Índice do artigo

Revista Sinais Vitais nº 84

Maio de 2009

 

 

Sumário

Editorial

O preço a dar aos cuidados de enfermagem

 

Dossier Especial: ASSOCIATIVISMO DOS ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

Os presidentes da FNAEE

Os encontros nacionais de estudantes de enfermagem

Os 6 primeiros encontros nacionais de estudantes de enfermagem

OS ANOS INQUIETOS E DE REBELDIA DOS ESTUDANTES DA ESCOLA CALOUSTE GULBENKIAN

ENTREVISTA: VII Encontro Nacional de estudantes de Enfermagem - 1986

O Nascimento da FNAEE - Breve relato de grandes momentos

O Porquê da actividade associativa

FNAEE na luta pela licenciatura

A FNAEE À ENTRADA DO SÉCULO XXI

XV ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM - Figueira da Foz

XXIV ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM - V. N. de Mil Fontes

XXV ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM - Vagueira

Federação Nacional de Associações de Estudantes de Enfermagem - 2004/ 2005

FNAEE 2003 a 2008 - Do caos à consolidação interna e expansão internacional

 

Ciência e técnica

Uso do álcool como anti-séptico na administração de injectáveis

Sofrimento e Qualidade de Vida em doentes com cancro no HDES, E.P.E.

Terapêuticas centradas na pessoa com alterações do sistema musculo-esquelético

 

Eventos

Curso de pós graduação em acupunctura



Editorial

O preço a dar aos cuidados de enfermagem

Dar preço aos cuidados de enfermagem e consequentemente ao serviço de enfermagem é, sem dúvida, uma questão essencial no actual momento político e social que vivemos. Ao pensar neste assunto pertinente para reflectir convosco nesta edição dedicada ao associativismo estudantil em enfermagem, dei comigo a analisá-lo sob três perspectivas que, apesar de serem distintas, se complementam: a dos cidadãos, a do governo e a dos enfermeiros e da sua profissão. Interrogarmo-nos sobre o preço dos cuidados de enfermagem é encontrar aquilo que cria a sua identidade propriamente dita, é perguntar em que se fundamentam, como se elaboram e se realizam e qual o seu alcance e significado em relação com o que faz sentido para a vida das pessoas e ganham sentido para a vida dos profissionais.

No que respeita ao que faz sentido para a vida das pessoas, é notório que hoje é mais claro o contributo que os cuidados de enfermagem têm para a sua saúde. Isso manifesta-se por uma melhor consciência social do papel que o enfermeiro desempenha na cadeia de cuidados de saúde, na participação que tem na promoção da saúde, tratamento e prevenção da doença ao longo do ciclo de vida. São inclusive, em vários contextos, os seus referentes em termos de saúde porque os ajudam a decidir sobre o projecto de saúde, tendo em conta as transições (desenvolvimentais, situacionais, de saúde-doença e organizacionais) por que passam os cidadãos e as populações.

Nenhum cidadão se imagina sem este grupo profissional a cuidar dele, tornando, por isso, estes cuidados imprescindíveis. A percepção deste fenómeno vai ajudar também na negociação da carreira que está a acontecer, pois tudo o que é imprescindível significa um preço a pagar.

A assunção desta ideia pelos enfermeiros, no momento em que se negocia com o governo a carreira profissional para vigorar nos próximos 20 anos, traz vantagens negociais. Ao governo interessa-lhe ter um corpo de profissionais de enfermagem, que sejam referência para as pessoas e para a sociedade, e que responda cada vez melhor e de forma mais motivada às múltiplas necessidades decorrentes das transições por que passam os cidadãos no decurso da sua vida. Nessa carreira definem-se responsabilidades, deveres, direitos, categorias profissionais, formas de progressão, remunerações, procedimentos de avaliação, entre muitos outros aspectos de um decreto-lei desta natureza.

Na mesa da discussão estão aspectos importantes que deverão ser assegurados:

Reconhecer valor aos Enfermeiros que prestam os cuidados aos cidadãos.

As condições remuneratórias dos Enfermeiros terão de ser diferentes, de modo a permitir fazer da enfermagem a profissão. Este aspecto é fundamental, quer sob ponto de vista disciplinar, quer sob ponto de vista da criação de emprego, uma vez que possibilita tempo (que pode ser usado no aprofundamento científico), evitando que os Enfermeiros tenham duplo emprego. Pois, quem quiser progredir na carreira não pode sentir necessidade de abandonar a prestação de cuidados.

Tem de se assegurar a necessária independência técnica e disciplinar às chefias operacionais e estratégicas. Hoje, como nunca, é preciso ter em conta as condições materiais, afectivas e sociais dos cuidados de enfermagem. É inútil dizer-se que os enfermeiros que prestam cuidados têm condições para trabalhar para além dos 60 anos. A penosidade do trabalho dos Enfermeiros exige outro tipo de reconhecimento, por parte do governo, também na idade de aposentação.

Na perspectiva dos Enfermeiros e da profissão, ao interrogarmo-nos sobre o que identifica os cuidados de enfermagem e o serviço de enfermagem, bem como as condições indispensáveis à sua realização, deparamo-nos com a noção de que resultam do mesmo processo. Isso implica estudar a coerência entre os fins pretendidos e os meios para os alcançar, bem como saber argumentar as condições indispensáveis à execução dos cuidados centrados no projecto de saúde de cada cidadão.

É para além disso necessário levar em conta, no processo de fazer enfermagem, a diferente natureza dos cuidados, tornando possível:

Tomar em consideração tudo o que tem uma importância vital para as pessoas e os grupos, tudo o que para eles faz sentido (uma maneira de organizar o seu dia-a-dia, de preparar as refeições, a relação familiar, etc.);

Relativizar os cuidados de reparação integrando-os no processo de cuidados, sem os isolar, sem fazer deles todo o acto de cuidar;

Desenvolver com criatividade os cuidados de manutenção de vida que, ao contrário do que se proclama agora (por questões de natureza economicista), exige muitos conhecimentos e competências.

Utilizar a evidência científica disponível para garantir as melhores respostas às necessidades dos cidadãos.

Que as enfermeiras e enfermeiros gestores trabalhem ao lado dos enfermeiros, utilizem a mesma linguagem, os mesmos conceitos e a mesma visão dos cuidados. Fica, em nosso entender, clara a noção de que os cuidados de enfermagem são imprescindíveis e que têm um preço que a sociedade quer pagar porque lhe faz sentido. Saibamos nós Enfermeiros tornarnos ainda mais imprescindíveis.

Este número da Revista centra-se na temática associativismo estudantil em enfermagem. A ideia nasceu há uns meses com a ajuda dos membros da Comissão

Organizadora do 30º ENEE, Enfermeiros Raul Fernandes e Valter Silva, e veio a tornar-se realidade com a publicação deste número da Revista Sinais Vitais. Não tivemos como objectivo ser exaustivos na pesquisa histórica, procuramos antes encontrar personalidades que em cada momento foram edificando este movimento, ímpar em todo o ensino superior.

E, faltou-nos o tempo, contactos, mais estórias, mas o que aqui hoje se deixa é já uma parte que permitirá iniciar uma caminhada. Mas, fica claro que nos momentos mais críticos da profissão também a academia se uniu, discutiu e deu contributos para a valorização destes profissionais.

Esperamos que façam o mesmo agora.

Boas leituras.

Enf. Carlos Margato

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Dossier

ASSOCIATIVISMO DOS ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

COORDENAÇÃO
Carlos Margato / Raúl Fernandes / Valter Silva

O associativismo dos estudantes de enfermagem foi, após Abril de 74, uma prática invulgar e incomparavelmente diferente da restante academia. Inicialmente fora do ensino superior, os estudantes de enfermagem sentira m a necessidade de criar estruturas que tivessem interlocutor nas negociações da passagem da enfermagem ao ensino superior e reclamasse as regalias dos restantes estudantes do ensino superior e no seio das próprias escolas a consideração devida a qualquer estudante.
Os Encontros Nacionais de Estudantes de Enfermagem foram momentos importantes na congregação de esforços para a criação de estruturas escolares (Associações de Estudantes) e nacionais (Federação de Estudantes de Enfermagem) que foram essenciais no desenvolvimento dos movimentos estudantis que se formalizaram no final da década de 80 e que muito contribuíram para melhorar as condições dos estudantes de enfermagem.
Como é do conhecimento dos enfermeiros e dos estudantes a Revista Sinais Vitais e nomeadamente o Jornal de Enfermagem SOS sempre dera m voz aos estudantes, às suas lutas e reendivicações.
A publicação deste caderno na Revista traduz o reconhecimento da equipa redactorial ao trabalho desenvolvido pelo movimento estudantil dos estudantes de enfermagem.
Este trabalho, que se iniciou ainda em 2008 com a colaboração d a Comissão Organizadoradora do 30º ENEE, teve nos Enfermeiros Raul Fernandes e Valter Silva os principais dinamizadores. Quisemos apenas fazer alguma formalização dos múltiplos aspectos desenvolvidos nos últimos trinta anos de associativismo estudantil dos estudantes de enfermagem. Esperamos ter conseguido.
Por motivos de organização o caderno tem duas áreas distintas: a dedicada aos Encontros Nacionais de Estudantes de Enfermagem e a dedicada à Federação de Estudantes de Enfermagem.
Claro que ficam muitas estórias por contar, mas esta foi já uma primeira tentativa para contar algumas. Como prova do nosso reconhecimento a esta comissão organizadora e a muitas outras dos Encontros de Enfermagem esta Revista Sinais Vitais vai ser oferecida a todos os participantes no 30º Encontro dos Estudantes de Enfermagem.

Esperemos que gostem.

 

Presidentes da FNAEE

2008/2009
Carlos Gonçalves
AECG Braga

2007/2008
Gonçalo Cruz
AE Ravara

2006/2007
Mara Campos
AECG Lisboa

2005/2006
Raul Fernandes
AE BB

2004/2005
Mário Amador
AE Portalegre

2003/2004
Agostinho Ladeira
AE Ana Guedes

2002/2003
Nuno Lopes
AE Leiria

2001/2002
Nuno Lopes
AE Leiria

2000/2001
Pedro Frias
AE Ravara

1999/2000
Pedro Frias
AE Ravara

1998/1999
Helena Carneiro
AEBB

1997/1998
Helena Carneiro
AEBB

1996/1997
Ana Rita Cavaco
AE de Lisboa

1995/1996
Ana Rita Cavaco
AE de Lisboa

1994/1995
Alexandre Tomás
AEBB

1993/1994
Alexandre Tomás
AE BB

1992/1993
João Pimentel Cainé
AEBB

1991/1992
João Pimentel Cainé
AE BB

1990/1991
1989/1990
João Veiga (Primeiro Secretário)
Nos primeiros estatutos não havia presidente. Optou-se por ter u ma direcção mais horizontal.

 

Encontros Nacionais

30.º 2009
Praia do Pedrógão, Leiria, AE
CG Br a g a

29.º 2008
Ericeira, Pó l o Li s b o a

28.º 2007
Furadouro, AE ’s Vi s e u (Pública e Piaget)

2 7.º 2006
Galé, AE Cruz Vermelha Portuguesa

26.º 2005
Monte Gordo, AE CG Lisboa

25.º 2004
Vagueira, AE Viseu (Públ ica)

24.º 2003
Vila Nova de Mil Fontes, AE ’s Alentejo (Évora , Beja e Portalegre)

23.º 2002
Furadouro, AE Cidade do Por to

22.º 2001
Galé, AE ’s FG, CG e AR

21.º 2000
Ilha de Tavira, AE Faro

20.º 1999
Quiaios, AEBB

19.º 1998
Vila Real, AE Vila Real

18.º 1997
Seixal, Quinta da Atalaia,
FNAEE

17.º 1996
Braga, AE Braga

16.º 1995
Vila Nova Gaia

15.º 1994
Figueira da Foz, Grupo de Alunos da EEBB

14.º 1993
Beja, AE Beja

13.º 1992

Lamego, AE Viseu

12.º 1991
Évora, AE Évora

11.º 1990
Vila da Nazaré, AEEE Leiria

10.º 1989

Via na do Castelo, AE Viana do Castelo

09.º 1988
Porto, (Ana Guedes)

08.º 1987
Costa da Caparica, (C G)

07.º 1986
Mira, AE ’s Coimbra (BB e AF)

06.º 1979
7 e 8 Julho, EE CG Li s b o a (reunião de estudantes delegados)

05.º 1978
5 e 6 Maio, EE CG Lisboa (reunião de estudantes delegados de 8 escolas)

04.º 1979
20 e 21 Janeiro, EEAF (reunião de estudantes delegados de 5 escolas)

03.º 1978
22 Julho, EECG Lisboa (reunião de estudantes delegados de 7 escolas)

02.º 1978
18 Junho, EEAF (reunião de estudantes delegados de 8 escolas)

01.º 1978
3 de Junho, EEAF (reunião de estudantes delegados de 12 escolas)

 

OS 6 PRIMEIROS ENCONTROS NACIONAIS DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

“O Movimento Associativo dos Estudantes de Enfermagem, embora seja de história relativamente recente, considerando os aspectos específicos de um obscurantismo místico a que esteve sujeito e à repressão que ainda hoje é exercida sobre estudantes de enfermagem que pretendem formar a sua Associação de Estudantes, não se pode considerar desprezível o seu passado, principalmente a seguir a 25/4/1975, e temos de tirar algumas lições preciosas que ele nos ensinou a criticar alguns aspectos incorrectos que possui se pensarmos reforçar e alargar o Movimento Associativo existente. “

In “INFORME SOBRE O MOVIMENTO ASSOCIATIVO DOS ESTUDANTES DE ENFERMAGEM PORTUGUESES” Coimbra 24 de Março de 1979, assinado pelo “Órgão Nacional eleito no IV Encontro”

Era desta forma que os estudantes da altura sentiam o movimento estudantil. Hoje, encontramos igualmente um certo obscurantismo no que respeita à história do movimento estudantil em Enfermagem que importa aclarar.

Muito se escreveu já sobre a história da profissão e os seus intervenientes, mantendo-se a lacuna da influência dos estudantes nos momentos chave para enfermagem portuguesa. A revista que hoje se escreve mais do que contar fielmente a história, visa pela mão e voz dos intervenientes directos nesta luta trazer à luz estórias esquecidas.

 

OS ANOS INQUIETOS E A REBELDIA DOS ESTUDANTES DA ESCOLA de ENFERMAGEM CALOUSTE GULBENKIAN, DE LISBOA
UM CONTRIBUTO PARA A HISTÓRIA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL EM ENFERMAGEM

Professor Viriato Moreira

Professor ESE Lisboa

RESUMO

O presente artigo procura contribuir para a reconstrução da memória de uma década do movimento estudantil na Escola de Enfermagem de Calouste Gulbenkian, de Lisboa – EECGL retratando, não só a luta pela democraticidade do ensino de enfermagem mas, também, pela liberdade de expressão, democraticidade de processos e por um modelo político/social diferente.

Palavras-chave: Anos 70/80, movimentos estudantis, Estudantes de enfermagem.

 

VII ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM . 1986

Entrevista com José Carlos Martins

Fomos neste número entrevistar o Enfermeiro José Carlos Martins. Foi uma decisão consensual e pensada sobre a personalidade que nestes últimos 25 anos mais marcou o associativismo estudantil dos estudantes de enfermagem.

Na entrevista pretendemos conhecer o contexto de candidatura e o desempenho do papel do presidente de uma Associação de Estudantes de Enfermagem nos anos 80, identificar as estratégias presentes que permitiram criar a Federação Nacional de Estudantes de Enfermagem e analisar o momento actual do associativismo estudantil em enfermagem.

Entrevista da Responsabilidade de Carlos Margato, Raul Fernandes e Valter Silva

Enfermeiro José Carlos Martins o que é que o levou a entrar para a Enfermagem e a interessar-se pelo associativismo estudantil?

Seguir enfermagem foi, por um lado, porque sempre gostei da área da saúde e depois por influência de pessoas de saúde na família. Também na altura era um curso médio que não requeria grandes custos, um curso de curta duração e de grande empregabilidade.

Tudo isto junto foi o que determinou a minha entrada para enfermagem.

O que me levou a entrar pelo associativismo foi sobretudo a tomada de consciência de que era necessário fazer algo mais. Isto é, havia vários problemas na Escola e na Enfermagem, na altura em que éramos estudantes. Na Escola de Bissaya Barreto decorrente das poucas condições que tínhamos, como a falta de um refeitório, uma disciplina férrea, de alguma forma limitadora, e a tomada de consciência de que se nos organizássemos podíamos transformar essas coisas, esses problemas, levou de certa forma a entrar para o associativismo e a fundar a associação de estudantes com muitos outros colegas da altura.

 

O NASCIMENTO DA FNAEE - BREVE RELATO DE GRANDES MOMENTOS

João Veiga

Professor da ESEL

Fazer um relato de uma história vivida na primeira pessoa é sempre complicado porque se perde a objectividade.

Contudo, se houver da parte do relator uma declaração de interesses que situe o leitor face a parcialidade da narração, não resolvendo o problema inicial, pelo menos clarifica-o à priori. Assim sendo, devo desde já informar que serei parcial e como tal exaltarei a importância que o movimento associativo em enfermagem teve durante o período de 88 a 91, anos de intenso entusiasmo e grandes realizações.

 

O PORQUÊ DA ACTIVIDADE ASSOCIATIVA

João Cainé

Prof. Adjunto Escola Superior de Enfermagem da Universidade do Minho

Integrou a Comissão Coordenadora da FNAEE no ano de 1991/1992

Uma eterna questão se coloca. O porquê da actividade associativa. Porque é que nos envolvemos num movimento associativo, no caso estudantil, muitas vezes com “prejuízo” (porque não sei de que prejuízo falamos) para o nosso percurso académico. A resposta, na maioria dos casos, é porque sim. E o “porque sim” torna incompreensível as motivações de quem quer estar por parte daqueles que não estão e, inversamente, poderemos pensar que quem está envolvido terá dificuldade em compreender quem não tenha interesse nesse envolvimento. Talvez resulte do grau de vinculação ao contexto, do modo como se sente e vive a escola onde está inserido. Acredito que a experiencia associativa é profundamente enriquecedora numa perspectiva de educação global do ser humano. Ela ajuda a criar condições para o exercício da cidadania de forma mais afirmativa e solidária. Julgo que esse será o seu maior legado.

 

FNAEE NA LUTA PELA LICENCIATURA

Helena Carneiro

Enfermeira

Escrevo este artigo no dia 25 de Abril de 2009, exactamente 11 anos depois do dia da minha eleição para Presidente da Direcção da FNAEE. No dia da Liberdade. 11 anos depois…

Procuro neste artigo descrever como era o Associativismo de Enfermagem nos últimos 4 anos do século XX . (sorriso)…Pois é, o tempo! Acreditando na memória, parece recente a minha passagem pelo Associativismo, somando os anos parece distante.

Entrei no Associativismo de Enfermagem com a ambição de introduzir uma mudança, para não definir revolução. As caloiras de 1996, da ESEBB, pretendiam mudar as fardas de estágio, ou seja, pretendíamos substituir as saias pelas calças. Conseguimos!

 

A FNAEE À ENTRADA DO SÉCULO XXI VALORIZAR O PASSADO, REIVINDICANDO O PRESENTE E ASSEGURANDO O FUTURO

Pedro Frias

Presidente da FNAEE 1999/ 2001

Historicamente, os estudantes de Enfermagem e as Associações de Estudantes (AAEE) que os representam, sempre souberam preservar e valorizar a existência da Federação Nacional de Associações de Estudantes de Enfermagem (FNAEE). Na perspectiva de defender e lutar pelos interesses específicos dos estudantes de Enfermagem, mas sem descurar e acompanhando as reivindicações mais gerais de todos os estudantes do ensino superior, a FNAEE foi trilhando o seu caminho, sem desvirtuar o projecto inicial delineado pelas gerações passadas mas com os olhos postos no presente e futuro do ensino de Enfermagem e do ensino superior.

 

XV ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM - Figueira da Foz O ENCONTRO DOS “FRANGOS”

Alexandre Tomás

Enfermeiro

Olhar para o passado da participação no movimento associativo permitiu-me recordar com nostalgia momentos vividos, caracterizados pela enorme interrelação.

Recuar ao período de 1992-1995 no âmbito da formação em Enfermagem, da participação das Associações de Estudantes no contexto associativo nacional, e até do número de Escolas e de Estudantes é de facto recuar um ‘milénio’.

Existiam aproximadamente vinte escolas em todo o país, com um número de estudantes distribuídos pelos três anos do então Cursos Superior de Enfermagem que pouco ultrapassavam os quatro mil.

Contextualizar aquele período é dizer que vivíamos sem telemóveis, internet, e Associação de estudantes que possuísse um computador era de facto considerada de luxo!

XXIV ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM - V. N. de Mil Fontes

O Encontro com o caracolENEE

Mário Amador

Membro da XXIV COENEE

O Encontro Nacional de Estudantes de Enfermagem do ano de 2003 ficou a cargo da Organização das três Associações de Estudantes das Escolas de Enfermagem do Alentejo, a saber; Portalegre, S. João de Deus – Évora e Beja, tendo este ficado conhecido como o ENEE do Alentejo 2003, e quem não se lembra do CaracolENEE, uma das míticas figuras da história dos encontros de Enfermagem, quem não o viu, não estava claramente habituado à velocidade desse frenético animal do nosso lindo Alentejo.

 

XXV ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM - Vagueira

Um Encontro impossível de esquecer

Rui Marques

Membro da XXV COENEE

Quando a Comissão Organizadora do XXX Encontro Nacional de Estudantes de Enfermagem me pediu para escrever um pequeno texto sobre o XX V E.N.E.E., realizado na Praia da Vagueira corria o ano de 2004, iniciei um quadro de agitação característico de quem tem que remexer na memória a médio prazo em busca de um dos melhores, senão o melhor, momento de toda a minha vida académica.

 

FNAEE 2003 A 2008 DO CAOS À CONSOLIDAÇÃO INTERNA E EXPANSÃO INTERNACIONAL

Mário Amador e Raúl Fernandes

Contar história em estórias não é fácil! A subjectividade de quem se envolveu na construção do associativismo assumindo por vezes posições, confrontos e conflitos com outras visões e pessoas inerentes à visão confrontada pode tornar as palavras que se seguem ingratas para as situações e protagonistas.

Tentaremos contudo, e com a melhor das intenções contar com lealdade e verdade os factos que ocorreram.


 

Sofrimento e Qualidade de Vida em doentes com cancro no HDES, E.P.E.

Gonçalo Morins

Enfermeiro Nível I do Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, E.P.E

Pós-Graduado em Cuidados Paliativos

RESUMO

Os cuidados paliativos visam melhorar a qualidade de vida dos doentes através da prevenção e alívio do sofrimento. Ao longo da minha vivência profissional com doentes oncológicos diversas inquietações foram surgindo, tendo sido delineado um estudo sobre “Sofrimento e Qualidade de Vida em doentes com cancro no HDES , E.P.E.”, como forma

de encontrar respostas para estas.

Foram estudados 100 indivíduos com cancro no HDES , E.P.E, divididos por dois grupos (internados e em hospital de dia) de 2 Abril a 13 Setembro de 2008, para analisar as características do Sofrimento e da Qualidade de Vida, assim como a relação existente entre elas. Concluiu-se que os doente s apresentam baixos níveis de sofrimento, bons níveis de Qualidade de Vida e que existe interacção entre estes dois conceitos.

Palavras-Chave: Sofrimento; Qualidade de Vida; Cancro; Quimioterapia; Hospitalização.


TERAPÊUTICAS DE ENFERMAGEM CENTRADAS NA PESSOA COM ALTERAÇÕES DO SISTEMA MUSCULO-ESQUELÉTICO

Maria Manuela Pereira Machado

Enfermeira especialista em enfermagem

de reabilitação, Mestre em educação

para a saúde, Assistente do 2º triénio

da Escola Superior de Enfermagem

da Universidade do Minho.

 

RESUMO

Este artigo resulta de uma revisão sistemática da literatura que teve como objectivo, explorar o estado da arte relativamente às terapêuticas de enfermagem que contribuem para uma resposta adequada às necessidades da população, tendo por foco o sistema músculo-esquelético. As lesões do sistema músculo-esquelético constituem um sério problema de saúde pública, pois provocam frequentemente incapacidade funcional, com impacto ao nível do bem-estar, do auto cuidado e da qualidade de vida das pessoas, além do seu impacto económico. O número de pessoas com alterações ao nível do sistema músculo – esquelético tendem a aumentar nas próximas décadas, em virtude das alterações demográficas, nomeadamente, o envelhecimento da população, o que permite prever um aumento das necessidades em cuidados de enfermagem à população. Na orientação desta pesquisa foi utilizada a metodologia PI[C]OD. Foram realizadas pesquisas electrónicas em diferentes bases de dados, via EBSCO e B-ON, utilizando diversas combinações com recurso a palavras chave. No final, foram identificados quatro estudos, três dos quais primários e um de revisão da literatura.

Relativamente aos resultados, a partir da análise das pesquisas seleccionadas, as terapêuticas de enfermagem identificadas nesta revisão da literatura podem ser agrupadas em três domínios principais: a vigilância, o autocuidado e a prevenção de complicações. A principal conclusão que podemos inferir a partir desta revisão da literatura, é a escassez de estudos realizados por enfermeiros com a finalidade de testar a eficácia das intervenções ou terapêuticas de enfermagem mais adequadas para responder às necessidades em cuidados de enfermagem das pessoas com alterações do sistema músculo-esquelético.

A evidência empírica realizada por enfermeiros neste domínio baseia-se frequentemente em dados secundários, nomeadamente nos registos de enfermagem.

Nesta revisão as intervenções mais registadas pelos enfermeiros, referem-se à acção colaborativa do seu exercício profissional.

Palavras-Chave: Intervenções de enfermagem; Sistema músculo-esquelético.


 

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM ACUPUNCTURA

Teve inicio no dia 8 de Maio à tarde o I Curso de Pós Graduação em Acupunctura na Sede da Formasau em Coimbra.

O curso decorre durante 4 semestres (2 anos) com sessões mensais, teóricas, teórico-práticas e práticas

em situação clínica, com o acompanhamento do Enfermeiro Vítor Lopes. A sua vasta experiência técnica e científica bem como o seu conhecimento das disciplinas em presença asseguram uma qualidade elevada ao curso.

Esta oportunidade dada aos Enfermeiros vai ao encontro de encontrar respostas às necessidades das pessoas utilizando os recursos mais adequados em cada momento.

O Curso conta com 18 participantes de diversas regiões do País e prevê-se a sua conclusão no início de 2010. Dado que nos têm chegado várias solicitações para abrir novo curso informamos que já abriu novo período de candidatura. Consulte www.sinaisvitais. pt para mais informações.