Maria Rodrigues (Hospital Curry Cabral)
Elsa Cristina P. Carvela (Hospital Curry Cabral)
Resumo
Este trabalho introduz uma temática muito em actual: a dor (uma das prioridades na Estratégia Nacional De Saúde) mas sob uma vertente pouco aludida: os mitos e preconceitos associados a esta. Estes influenciam o modo de percepcionarmos a realidade, deturpando as nossas acções que consideramos de ajuda e individualizadas.
Palavras-chave
Dor; Mitos; Preconceitos; Relação de ajuda.
A AVALIAÇÃO DA DOR NO IDOSO COM DEMÊNCIA
Autor
Katila Cidália Paulo Vasconcelos (Enfermeira Nível 1, Serviço de Medicina 2. 2., Hospital de São José, Centro Hospitalar de Lisboa)
Resumo
A dor como doença (dor crónica) ou como sintoma associado a uma doença, acarreta graves limitações funcionais e psicossociais para a vida do idoso.
É pois, com enorme preocupação que os enfermeiros têm acompanhado a questão da avaliação da dor nos idosos com demência, face à falência das escalas normalmente utilizadas na avaliação do doente adulto com dor.
O presente artigo foi elaborado com o objectivo de reflectir sobre a problemática da avaliação da dor no doente idoso com demência.
Palavras-chave
Envelhecimento, Demência; Dor; Avaliação de Dor
CUIDADOS PALIATIVOS À MULHER COM CANCRO DA MAMA
Autor
RESUMO
Esta narrativa experiencial surge no 3ºano do I Curso de Licenciatura em Enfermagem no âmbito da Unidade Curricular Projecto de Desenvolvimento Pessoal, no decorrer de uma reflexão orientada pela professora Fátima Luzio. Esta reflexão enquadra-se na minha área de interesse que é “Cuidados Paliativos à mulher com cancro da mama” e, foi durante vários estágios que contactei com esta realidade. Esta ensinou-me que são “os doentes que vão morrer”, que nos ensinam a viver! Nós não vivemos a vida... é ela que nos vive a nós porque estamos constantemente à procura do êxito, procuramos a felicidade sem saber onde a encontrar. Foi com estes doentes que a encontrei. Ela estava mesmo ao meu lado, nas pequenas coisas, nos momentos que até aqui pareciam insignificantes. Passei a dar mais valor à vida e aos outros.
Palavras-chave
Vivências; Cancro da mama; Cuidados paliativos; Cuidados continuados; Relação de ajuda; Cuidar.
TÉCNICAS DE COMUNICAÇÃO COM O DOENTE VENTILADO
Autores
Anabela Silva (Enf. graduada, Unidade de Pediatria do Hospital São Sebastião, Licenciada em Enfermagem)Ana Margarida Paiva Rodrigues Martinho (Enfermeira generalista, Unidade de Queimados dos HUC, Licenciada em Enfermagem)
Guida Ferreira (Enf. graduada, Bloco Operatório do Hospital São Sebastião, Licenciada em Enfermagem)Joana Isabel Jorge Serralheiro (Enf. graduada, Unidade de Cuidados Pós-Anestésicos do Bloco Operatório Central dos HUC, Licenciada em Enfermagem
Juliana Muxagata Paciência (Enf. generalista, Unidade de Cuidados Pós-Anestésicos do Bloco Operatório Central dos HUC, Licenciada em Enfermagem)
Resumo
A comunicação continua a ser um ponto crucial da prática de enfermagem, uma vez que constitui um componente essencial entre os enfermeiros e os doentes, bem como com a equipa multidisciplinar.A atitude do enfermeiro perante um doente com dificuldade em comunicar pode ser traduzida em determinados comportamentos quer verbais quer não verbais, que são passíveis de ser apreendidos e incorporados no repertório comportamental do enfermeiro, utilizando para o efeito técnicas cognitivo-comportamentais onde a dimensão da observação e reflexão estão a par da dimensão da acção e da prática.
Assim serão abordadas as expressões faciais, o toque, a linguagem gestual, a linguagem escrita e a visualização, como potenciais técnicas de comunicação.
Palavras-chave
Comunicação; Expressões faciais; Toque; Linguagem gestual; Linguagem escrita; Visualização.
A EXPERIÊNCIA DE SER CUIDADA NA SALA DE PARTOS
Autor
Emília Carvalho Coutinho (Escola Superior de Saúde de Viseu)
Resumo
A atitude da mulher face à maternidade é bastante variável, existindo contudo uma enorme carga de sentimentos e emoções, independentemente da sua exteriorização ou não, variando de acordo com o padrão de cada sociedade.
Com o desenrolar do trabalho de parto e parto, a parturiente pode libertar-se das dores do parto, mas não da experiência de as ter sentido, sendo determinante, contudo, o que os enfermeiros peritos podem fazer de diferente, (Benner, 1982), na forma como a pessoa vivencia esse sofrimento.
O enfermeiro encontra-se numa situação privilegiada quer para compreender a experiência do sofrimento (Benner e Wrubel, 1989), quer o significado que a parturiente imprime a essa experiência, devendo seleccionar estratégias apropriadas para lidar e controlar esse mesmo sofrimento (a relação terapêutica, o toque, a respiração, técnicas de relaxamento…).
Palavras-chave
Cuidar; Ser cuidada; Parturiente; Relação de ajuda.