Índice do artigo

Revista Sinais Vitais nº 65

Julho 2009

 

 

sumário

editorial

O REFORÇO DA ENFERMAGEM PORTUGUESA

formação

A FORMAÇÃO PROFISSIONAL SINAIS VITAIS

actualidades

A FORMASAU TEM NOVAS INSTALAÇÕES

A GRIPE A - H1N1 - A PANDEMIA DO MEDO

ciência e técnica

ENFERMEIROS E FAMÍLIAS: ABORDAGEM SOBRE A ENFERMAGEM DE FAMÍLIA E O ENFERMEIRO (DE SAÚDE) DE FAMÍLIA

ciência e técnica

ANÁLISE DA ADEQUAÇÃO DO MODELO DE CALGARY DE AVALIAÇÃO FAMILIAR

ciência e técnica

RESILÊNCIA FAMILIAR: ESTUDO DE VIVÊNCIAS DE FAMILIARES DE PESSOAS COM DOENÇA ONCOLÓGICA EM FASE TERMINAL DE VIDA, EM CONTEXTO HOSPITALAR

ciência e técnica

DO OUTRO LADO DA PORTA... FALAR COM A FAMÍLIA NUMA UNIDADE DE CUIDADOS INTENSIVOS

ciência e técnica

A AUTONOMIA DO ENFERMEIRO DE FAMÍLIA NAS UNIDADES DE SAÚDE FAMILIAR -USF’S

ciência e técnica

IMPORTÂNCIA DA AVALIA ÇÃO DAS NECESIDADES DA FAMÍLIA DO DOENTE, PARA O DESENVOLVIMENTO DA PROFISSÃO DE ENFERMAGEM

formação

A FORMAÇÃO DE SUPERVISORES PARA A SUPERVISÃO EM ENSINO CLÍNICO

ciência e técnica

ENTREVISTA À FAMÍLIA EM QUINZE MINUTOS (OU MENOS)

 

EDITORIAL
Aconteceu a 23 de Julho a aprovação da proposta de lei que institui a primeira alteração ao Estatuto da Ordem dos Enfermeiros tendo sido aprovada por unanimidade dos partidos com assento na Assembleia da República. Esta decisão transforma este dia em algo muito significativo para a enfermagem portuguesa.

A alteração estatutária agora assumida pelo órgão de soberania Assembleia da República altera dois grandes aspectos: o da regulação profissional e o da orgânica, e papel do Conselho de Enfermagem.

No que respeita à regulação profissional o aspecto que gerou (e ainda gera) maior controvérsia prende-se com a implementação do Modelo de Desenvolvimento Profissional (MDP ) e a atribuição dos títulos profissionais de enfermeiro e de enfermeiro especialista. A profissão de enfermagem vai criar finalmente mecanismos de regulação, não se percebendo muito bem a preocupação de colegas docentes uma vez que esses mecanismos vão melhorar a qualidade dos cuidados de enfermagem.

Fica a ideia de persistirem dificuldades na aceitação das decisões das AG (órgão máximo da OE ) e de usarem de lobi para influenciar as decisões de uma profissão que não exercem. Mas será que o MDP proposto para ajudar a regular o exercício profissional dos enfermeiros não é necessário? No nosso ponto de vista não só é necessário como é urgente a sua implementação do MFP na medida em que é promotor da qualidade e segurança nos cuidados, dado que prevê:

a criação de um período de exercício • profissional tutelado (EPT) que assegura o acompanhamento da prática clínica dos enfermeiros em início de actividade com vista à consolidação de competências, favorecendo a vinculação à profissão e à natureza dos cuidados.

• responsabilizar os gestores organizacionais (enfermeiros directores, supervisores e chefes) para a certificação da aptidão dos supervisores clínicos e o envolvimento das equipas de enfermagem na concretização das condições de certificação de idoneidade dos serviços;

• cuidados de enfermagem tendencialmente especializados.

A necessidade dos enfermeiros se manterem actualizados e atentos às evidências científicas garantindo aos cidadãos qualidade no exercício clínico é uma mais-valia pela oportunidade de desenvolvimento integrado da profissão e da disciplina de Enfermagem.

Não será isto suficiente para concordarmos com a alteração do Estatuto agora aprovada?

As alterações do estatuto não acontecem apenas a nível do artigo 7º, também há várias alterações na constituição e nas competências do Conselho de Enfermagem (artigo 30º). Assim, no futuro, este órgão (dos mais importantes da profissão) vai ter a possibilidade de desenvolver o projecto com que se candidata, uma vez que é eleito como órgão e não constituído depois das eleições pelos presidentes das Comissões de Especialidade, como até agora.

Esta mudança era urgente para bem da área técnica da profissão. As comissões de especialidade são substituídas colégios de especialidade, com eleição directa e com competências definidas. Estas alterações permitem uma modificação estratégica no funcionamento deste órgão e da própria Ordem.

É bom saber desta decisão da Assembleia da República uma vez que ela reforça a consistência da profissão.

A Revista Sinais Vitais nº 85 dedica grande parte do seu conteúdo à Enfermagem de Saúde da Família.

Nas Metas de Saúde XXI a Organização Mundial de Saúde refere, na meta 15, que em relação aos Cuidados de Saúde Primários no centro deve estar uma enfermeira de saúde familiar que proporcione a um número limitado de famílias um amplo leque de aconselhamento sobre estilos de vida, apoio familiar e cuidados no domicílio…
As alterações que estão a ocorrer nos Cuidados deSaúde Primários no nosso País com a criação de Unidades de saúde familiar (US F); Unidades de cuidados de saúde personalizados (UCSP ) e Unidades de cuidados na comunidade (UCC ) são, por excelência campos de intervenção para os profissionais de enfermagem aplicarem os seus conhecimentos acrescidos para o trabalho com famílias, e estes precisam, de facto, de ser considerados uma prioridade por todos os que se envolvem na educação e formação em enfermagem, como é referido no documento produzido pela missão dos cuidados de saúde primários.
Os enfermeiros para trabalhar com as famílias têm que ter delas um conhecimento aprofundado bem como da interacção entre os diversos elementos da família, pelo que esta área deve ser integrada nos planos de formação inicial e contínua dos enfermeiros.
Os artigos agora publicados nesta revista apenas pretendem ser mais um contributo para uma melhor resposta dos enfermeiros aos diferentes níveis de cuidados, que não só ao nível dos cuidados de saúde primários.

Boas leituras.

 


A FORMASAU TEM NOVAS INSTALAÇÕES
No dia 10 de Julho a Formasau, Lda., editora da Revista Sinais Vitais, inaugurou novas instalações no Parque Empresarial de Eiras, em Coimbra. O espaço conta com duas salas para formação, que podem ser transformadas em auditório com capacidade para 100 pessoas, espaço destinado a livraria, secretariado e gabinetes de trabalho, sala de reuniões e espaço de armazenamento de livros e revistas. A concretização deste projecto era um dos objectivos estratégicos do grupo de sócios da Formasau.

Participaram na cerimónia de inauguração o presidente do Município, Dr. Carlos Encarnação, representantes das instituições de saúde e de formação, colaboradores da empresa, fornecedores de serviços, sócios, familiares e muitos assinantes da revista e amigos.

O Enfermeiro Carlos Margato, um dos sócios gerentes aproveitou para agradecer aos munícipes, na pessoa do seu presidente Dr. Carlos Encarnação a oportunidade e a confiança depositada no projecto, que aliás, pode ser determinante na continuidade dos desígnios da Formasau. Trata-se a nosso ver de apoios e alavancas importantes para captar investimento para a cidade e consequentemente emprego e trabalho qualificado. Salientou ainda a carência de infra-estruturas adequadas na cidade de Coimbra para a realização de grades congressos, aspecto importante para a concretização dos objectivos da empresa. Agradeceu ainda a todos os colaboradores, fornecedores, assinantes, familiares e amigos o muito que têm contribuído para o cumprimento da missão da Formasau. Salientou que uma empresa constrói-se com objectivos, estratégias valores, mas as pessoas que nela trabalham são as mais-valias das empresas, “por isso um cumprimento particular aos nossos colaboradores permanentes e ocasionais, espalhados por todo o País”.

Adiantou também na sua alocução que o espaço, o ambiente as condições físicas podem ser capitalizadas para o bem-estar das pessoas e para a sua motivação o que predispõem ao envolvimento no trabalho e ao desenvolvimento do projecto onde se inserem. Assim espera-se que esta fase de transição proporcione a todos, funcionários, sócios e colaboradores a força necessária para a continuidade do projecto com a redefinição necessária.

A enfermagem é uma disciplina que contribui para a promoção da saúde, a prevenção da doença e durante a doença facilitar os processos adaptativos necessários à aceitação e gestão da doença pelas pessoas e suas famílias, a prevenção de complicações bem como capacitando cada pessoa com conhecimento necessário para gerir o seu projecto de saúde. Este projecto da Formasau tem acima de tudo um valor social: pretende contribuir, de forma indirecta para melhorar os níveis de saúde. Só a actualização científica permanente capacita os profissionais para antecipar as necessidades das pessoas em cuidados de saúde proporcionado as melhores respostas.

Alertou ainda para a missão que a Formasau persegue desde há 15 anos, quando encetou este projecto que passa por: divulgar conhecimento produzido pelos enfermeiros portugueses e procurar novos caminhos na formação dos profissionais de saúde e em particular dos enfermeiros.

Assim, explicitou alguns factos:
Em termos da Formação profissional é de salientar que temos dirigido a nossa atenção para a formação pós-graduada dos licenciados em enfermagem, organizando-se para responder com qualidade às necessidades e expectativas dos nossos formandos, dos Enfermeiros realizando Cursos e Congressos de Norte a Sul do País, incluindo Açores e Madeira. Congressos em V. Real de TM, em Braga, Porto, Coimbra, Lisboa, Santarém, em S. Miguel e no Funchal e Cursos, sistematicamente em Lisboa, Porto e Coimbra e nas capitais de distrito com menos frequência.

O último ano realizou 80 acções, em 10 cursos e 4 Congressos, num total de 4132 participantes. Isto para salientar que já participaram nas nossas actividades de formação nestes 15 anos cerca de 45.000 enfermeiros.

Para manter um determinado padrão de qualidade temos que ter rigor e método no que fazemos, para tal a Formasau é acreditada para realizar formação desde 1997, por diversas entidades (INOFOR, agora pela Direcção Geral Emprego e das Relações do Trabalho – DGERT).

Em termos editoriais a Revista Sinais Vitais edita-se regularmente cada dois meses. Durante estes quinze anos editámos cerca de 1000 artigos, entrevistámos 74 personalidades de enfermagem, divulgamos ideias de uma profissão em mudança.

A Formasau editou o seu primeiro livro em Novembro de 1995: Técnicas de Enfermagem I. A partir daí temos vindo a editar com regularidade. No mês de Abril lançámos o número 86: Enfermagem em Ortotraumatologia, o que corresponde a uma média 6 livros /ano, o que nos parece ser um dado muito relevante.

Relevante não apenas porque a Formasau edita 6 livros/ ano, mas porque outras editoras editam hoje também coisas realizadas por enfermeiros e isso é muito bom para a profissão e para a saúde das pessoas.

Em Novembro de 1998, iniciámos a edição do SOS/ Jornal de enfermagem, publicação mensal que preenchia um espaço informativo relevante na altura.

Neste momento e com a publicação do nº 112 em Dezembro suspendemos a edição do SOS e substituímos pelo Fórum SOS Enfermagem ON -LINE. Esta decisão tem a ver com opções estratégicas que não são alheias ao uso regular das TIC .

Em Fevereiro de 2000, durante a realização do Congresso do 7º Curso de Mestrado em Ciências de Enfermagem do ICBAS , a Formasau lança o nº 1 da Revista de Investigação em Enfermagem. Esta é uma Revista Científica que surgiu para divulgar conhecimento produzido. Está registada na Latindex e na CUIDEN. A seguir ao novo espaço surgirão novas ideias e desafios para continuarmos a ajudar ao crescimento da profissão.

 


ENFERMEIROS E FAMÍLIAS - ABORDAGEM SOBRE A ENFERMAGEM DE FAMÍLIA E O ENFERMEIRO (DE SAÚDE) DA FAMÍLIA

Ana Albuquerque Queiroz
Professora Coordenadora, Escola Superior de Enfermagem de Coimbra; Unidade Científico - Pedagógica de Saúde Pública, Familiar e Comunitária

Introdução
Pretendo com este texto clarificar a importância e a transversalidade das abordagens de Família especialmente nos vários campos de prática clínica de enfermagem e de algum modo reflectir sobre a clarificação de conceitos inerentes a uma área de estudo em enfermagem que hoje chamamos de Enfermagem de Família.

Concordo com Barbieri (2002)1 quando afirma que”a enfermagem de família, tal como explicitamente a concebemos hoje, não é velha de muitos anos” e relembrando alguns marcos históricos recentes como a 1ª Conferência Internacional de Enfermagem de Família em 1988, o livro de 1993 Reading in family nursing de Wegner e Alexander, em 1993 a criação do Journal of Family Nursing em 1995. Aspectos a que podemos acrescentar o percurso da realização, até hoje, de nove conferências Internacionais de Enfermagem de Família, de um extensa bibliografia de literatura cientifica em Enfermagem de Família, de que destaco a obra Nurses and families a guide to family assessment and intervention de Lorraine Wright e Maureen Leahey, que tem uma quinta edição publicada no presente ano, e a segunda edição publicada em Português também em 2009.

De toda a dinâmica de prática clínica, de ensino e de tigação de enfermeiros no mundo inteiro resultou este ano na Islândia, no contexto da 9ª Conferência Internacional de Enfermagem de Família a criação da Associação Internacional de Enfermagem de Família.

No nosso país actualmente está a afirmar-se a reforma dos cuidados de saúde primários, estando os enfermeiros que trabalham nesta área a enfrentar enormes desafios, que exigem não só a afirmação das suas competências, mas também o reconhecimento do seu contributo essencial para a saúde das pessoas, famílias, grupos e comunidade em geral, pelo considero esta uma excelente oportunidade para desenvolvermos esta área de estudo e desenvolvimento da enfermagem que é a enfermagem de família.

 


ANÁLISE DA ADEQUAÇÃO DO MODELO DE CALGARY DE AVALIAÇÃO FAMILIAR

Margarida Isabel de Oliveira Ferraz dos Santos
Enfermeira Graduada / Mestre em Sociopsicologia da Saúde; Serviço de Imunoalergologia, Hospitais da Universidade de Coimbra

Resumo
O presente artigo baseia-se num estudo desenvolvido no âmbito de Dissertação de Mestrado, e que se caracterizou por ser descritivo/correlacional, com metodologia mista mediante uma perspectiva pósmoderna e construtivista. Inseriu-se numa área de actuação de enfermagem denominada enfermagem de família. A amostra foi constituída por dois tipos de cooperantes: investigadores e co-investigadores; participantes/casal de informantes, consoante a fase do próprio estudo: preenchimento de questionário/sessão de entrevista semi-estruturada. Pretendeu-se realizar uma análise comparativa entre indicadores de avaliação familiar, que segundo o Modelo de Calgary de Avaliação Familiar justificam a sua aplicação, e as necessidades observadas ou expressas por casais em que um dos elementos é doente insuficiente cardíaco de classe III, utilizadores das Consultas Externas e Hospital de Dia, do Serviço de Cardiologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra.

Palavras-chave: crise, casal, avaliação familiar, enfermagem de família.

 


RESILÊNCIA FAMILIAR: ESTUDO DE VIVÊNCIAS DE FAMILIARES DE PESSOAS COM DOENÇA ONCOLÓGICA EM FASE TERMINAL DE VIDA, EM CONTEXTO HOSPITALAR

Sara Raquel Pedrosa da Cunha
Enfermeira nos Hospitais da Universidade de Coimbra; Mestre em Sociopsicologia da Saúde

RESUMO
O sofrimento e as vivências dos doentes em fase final de vida têm sido amplamente estudados, assim como as dos seus familiares. No entanto, as questões do acompanhamento familiar, nomeadamente as vivências de um familiar visitante de referência, mais propriamente as suas capacidades resilientes não se encontram documentadas.

O objectivo geral deste estudo foi a descrição de algumas dimensões da resiliência em familiares de doentes oncológicos em fase terminal de vida, em contexto hospitalar. Para isso, foi realizado um estudo fenomenológico hermenêutico, seguindo a abordagem de Max van Manen, contando com a participação de quatro familiares de doentes em fim de vida, internados numa enfermaria de um hospital central.

Os resultados evidenciaram o enorme sofrimento vivido por estes familiares e um conjunto de alterações de vida a que se sujeitaram para puderem acompanhar física e emocionalmente o seu membro familiar doente. Por outro lado, demonstraram possuir características resilientes que lhes permitiram viver esta realidade com força e com um olhar positivo.

Palavras-Chave: Enfermagem de Família; Resiliência Familiar; Fase final de vida; Fenomenologia hermenêutica.

 

 



DO OUTRO LADO DA PORTA… FALAR COM A FAMÍLIA NUMA UNIDADE DE CUIDADOS INTENSIVOS

 

Ana Isabel Costa Fontes
Andreia Cristina Oliveira Santos Ferreira

RESUMO
Este artigo foi estruturado a partir das seguintes perguntas: Como pensar na família e em comunicação?
De que forma devemos falar com a família numa Unidade de Cuidados Intensivos? Este nosso artigo, surge na sequência da nossa experiência profissional assim como da pesquisa bibliográfica que sentimos necessidade de fazer, tendo como objectivo procurarmos identificar algumas das considerações mais relevantes ligadas à comunicação com a família em serviços específicos, como é o de Unidade de Cuidados Intensivos (UCI). A comunicação com a família durante o processo de visita é visto, talvez, como um dos momentos difíceis e stressantes nas unidades, devida à responsabilidade da informação, ao fornecimento de pouca ou nenhuma informação, às sensações de medo e desconforto, às informações mal compreendidas, ao espaço inadequado, entre outros. Os Enfermeiros devem observar como os familiares enfrentam a situação de internamento, doença e prognóstico, num serviço como este, através da comunicação verbal e não verbal, e procurar compreender a fase emocional que vivenciam, de maneira a compreender a reacção dos mesmos, aprendendo a apoiar e procurar responder às questões levantadas, da maneira mais acertiva e adequada a cada um.

Palavra-chave: Enfermeiros. Comunicação. Família. Cuidados Intensivos.

 

 



A AUTONOMIA DO ENFERMEIRO DE FAMÍLIA NAS UNIDADES DE SAÚDE FAMILIAR – USF’S

 

Carlos Lousada Subtil
Professor Coordenador. Escola Superior de Saúde de Viana do Castelo/IPVC.
Este trabalho reúne os elementos que serviram de base para a intervenção do autor numa série de três oficinas de trabalho (Março, Abril e Setembro de 2007) organizadas pela Administração Regional de Saúde do Norte para enfermeiros que integram as USF’s

 

O termo autonomia (do gr. αύτουομία) refere-se ao estado ou condição de autónomo, isto é, à capacidade de se governar ou de se gerir pelos seus próprios meios, à liberdade de determinar os seus comportamentos, as suas opções e os seus valores. A vontade própria que caracteriza a autonomia confere aos indivíduos a capacidade de planificação da própria vida e de relacionamento com os outros com vista a uma participação activa na sociedade1, de fazer tarefas por si próprio, de tomar decisões evidenciando um sentido de auto-orientação2. Para a sua consolidação é fundamental a capacitação individual no sentido da independência emocional, independência instrumental e tomada de consciência da interdependência, para a qual se exige competência intelectual, interpessoal e desenvolvimento a partir de uma formação harmoniosa e construção da identidades.

Assim, a autonomia pode ser vista em diversas dimensões: a autonomia do adolescente a propósito do processo de desenvolvimento psicossocial, a autonomia política decorrente da regionalização, a autonomia do idoso na perspectiva dos cuidados geriátricos, etc. A autonomia de que nos vamos ocupar é a autonomia profissional do enfermeiro, a propósito do enfermeiro de família que exerce a sua actividade em unidades de saúde familiares (US F’s).



IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DAS NECESSIDADES DA FAMÍLIA DO DOENTE, PARA O DESENVOLVIMENTO DA PROFISSÃO DE ENFERMAGEM

Maria Helena Silva

 

Resumo
A família desempenha um papel primordial na garantia da continuidade dos cuidados ao doente. Todos os seres humanos têm necessidades ao longo do seu ciclo de vida. A unidade familiar é fundamental para a continuidade dos cuidados mas também a própria família necessita de apoio/ajuda nas suas necessidades, para poder transmitir apoio/ajuda e «energia familiar» ao próprio doente. Logo a evolução e a análise rigorosa desta temática poderá vir a trazer repercussões positivas no futuro e desenvolvimento da profissão de Enfermagem.

Palavras Chave: Enfermagem de família, Avaliação, família, sistema familiar, saúde familiar, necessidades, prestação de cuidados, desenvolvimento.

 

 



 

A FORMAÇÃO DE SUPERVISORES PARA A SUPERVISÃO EM ENSINO CLÍNICO

Sérgio Soares
Enfermeiro Especialista em Enfermagem Medico-Cirurgica do Hospital José Luciano de Castro de Anadia, Mestre em Supervisão e Doutorando em Supervisão pela Universidade de Aveiro

 

RESUMO
Ao longo do exercício profissional, a experiência dos enfermeiros encontra-se associada a múltiplas e condicionantes actividades de formação nos contextos de trabalho. Diversos estudos revelam que os problemas decorrentes da formação de futuros profissionais prendem-se com a formação dos supervisores em ensino clínico.

A investigação produzida indica ainda um conjunto de estratégias que parece ter efeitos positivos no bem-estar de enfermeiros e estudantes de enfermagem. A supervisão em ensino clínico emerge nas unidades de cuidados como uma forma sistemática de desenvolvimento de competências dos estudantes. Esta investigação, dentro de um paradigma interpretativo, associada a Estudo de Caso, refere-se a um conjunto de profissionais que frequentaram um curso de supervisão em ensino clínico.

O propósito central do estudo foi o de constituir um subsídio para desenhar um programa de formação nesta área. Foram identificados os seguintes objectivos: Compreender as representações dos enfermeiros sobre a formação em Supervisão em Ensino Clínico; Identificar as áreas em que estes se encontram deficitários; Identificar os módulos de um programa formativo de Supervisão em Ensino Clínico.

Os dados foram recolhidos por questionário, documento de avaliação do curso e reflexão final. A investigação sugere a necessidade de se estabelecer um programa obrigatório de formação em supervisão em ensino clínico nos moldes propostos.

Um plano sistematizado de supervisão em ensino clínico ajudaria os enfermeiros a reflectir nas suas actividades na formação de estudantes.

PALAVRAS-CHAVE: Programa de Formação; Supervisão em Ensino Clínico


 

 

ENTREVISTA À FAMÍLIA EM QUINZE MINUTOS (OU MENOS)

Ana Albuquerque Queiroz
Professora Coordenadora, Escola Superior de Enfermagem de Coimbra Unidade Cientifico - Pedagógica de Saúde Pública, Familiar e Comunitária

 

Introdução
A enfermagem de família realizada numa perspective sistémica é uma prática de enfermagem que se centra simultaneamente tanto no sistema familiar como no sistema individual, mas procurando dar uma atenção particular à interacção e reciprocidade entre o indivíduo e a unidade familiar (Wright e Leahey, 1990, 2005) .

Um dos objectivos da enfermagem de família é o de confortar e aliviar o sofrimento físico e emocional dos membros da família, ao mesmo tempo que se facilita a sua adaptação aos problemas de saúde e de doença (Duhamel, 1995) . Isto é particularmente importante tendo em conta o momento presente nos cuidados de saúde em que se pretende reduzir as permanências de hospitalização, que em consequência colocam mais responsabilidade na família para cuidar dos seus membros doentes (Wright e Leahey, 2005).

As autoras referidas introduziram a entrevista à família em quinze minutos, como um instrumento de avaliação e de intervenção que aplica as competências teóricas e práticas da enfermagem de família baseada na visão sistémica. Um dos propósitos da entrevista à família em quinze minutos é o de oferecer às enfermeiras/os um enquadramento e as necessárias “ferramentas” para obterem informação de forma rápida sobre a estrutura da família, os elementos de suporte que a rodeia, as crenças da família sobre os problemas de saúde, e outros factores, categorias ou subcategorias que influenciam a adaptação da família aos aspectos relacionados com os fenómenos de saúde e de doença. Conduzida em colaboração com a família, a entrevista à família em quinze minutos pretende permitir aos profissionais de enfermagem que melhor identifiquem e respondam às necessidades da família e facilitem o processo de recuperação da saúde ou de minimização dos efeitos da doença (Wright e Leahey, 2005).