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Sinais Vitais nº 55
Julho 2004

 

 


  

 

EDITORIAL
A propósito do Dda internacional do Enfermeiro...

Convencionou-se festejar o dia internacional do enfermeiro a 12 de Fevereiro de cada ano. Assim, em todo o mundo milhares de enfermeiros uniram esforços para comemorar este dia em torno de um lema: Trabalhando com os pobres; Contra a pobreza. O lema foi proposto pelo Conselho Internacional de Enfermeiras (ICN) o qual é composto por cento e vinte e duas associações internacionais de enfermeiras de todo o mundo, incluindo a Ordem dos Enfermeiros Portugueses.
Ao nível do nosso País, a Ordem dos Enfermeiros, os Sindicatos e as Associações representativas de diferentes áreas da profissão uniram esforços para trazer a este dia um “colorido” especial. 
Verificou-se por parte dos enfermeiros uma adesão muito significativa às iniciativas planeadas, demonstrando que a profissão tem uma relação privilegiada com os pobres e com a pobreza. A este facto não ficou alheia a comunicação social e foi interessante verificar a cobertura que deram aos diferentes eventos e acontecimentos que decorreram por esse país.
Realmente a comunicação social, a sociedade e até nós próprios temos dado pouco significado ao papel que a intervenção dos enfermeiros têm nos ganhos em saúde para a população. Foi bom ver as múltiplas entrevistas, os documentários em jornais, revistas, televisão e os múltiplos relatos de experiências de situações de doença explicitados por pessoas que viveram situações difíceis, onde o papel dos enfermeiros foi evidenciado com relevo.
Se por um lado houve uma mediatização do nosso papel, por outro nos diferentes contextos de acção, os enfermeiros precisam de se organizar, como já o fizeram noutros momentos. Hoje, sentimos uma ameaça à autonomia da enfermagem em diferentes domínios, na gestão de recursos, na formação e na gestão de cuidados, entre outros onde é necessário unir esforços para nos manter vinculados aos princípios, valores e cultura da profissão.
Nós enfermeiros, que sempre entendemos o nosso trabalho de uma forma desprendida, que cumprimos a nossa missão nos contextos de cuidados, de formação e da gestão sem contrapartidas especiais, temos que continuar a tomar as melhores decisões em cada momento e perante cada situação orientados pela ética e deontologia e evidência científica, para que a comunidade continue a encontrar em nós a âncora essencial à preservação do seu bem-estar.
Hoje temos que apostar na nossa responsabilidade com a comunidade elegendo a saúde como um bem mundial duradouro (Hesbeen, 2004), para a qual a nossa participação é imprescindível, apostando na capacidade de estar com o outro e na hospitalidade entre as pessoas.
O investimento actual terá que passar pela clarificação do nosso campo de acção, não nos preocupando apenas com a visibilidade daquilo que fazemos, mas evidenciado os ganhos em saúde da comunidade com aquilo que são os cuidados de enfermagem.

Carlos Margato

 


 

Protecção de dados pessoais em saúde

AUTORES
Drª Eugenia Anes - Professora ESE Bragança; Joana Dias - Aluna ESE de Bragança; Mafalda Oliveira - Aluna ESE de Bragança; Maria Goreti Silva - Aluna ESE de Bragança; Patricio Vasconcelos - Aluno ESE de Bragança; Pedro Rodrigues - Aluno ESE de Bragança; Susana Fernandes - Aluna ESE de Bragança

RESUMO
O direito à intimidade da vida privada faz parte da moral da sociedade, estando consagrada na Constituição da República Portuguesa (CRP) no 26º artigo. Entre dados pessoais e dados públicos há um limiar muito estreito no que toca à sua definição, e o seu tratamento deve ser feito licitamente, respeitando o princípio da boa fé; deve ser pertinente, não excessivo e adequado consoante a finalidade para que são recolhidos os dados. É fundamental que existam estruturas cada vez mais evoluídas e mais protegidas para evitar que se violem ou maltratem dados pessoais. As bases de dados informáticos surgiram na tentativa de acompanhar a evolução das novas tecnologias que até hoje têm surgido, tal como tentar controlar o acesso de utilizadores, procurando preservar a privacidade dos utentes. A lei da protecção de dados pessoais menciona medidas específicas para o manuseamento de dados, que se aplicam também ao campo da saúde.

PALAVRAS CHAVE
Reserva da vida Privada, Direitos, Liberdades e garantias fundamentais, Sigilo Profissional

 


 

Bioética - princípios e fundamentos de uma ciência em construção

AUTOR
Rui Baptista Gonçalves - Enfermeiro-investigador King’s College, London, Mestrando em Promoção da Saúde e Saúde Pública, University of East London, Reino Unido

RESUMO
O presente artigo pretende expor as fundações biológicas e éticas que, em perfeita e harmoniosa comunhão, têm vindo a construir a Bioética. Esta ciência em construção, nascida de um leque de preocupações no seio de discussões éticas, envolvendo o domínio tecnológico no confronto com a biotecnologia, goza de um percurso que permite actualmente distingui-la da sua ciência-mãe, a Ética, sem que dela dependa e se inter-relacione. No seu âmbito mais restrito, ela é a consciência crítica das ciências que servem a vida e a saúde.

PALAVRAS CHAVE
bioética, princípios éticos

 


 

A avaliação familiar pelo enfermeiro de família: proposta de um instrumento de recolha de dados baseado em Wright e Leahey (2002)

AUTORES
Maria do Céu Aguiar Barbieri de Figueiredo - Enfermeira especialista em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica, Mestre em Enfermagem e Educação, Doutoranda em Ciências de Enfermagem, Professora Coordenadora na Escola Superior de Enfermagem Cidade do Porto - Professora ESE Bragança; Joana Dias - Aluna ESE de Bragança; Mafalda Oliveira - Aluna ESE de Bragança; Maria Goreti Silva - Aluna ESE de Bragança; Patricio Vasconcelos - Aluno ESE de Bragança; Pedro Rodrigues - Aluno ESE de Bragança; Susana Fernandes - Aluna ESE de Bragança

RESUMO
A avaliação familiar requer a utilização de instrumentos de colheita de dados que permitam conhecer a família e a sua dinâmica, de forma a potenciar a intervenção do enfermeiro de família. Este artigo faz uma breve descrição do Modelo de Avaliação Familiar de Calgary (Wright e Leahey,1994; 2002) e, partindo deste modelo, propõe um instrumento de avaliação da família da criança com doença cardíaca congénita, o qual foi utilizado num projecto de  investigação-acção com a finalidade de identificar as necessidades específicas destas famílias e desenvolver uma intervenção centrada na família. Acreditamos que este instrumento, com as devidas adaptações, poderá ser utilizado noutros contextos.

 


 

Experiência Profissional: O caminho para a Competência

AUTORES
Maria Fátima A. Conceição - HUC; Paula Cristina A. Ramos - HUC

RESUMO
Reconhecendo que qualquer cliente necessita de cuidados, e sendo o “cuidar” a essência da prática de enfermagem, aquilo que efectivamente a caracteriza, temos de nos consciencializar de que quem presta esses cuidados de forma a ajudar o indivíduo a concretizar o seu projecto de saúde se deve distinguir por ser capaz de compreender e ajudar os outros, abstendo-se de juízos de valor e actuando em parceria com o cliente, com vista ao estabelecimento de uma relação interpessoal. Devemos, contudo, salientar que essa relação de parceria só se concretizará quando nos conhecemos a nós e aos outros, quando obtivermos, no exercício da profissão, formação e experiência profissionais, as quais se tornam primordiais para a nossa competência enquanto Profissionais de Saúde.

PALAVRAS CHAVE
Competência; Competência de base; Experiência profissional

 


 

Ser Idoso: Abordagem Psicossomática no Contexto Institucional e Familiar

AUTORA
Maria Ermelinda Jaques - ESE Viana do Castelo

RESUMO
O envelhecimento é uma realidade  europeia e mundial, sendo a primeira vez que a humanidade convive com o problemático peso social e demográfico da velhice. é uma realidade sem precedentes, com graves repercussões sociais, numa sociedade que se não preparou para este fenómeno.

PALAVRAS CHAVE
Idoso; envelhecimento; longevidade; ambiente ecológico; ambiente social; ambiente familiar e cultural.

 


 

Cuidados com o Cadáver na Cultura Islâmica

AUTORES
Alexandra Lemos - Centro de Saúde de Algueirão-Mem Martins; Ivete Monteiro - Hospital de Dona Estefânia

RESUMO
A morte na cultura islâmica está intimamente associada à religião, a qual lhe atribui um sentido e um significado muito específico. Ela é vista não como um final mas como uma passagem para o mundo espiritual, uma forma de aproximação a Deus. A purificação do corpo e da alma são aspectos de extrema importância nesta cultura.

PALAVRAS CHAVE
Morte; Islamismo; Corpo/Alma; Cuidados post mortem; Execução da Múmia.

 


 

Mãos que cuidam, uma abordagem à massagem infantil

AUTORES
Maria Graça C. Alves - Centro Hospitalar Caldas Rainha; Magda Piedade Ferreira - Centro Hospitalar Caldas Rainha

RESUMO
O contacto das crianças com os pais é absolutamente indispensável para o seu bem-estar bio-psico-social. Tem-se vindo a desenvolver diversos estudos nesta área, mas foi em países de origem asiática que surgiram técnicas específicas de toque/ massagem. A massagem motiva a coordenação e a elasticidade muscular, e é um meio valioso para preparar o corpo para a actividade e melhorar a mobilidade e o relaxamento. Este trabalho tem como objectivo um conhecimento mais aprofundado sobre os benefícios físicos e psicológicos da massagem infantil para que possam ser aplicados na prática.

PALAVRAS CHAVE
Massagem infantil; Bem-estar-bio-psico-social; Comunicação mãe bebé

 


 

Cuidados  de  Enfermagem  ao  doente  em  Diálise Peritoneal

AUTORES
Leotilde Duarte - Hospital S. Bernardo - Setubal; Ana Marçal - Hospital S. Bernardo - Setubal

RESUMO
Pretende-se com este trabalho, mostrar um pouco da nossa experiência com doentes em programa de diálise peritoneal e transmitir alguns conhecimentos, relativos a essa forma de tratamento. A insuficiência renal crónica, apresenta-se com uma elevada incidência no nosso serviço, tendo a diálise peritoneal, uma adesão crescente do número de doentes. O doente terá que aprender a entender e a aceitar a sua doença e viver com essa forma de tratamento para sempre ou até conseguir um transplante renal. É necessário um cuidadoso acompanhamento de enfermagem, principalmente quando se trata de uma doença com risco de vida.

PALAVRAS CHAVE
Diálise peritoneal; tratamento alternativo; ensino ao doente/família; complicações.

 


 

Ser portador de más notícias

AUTORES
Ana Violante - Hospital Distrital Santarém; Fernanda Frausto - Hospital Distrital Santarém; Rosário Correia - Hospital Distrital Santarém

RESUMO
Transmitir más notícias é uma realidade que acarreta aos enfermeiros grandes dificuldades traduzidas frequentemente em expressões como: “Como é que vou dizer que...?”. No entanto esta transmissão de informação pode ser facilitada se for encarada como uma técnica como tantas outras inerentes à profissão. Existe a necessidade de a aprender, aprofundar ou desenvolver no sentido de esta se tornar parte integrante e natural da nossa actuação na vida profissional. Na transmissão de más notícias o enfermeiro pode e deve ter em consideração alguns aspectos de forma a que estas deixem de ensombrar a sua actuação e possam ser recebidas pelo utente de forma mais adequada e menos dolorosa.

PALAVRAS CHAVE
Informação, más notícias

 


 

Liderança e Motivação

AUTORES
António Magalhães; Filomena Santos; Patrícia Fernandes; Paulo Melo; Rosa Pereira; Rosário Firmo; Rosário Serra - Grupo de enfermeiros do Curso de Complemento de Formação em Enfermagem da ESE Bissaya Barreto - Coimbra

RESUMO
Neste trabalho apresentam-se dois conceitos cuja compreensão é fundamental para o sucesso das organizações, quer privadas quer públicas, Motivação e Liderança. Procura-se definir os termos líder e liderança, realçando os diferentes estilos com que esta pode ser exercida e a sua influência sobre os subordinados. Também o conceito de motivação é abordado, referindo-se suscintamente algumas teorias que têm sido propostas para a pôr em prática. Refere-se a falta de compreensão relativa à motivação e como esta é pobremente aplicada, apontando algumas estratégias que poderão ser seguidas para que esta possa ser bem sucedida. Finalmente, faz-se uma reflexão baseada na análise destes conceitos, procurando analisa-los no âmbito das instituições de saúde e, em particular, no âmbito da Enfermagem. Referem-se algumas qualidades esperadas num “líder-enfermeiro”, realçando as dificuldades que lhe são colocadas nas organizações onde se encontra inserido.

PALAVRAS CHAVE
Líder, Liderança, Poder, Motivação, Mudança, Autonomia.

 


 

Repercussões de um Prematuro na Vida Familiar

AUTORA
Cristina Araújo Martins - Centro de Saúde de Barcelinhos

RESUMO
O nascimento de um bebé prematuro constitui um momento de crise na vida de uma mãe e família. A assistência de Enfermagem pode ser uma importante ajuda na ultrapassagem da crise, facilitação do processo de ligação/relacionamento positivo com o recém-nascido e preparação dos pais para cuidarem do bebé.

PALAVRAS CHAVE
Choque;  Insegurança;  Ansiedade; Preocupação;  Assistência.

 


 

Que futuro para os Jovens Enfermeiros?!

AUTORES
Eládio Artur Oliveira Gomes - Centro Saúde Vila Verde; Mónica Andreia C. Marinho - Centro Saúde Felgueiras

RESUMO
O nosso artigo (reflexão) intitula-se “Que futuro para os Jovens Enfermeiros?”, uma vez que nele estão inseridas perguntas de retórica tais como: “quem somos?”, “o que fazemos”, “onde estamos?”, colocadas por nós próprios- recém licenciados em Enfermagem. Pensamos que, tal como nós, muitos dos Jovens Enfermeiros se questionam quotidianamente sobre isto.