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Revista Sinais Vitais nº 98

Setembro de 2011

 

 

 

 

SUMÁRIO

Entrevista
Enfermeira Maria Helena Lopes Rodrigues

Ciência & técnica
Papel do enfermeiro na díade pais/irmãos

Projecto experimental de análise de plano de cuidados de enfermagem

Vivências da relação enfermeira /utente referenciadas pelos utentes

Síndrome de hallervorden-spatz. Cuidando no limiar das emoções

Diabetes gestacional

A disfagia e suas consequências no doente com neoplasia faringo-laringio

Apoio, promoção e protecção ao aleitamento materno na neonatologia do Hospital Fernando Fonseca - do mito à realidade

Vinculação mãe/recém-nascido prematuro - importância do seu estabelecimento precoce

O enfermeiro perante situações de maus-tratos infantis - Que intervenção?

Ser adolescente - problema para pais e filhos ou desafio para ambos



EDITORIAL
Fala-se muito hoje na necessidade de fazer com que o estado perca peso. Existem, como sabemos várias formas de perder peso, com uma alimentação saudável, exercício físico, mas também através de fármacos e já agora de uma forma mais radical amputando uma perna ao indivíduo que precisa de perder peso. Claro que estas duas últimas soluções retiram peso ao indivíduo, mas será que tratam do problema de base ou antes criam outros problemas por vezes mais difíceis de solucionar? Naturalmente que a pessoa a quem se amputou um membro ficou com menos peso, mas deixou de poder funcionar como até ali, perdeu qualidade de vida etc.


Quando ouço os nossos governantes falar da necessidade de baixar o peso da intervenção do estado, fico logo a pensar se o que estão a querer não é amputar o estado das suas funções sem se preocuparem no que de pernicioso isso pode acarretar para os cidadãos e para a própria economia. No que à saúde diz respeito, tenho que aqui citar o Dr. Ricardo Jorge que afirmava que o capital dos capitais é a saúde das populações e não o mero balanço entre o deve e o haver das contas. De facto a saúde, e tudo o que se possa fazer para a sua promoção é, acima de tudo, um investimento que cada um faz para se sentir bem, mas também para produzir riqueza que depois pode ser ela investida na produção de bens que servirão o bem- estar das economias. O mesmo para a educação, cortar na educação é amputar um indivíduo para que ele perca peso. É que o consumo de bens, como a educação e a saúde, não servem apenas benefícios individuais, mas são bens de cujo consumo individual acabamos todos, enquanto sociedade, por beneficiar.


Repare-se no que pode acontecer com a subida de preços em alguns fármacos ou no condicionamento da aquisição desses produtos, o que pode acontecer é um aumento do consumo de urgências de internamentos o que tornará mais cara a factura e produzirá uma maior dificuldade de acesso por aumento da procura.
Não quero dizer com isto que não seja necessário tomar medidas para tornar o sistema mais eficiente.


Claro que sim, mas atalhem sobretudo nas falhas do sistema, nas dificuldades à obtenção de resultados que as pessoas esperam (mais vale prevenir do que remediar).
Nos últimos anos quando na economia em geral as empresas e as organizações fazem downsizing, diminuindo níveis intermédios de tomada de decisão, em saúde e em Portugal tem-se assistido a um movimento completamente contrário com um aumento significativo de lugares em lugares de gestão intermédia que em muitos casos só introduzem ruído e já provaram não aumentar a eficiência. Senão vejamos o que se passa com os Hospitais EPE onde a existências de lugares de administração intermédia cresceu de forma, quase exponencial, sem que isso tivesse produzido resultados em termos de obtenção de ganhos efectivos de eficiência. Os hospitais, soubemo-lo agora, estão em falência técnica e os utilizadores e colaboradores continuam a manifestar descontentamento.
Pensemos bem sobre isto.

António Fernando Amaral, Enfermeiro
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