Revista Sinais Vitais nº 95 Março de 2011 |
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SUMÁRIO
EDITORIAL
CIÊNCIA & TÉCNICA
A evoluir na enfermagem: a construção de um caminho profissional
Distanásia procurar a vida no seu final
Luto : um foco da prática de enfermagem de estomaterapia
Experiência de luto sem superação da perda... que intervenção?
Factores de risco vascular e avc nos idosos
Mobbing: quando a violência é mais que física
Adesão ao regime terapêutico do doente esquizofrénico
Atitude das grávidas face à sua sexualidade
Tumor do testículo: a importância do auto-exame
Síndrome dos edifícios doentes
EDITORIAL
A saúde das populações é cada vez mais o capital dos capitais, porquanto é através dela que cada euro gasto pode ser rentabilizado através da produção de bens e serviços que contribuem para a riqueza de um país. Nos últimos tempos este recado de Ricardo Jorge tem sido muito esquecido pelas políticas públicas que com um discurso que advoga a eficiência, mais não faz do que retirar ou diminuir a possibilidade dos cidadãos acederem a cuidados de qualidade aos quais têm direito e que sejam prestados por pessoal altamente qualificado.
Não advogamos o papel do estado como padrinho, pai, mãe, tio, avô e tudo o mais que seja capaz de a tudo dizer sim. Portanto não sinto que a actual geração seja uma geração parva (como diz a canção), porque não me parece lícito esperar que, a partir do momento em que se acaba uma licenciatura esteja garantido o emprego e de preferência no Estado.
Penso no entanto que não faz nenhum sentido existirem doentes a serem cuidados por pessoal não qualificado para o efeito, por haver uma falta grave de Enfermeiros no SNS e por outro lado os Licenciados em Enfermagem portugueses terem que emigrar para países onde os seus cuidados são o garante da qualidade de cuidados. E não se pense que são países subdesenvolvidos que os recrutam, não! São países com elevado grau de desenvolvimento social e até político como a Grã-Bretanha, a Suíça e os Estados Unidos. São países que já perceberam que a presença de enfermeiros em número adequado traz ganhos para o sistema e para os cidadãos e perceberam também que havendo países que formam esses enfermeiros com elevada qualidade lhes dá as garantias de que a qualidade da sua assistência não diminuirá.
Mas o que se passa entre nós que sabendo isto, não existe nenhuma manifestação à porta dos hospitais a reivindicar mais enfermeiros? Penso que a resposta é simples mas de alta complexidade. A construção da visão social de uma profissão resulta da percepção dos seus clientes acerca do valor que podem obter pelo serviço prestado. Ora no actual estado em que os recursos humanos da Enfermagem se encontram os doentes não se apercebem dos cuidados que lhes não são prestados, mas que deveriam sê-lo.
A visão social percebida fica então dominada pela actividade que os enfermeiros desempenham face às prescrições médicas, valorizando menos, por manifesta falta de recursos, aquelas que deveriam ser o seu core de intervenção, isto é aquelas que resultam da sua tomada de decisão e que se encontram dentro do âmbito do seu conhecimento disciplinar, o que garantiria uma diminuição da mortalidade, da demora média de internamento através da redução, por exemplo do número de úlceras de pressão, uma melhor preparação para o regresso a casa etc..
Colegas, temos que fazer ouvir a nossa voz em defesa dos que cuidamos. É fundamental mostrar ao mundo o que fazemos e o que as pessoas podem esperar de nós. É essencial que no nosso dia-a-dia tenhamos um papel de verdadeiros profissionais que acima de tudo valorizam e tudo fazem para que os seus clientes se apercebam da indispensabilidade dos seus cuidados e das vantagens que, para eles e para o país, podem advir desse incremento de valor, já que o capital dos capitais é a saúde das pessoas.
António Fernando Amaral, Enfermeiro
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EVOLUIR NA ENFERMAGEM: A CONSTRUÇÃO DE UM CAMINHO PROFISSIONAL
Sónia Maria Pereira de Azevedo Brandão
Mestre em Ciências de Enfermagem do Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade do Porto / Doutoranda em Ciências de Enfermagem
RESUMO
No desenvolvimento da Enfermagem como Ciência é fundamental a Investigação, de forma a obter uma base científica de conhecimentos e guiar a prática dos cuidados.
É necessário relacionar diferentes disciplinas, para atingir um objectivo comum, isto é, com a exploração de várias disciplinas, desenvolvem-se diferentes saberes, competências e metodologias, aumentando assim o conhecimento, o que contribui para o desenvolvimento profissional e para uma prática autónoma da profissão.
Palavras-Chave Investigação, Ciência, Autonomia
DISTANÁSIA: PROCURAR A VIDA NO SEU FINAL
Ana Natália Monteiro Vieira
Enfermeira licenciada a exercer funções no Hospital Padre Américo, Vale do Sousa – S.A., no Serviço de Cirurgia Geral
RESUMO
Ainda que discretamente, a distanásia pode tornar-se o maior risco dos progressos científico tecnológicos na área da saúde. Há que reconhecer esta tendência potencial evitando-a, mediante reflexões bioéticas sedimentadas nos direitos dos cidadãos, porque afinal é no caminho da Vida para o seu outro extremo que o respeito dos mesmos se configura como mais difícil.
Palavras-Chave Distanasia / Obstinação Terapêutica, Dignidade, Vida
LUTO UM FOCO DA PRÁTICA DE ENFERMAGEM DE ESTOMATERAPIA
Liliana Veloso Chaves
Licenciada em Enfermagem, Pós-Graduada em Enfermagem de Estomaterapia, Enfermeira no Serviço de Cirurgia Mulheres do Centro Hospitalar do Médio-Ave, EPE – Unidade de Famalicão
RESUMO
A perda é um facto invariável da vida e desencadeia o luto. Este último não é apenas uma consequência da morte, existindo vários factores precipitantes que de acordo com as características individuais de cada um, condicionam uma série de fases e etapas a vivenciar. A criação de um estoma gera um risco de luto, pelo que é essencial debater e reflectir sobre este fenómeno de enfermagem.
Palavras Chave: Apego; Vinculacao; Perda; Luto; Enfermagem de estomaterapia.
EXPERIÊNCIA DE LUTO SEM SUPERAÇÃO DA PERDA... QUE INTERVENÇÃO?
José Sílvio de Sousa Freitas
Licenciado em Enfermagem / Enfermeiro de nível I no Serviço de Urgência do Centro de Saúde da Calheta – Região Autónoma da Madeira
Susana Patrícia Franco Freitas
Licenciada em Enfermagem / Enfermeira de nivel I no Serviço de Urgência do Centro de Saúde da Ribeira Brava – Região Autónoma da Madeira
RESUMO
Viver o Luto/ Perda enquanto fenómeno complexo que é, de uma forma intensa, prolongada, mórbida, disfuncional, conduz a Pessoa destroçada pela Perda a permanecer numa única fase manifestando comportamentos não adaptativos, e consequentemente, a não resolução do luto, culminando num processo psico-social patológico. As Pessoas que vivenciam processos de luto patológico apresentam-se nos nossos serviços (urgências e consultas), nos dias imediatos ou até passados anos, com uma variedade de reacções psicológicas, comportamentais, sociais e físicas às perdas, que nos impelem para o desafio de intervir adequadamente.
Palavras-Chave Luto; Luto Patológico; Perda
FACTORES DE RISCO VASCULAR E AVC NOS IDOSOS
Hugo Daniel Salgueiro
Licenciado em Enfermagem a exercer funções no Centro de Saúde de Arraiolos, Mestre em Psicogerontologia
RESUMO
O número de pessoas com mais de 65 anos tem vindo a aumentar e tudo indica para que assim continue a acontecer. A acompanhar a longevidade do indivíduo, associam-se algumas patologias, entre elas o acidente vascular cerebral (AVC). Sabe-se que o AVC é hoje o responsável por um grande número de óbitos na população portuguesa e, sabe-se igualmente que existem factores de risco inerentes a esta patologia, alguns deles não se podem modificar, contudo outros são passíveis de actuação.
Palavras-Chave Idoso; AVC; Factores de Risco
MOBBING QUANDO A VIOLÊNCIA É MAIS QUE FÍSICA
António Pereira
Centro Hospitalar de Coimbra
RESUMO
Mobbing é definido como a violência pessoal, moral e psíquica que sofre todo o trabalhador, podendo ser de natureza vertical, horizontal ou ascendente. Estas situações humilhantes e constrangedoras são vivida de uma forma repetitiva e prolongada no exercício da sua função laboral, destruindo a sua auto-estima, segurança pessoal, rendimento profissional, relações interpessoais e familiares. Hoje em dia já se fala de mobbing na escola e no seio familiar. Os casos conhecidos são somente a ponta do iceberg pois é um fenómeno submerso e raramente denunciado pela vítima por receio de ulteriores repercussões.
Palavras Chave mobbing, violencia, assedio moral, agressor.
ADESÃO AO REGIME TERAPÊUUTICO DO DOENTE ESQUIZOFRÉNICO - DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
Marta Sofia Souto Silva
Aluna do 4º ano do CLE da Escola Superior de Enfermagem do Porto
José Carlos Marques de Carvalho
Professor Adjunto na Escola Superior de Enfermagem do Porto / Mestre em Psiquiatria e Saude Mental, Especialista em Enfermagem SMP
RESUMO
No contexto da Psiquiatria, a análise do foco adesão ao regime terapêutico do doente com esquizofrenia, é fundamental. Tendo em conta a agudização da sintomatologia e a recorrência dos internamentos, facilmente nos apercebemos de “falhas” ao nível da adesão e da falta de continuidade de cuidados.
O enfermeiro é um profissional qualificado para recolher dados que lhe permitam, delinear intervenções de Enfermagem, que visem dar resposta a diagnósticos de Enfermagem, como a não adesão ao regime terapêutico.
Palavras-Chave Esquizofrenia, Adesão, Regime Terapêutico, Psiquiatria
ATITUDE DAS GRÁVIDAS FACE À SUA SEXUALIDADE
Ana Luísa Gouveia Maciel
Enfermeira licenciada a exercer funções no Serviço de Urgência do Centro de Saúde da Calheta, Serviço Regional de Saude E.P.E., Madeira.
Ana Cristina Rodrigues Quintal
Enfermeira licenciada a exercer funções no Lar de Sta Isabel Funchal, Serviço Regional de Saúde E.P.E., Madeira.
RESUMO
A gravidez implica alterações na dimensão holística da mulher. A sexualidade é afectada porém pouco abordada. A nossa preocupação e interesse nesta temática conduziu-nos à realização deste estudo quantitativo descritivo de nível I, afim de conhecer a atitude das grávidas face à sua sexualidade.
Baseando-nos em Salleras Sanmarti (1985), Slepoj (1998), Bolander (1998), Borges & Cascais (2000), aplicámos o estudo a 33 grávidas da Valência de Planeamento Familiar e Saúde da Mulher do Centro de Saúde do Bom Jesus - Funchal.
Palavras-Chave Gravidez; Sexualidade; Atitude
TUMOR DO TESTÍCULO - A IMPORTÂNCIA DO AUTO-EXAME
Patrícia da Conceição Barbosa Ferreira
Enfermeira do serviço de Especialidades Cirúrgicas do Centro Hospitalar Médio Tejo, E.P.E. – Abrantes
RESUMO
Nas últimas décadas houve um grande avanço no tratamento dos tumores do testículo, devido principalmente aos novos esquemas quimioterápicos e ao refinamento da técnica cirúrgica, com menor morbilidade e mortalidade. Actualmente estes tumores são os mais frequentes em homens entre os 15 e 34 anos de idade. Os tumores do testículo têm uma elevada taxa de cura se o diagnóstico for precoce, e para tal em muito pode contribuir o auto-exame do testículo. Este é considerado de vital importância no aumento das possibilidades de sobrevivência e melhoria da qualidade de vida.
Palavras-Chave Tumor do testiculo; Diagnostico precoce; Auto-exame; Prognostico.
SÍNDROME DOS EDIFÍCIOS DOENTES
Isabel Maria Ribeiro Fernandes
Enfermeira Graduada no Instituto Português de Oncologia de Coimbra Francisco Gentil - EPE / Licenciatura em Enfermagem / Mestrado em Sociopsicologia da Saúde
RESUMO
Cada vez mais é reconhecida a importância do Ambiente na saúde de todos, uma vez que é muito abrangente e influencia significativamente o indivíduo, como ser vivo e social. As alterações no mesmo constituem um dos problemas actuais mais graves e de mais difícil resolução.
A questão da poluição global como o efeito de estufa, a diminuição da camada de ozono, as chuvas ácidas, a perda de biodiversidade, os dejectos lançados em rios e mares, etc., tem sido sentida com algum cuidado por parte das populações, uma vez que se trata de uma poluição cumulativa, manifestando-se efectivamente a longo prazo, merecendo uma atenção especial pelo mundo inteiro.
Nos termos específicos das condições de trabalho em locais fechados como escritórios, serviços de utilidade pública e hospitais, a qualidade do ar interior tem cada vez maior importância, dando-se especial ênfase à relação que se estabelece entre o ambiente de trabalho e o indivíduo, objectivando-se o maior conforto e bem-estar do mesmo e, consequentemente maior produtividade e satisfação profissional (SILVA, 1998).
Segue-se uma abordagem sobre a poluição atmosférica, com especial destaque para o Síndrome dos Edifícios Doentes, uma vez que se apresenta como um problema de saúde actual e com vista e evoluir, passando a exercer um papel determinante no estado de saúde ambiental das comunidades.
Palavras-Chave Ambiente; Poluição atmosférica; Síndrome dos Edifícios Doentes; Intervenções de Enfermagem