Índice do artigo

Sinais Vitais nº 66
Maio 2006

 




EDITORIAL
Especializações em Enfermagem
Considero que as Especializações foram um contributo importantíssimo no desenvolvimento da Enfermagem nas últimas décadas. Para além da melhoria de cuidados de saúde, com as especializações, iniciou-se uma abordagem investigativa na enfermagem em Portugal que até aí não existia. Os Especialistas contribuíram ainda, na minha opinião, para um reconhecimento da enfermagem e para alguma afirmação nos contextos dos cuidados, não só perante os utentes pela competência acrescida, como ainda perante a equipa multidisciplinar e estruturas hierárquicas das instituições de saúde. O contributo em termos de gestão que as especializações em enfermagem trouxeram, não é de omitir, porquanto outras formações vieram e estarão agora a reproduzir modelos formativos por nós experimentados.
Apontam-se novos modelos de especialização em enfermagem. Mas será que o actual modelo, com as adaptações que lhes têm sido introduzidas não responde aos verdadeiros problemas de saúde? Será que vamos encontrar um modelo melhor que o actual?
Tenho algumas dúvidas desta agendada mudança, num clima de falta de especialistas em Enfermagem e é certo que nos últimos anos não se formaram especialistas, e isso não contribuiu em nada para alguma estabilidade do sistema. Pode-se vir a encontrar um modelo de formação de especialistas simplista, reprodutor de práticas, quando ele deve sobretudo assentar em soluções do seu permanente questionamento, da utilização dos resultados das investigações e das evidencias científicas para a tomada de decisão, da produção de novos conhecimentos e na investigação tão necessária para o desenvolvimento da enfermagem como área de conhecimento.
Muitas Escolas Superiores de Enfermagem estão a apostar na formação de Pós-Licenciaturas de Especialização. Do que conheço, em alguns casos a opção foi manter um modelo formativo muito próximo do anterior face às avaliações que existiam.
Brevemente começaremos a lançar novamente especialistas tão necessários nos contextos de cuidados. Pena é que em alguns casos pareça não haver o respeito por alguns princípios globais orientadores dos planos de estudos, parecendo que o objectivo é simplificar (em tempo, em custos, etc.) talvez visando o lucro. Por exemplo as discrepâncias já existentes no número de semestres dos cursos pode originar uma corrida de rentabilização que não trará concerteza mais qualidade.
Considero que o desenvolvimento dos actuais Cursos de Pós-Licenciatura em Enfermagem, em Instituições que garantam altos níveis de qualidade formativa sem recurso a estratégias simplificadoras e economicistas, Instituições que apostem em garantirem oportunidades teóricas, teórico-práticas, e práticas adequadas, com contributo dos técnicos e experts internos e externos reconhecidos, com laboratórios de práticas inovadores, com bibliotecas e recursos bibliográficos actualizados, com experimentação e discussão dos temas, técnicas e métodos actualmente em debate na comunidade científica, permitirão excelentes Enfermeiros Especialistas.



 

ENTREVISTA
Cristina Ramos Crespo de Carvalho
Enfermeira desde Agosto de 1999, nova ainda, mas já com uma vivência extremamente interessante naquilo que é a prestação de cuidados de proximidade.
A Enfermeira Cristina desde cedo fez uma opção solidária, a da participação em missões de carácter humanitário onde tem colocado os seus conhecimentos de Enfermagem ao serviço dos que parecendo não ter nada tanto dão e de tanto necessitam.
Foi sobre esta experiência, que a Enfermeira Cristina tão bem retrata no Livro que editou recentemente “Partir em Missão Humanitária”, que a Revista Sinais Vitais quis ouvir esta nossa colega.





DELEGAR FUNÇÕES: UMA ESTRATÉGIA DE GESTÃO EM ENFERMAGEM

Autor: António Borges, Elisa Maia, Luísa Costa, Maria José Pacheco e Zélia Leal (Hospital Padre Américo Vale do Sousa)

Resumo
Numa organização o fundamental são as pessoas e o seu envolvimento em toda a dinâmica do trabalho  desenvolver, pode ser o percurso para implementar a mudança. Desta forma cabe ao líder do grupo optar por uma gestão participativa ou descentralizada, a tentativa de conseguir maior motivação. É o recurso a uma das Teorias de Liderança que elege a Delegação de Funções como o método capaz de conseguir maior produtividade e melhor
desempenho.




GESTÃO DE CONFLITOS – UM CAMINHO A PERCORRER

Autores
Carla Terceiro; Elisabete Pereira; Gil Vicente; João Teixeira;  Lurdes Vieira; Pedro Cardoso; Sónia Ribeiro. Alunos do 2º Curso de Complemento de Formação em Enfermagem da Escola Superior de Enfermagem de S. João

Resumo
Regra geral, o vocábulo “conflito” é associado a sensações de desprazer, angústia, invasão de privacidade ou até mesmo violência. Na nossa opinião, algumas dessas conotações poderão ser algo excessivas e despropositadas. Contudo, uma análise detalhada das variáveis da situação conflitual poderão contribuir para desmistificar e valorizar esta componente “inata” das relações interpessoais. Antes de mais, convém averiguar a natureza da situação, isto é, o contexto e factores causais, bem como outros factores subjacentes que, apesar de implícitos, podem muitas vezes ser desvalorizados na gestão de conflitos. A rápida identificação da fase de evolução é, na nossa perspectiva, de vital importância para a tomada de decisão relativamente à gestão destas situações.

Palavras-chave: conflito; natureza do conflito; factores subjacentes; incubação; consciencialização; disputa; eclosão.




PROMOÇÃO DA SAÚDE E OBESIDADE PSICOTERAPIA COMPORTAMENTAL E COGNITIVA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE: INTERVENÇÃO NA OBESIDADE

Autor
Carlos Alberto Quaresma da Costa (Enfermeiro-Chefe do Hospital de Miguel Bombarda, Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica; Mestre em Terapias Comportamentais e Cognitivas)

Resumo
A obesidade ocorre quando o imput de energia (calorias) é superior ao seu output, provocando o armazenamento
de gordura no adipócito, estando a aumentar a sua prevalência. Não sendo uma perturbação psiquiátrica, ela é sobretudo uma doença provocada por comportamentos desadequados onde interferem múltiplos factores como os genéticos, culturais e ambientais. A obesidade é um importante problema de saúde pública por se associar a
um aumento da morbilidade e da mortalidade na diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares,
nas complicações cirúrgicas e em certas neoplasias. Deste modo, é necessário que os profissionais de saúde apliquem programas eficazes na prevenção e tratamento da obesidade, sendo a intervenção comportamental e cognitiva uma das técnicas mais adequada. São apresentadas algumas estratégicas para ajudar os indivíduos a adoptar comportamentos e um “estilo de vida” que conduzam a um controle adequado
do peso e da obesidade.

Palavras-chave: Obesidade: Terapia Comportamental e Cognitiva; Peso; Calorias.




DESISTIGMATIZANDO A DOENÇA MENTAL

Autor
Luis Ângelo Rebelo Freitas (Enfermeiro Graduado e Licenciado, Exerce Funções no Centro Hospitalar do Funchal, Serviço de Cardiologia e na Casa de Saúde S. João de Deus onde é Coordenador da Unidade de S. Lucas)

Resumo
Desistigmatizando a doença mental. Estigmatizar é atribuir uma característica negativa ou colocar um defeito desonroso a uma pessoa. Esta estigmatização é provocada por todos nós, técnicos de saúde, políticas de saúde e população em geral.
Para desistigmatizar a pessoa com doença mental é necessário atende-la de forma holística, dando-lhe maior autonomia ênfase às suas potencialidade com humanização e solidariedade para lhe promover uma maior qualidade de vida. Isto implicará certamente mudanças nos cuidados nos pensamentos e nas atitudes a todos os níveis, em primeiro lugar aos técnicos de saúde às políticas da saúde mental e à população em geral.




A SISTEMÁTICA DA ASSISTÊNCIA PERIOPERATÓRA - VISÃO ACADÊMICA

Autor
Ruvani Fernandes da Silva (Doutorando em Enf. da U. Federal de Santa Catarina, Prof. da U. do Sul de Santa Catarina e Enf. do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hosp. Governador Celso Ramos, Florianópolis, Santa Catarina)

Resumo
A enfermagem perioperatória tem por finalidade proporcionar assistência integral, individualizada, participativa e continuada ao paciente cirúrgico. Durante o estágio em centro cirúrgico os académicos ficam apreensivos e preocupados com a sistemática. O objetivo deste trabalho é o relato de experiência dos acadêmicos, quanto a avaliação do preparo pré-trans e pós-operatório.
Palavras-chave: Sistema de assistência de enfermagem perioperatória; Comunicar; Diminuição da ansiedade.




A AUTO-CATETERIZAÇÃO INTERMITENTE NA REEDUCAÇÃO VESICAL - APRENDIZAGEM DE HABILIDADES NUM CONTEXTO DE
CUIDADOS CONTINUADOS
– Estudo de caso –

Autores
Maribel Fernandes Mendes (Enfermeira de nível 1 no Serviço de Neurologia do Centro Hospitalar de Coimbra)
Ana Manuel Silva Nogueira (Enfermeira de nível 1 no Serviço de Neurologia do Centro Hospitalar de Coimbra)
Sandra Isabel Mendes dos Reis (Enfermeira de nível 1 no Serviço de Neurologia do Centro Hospitalar de Coimbra)
Berta Augusto (Enfermeira Chefe. Serviço de Neurologia do Centro Hospitalar de Coimbra)
Fernando Henriques (Professor na Escola Superior de Enfermagem de Bissaya Barreto)

Resumo
Estudo de caso de uma doente com alteração da eliminação vesical (retenção urinária) após AVC. Com o objectivo de promover a reeducação vesical, desenvolveram-se práticas de cuidados de enfermagem que, centradas na técnica e no conhecimento da pessoa, integraram a monitorização rigorosa da eliminação, o incentivo à micção espontânea,
a decisão de e quando realizar a cateterização vesical intermitente, bem como o ensino e instrução da doente para a auto-cateterização, como a medida mais adequada a assegurar em contexto domiciliário.




DERIVAÇÃO VENTRICULAR EXTERNA

Autoras
Paula Torres (Enfermeira Graduada, Hospital de Sto. António – Porto)
Sandra Fonseca (Enfermeira Licenciada, Hospital de Sto. António – Porto)

Resumo
Os doentes submetidos a uma Derivação Ventricular Externa (DVE), exigem uma actuação eficaz e responsável do enfermeiro, de modo a permitir uma resposta adequada aos cuidados específicos inerentes a este procedimento neurocirúrgico. Como enfermeiras do serviço de Neurocirurgia, pretendemos neste trabalho, partilhar alguma da nossa experiência e transmitir alguns aspectos importantes, sobre esta temática.

Palavras-chave: Derivação ventricular externa; Pressão intracraniana;




CUIDAR DO DOENTE COM DPOC QUE INCAPACIDADES DO DOENTE? QUE COMPETÊNCIAS EXIGIDAS AOS ENFERMEIROS?

Autoras
Alexandra Filipa Cosme (Licenciada em Enfermagem, Serviço de medicina, Centro Hospitalar de Torres Vedras)
Liliana Maria Bernardes Martins (Licenciada em Enfermagem, Serviço de cirurgia, Centro Hospitalar de Torres Vedras)

Resumo
O desenvolvimento de conhecimentos na área do cuidar de doentes com DPOC, torna-se cada vez mais importante, para acompanhar as problemáticas do actual panorama da saúde. Assim, este artigo tem por objectivo refletir acerca da problemática do doente com DPOC, na perspectiva das suas incapacidades e do seu cuidar em enfermagem, especialmente a nível das competências necessárias para aumentar o potencial de saúde dos utentes e família.

Palavras-chave: DPOC; Doença crónica; Incapacidades; Reabilitação respiratória; Educação para a saúde; Competências em enfermagem.




TUBERCULOSE

Autora
Paula Cristina do Pranto Sousa (Licenciatura em Enfermagem, Enfermeira nível I, Hospitais Civis de Lisboa – Hospital de São José)

Resumo
Desde 1993 a OMS (Organização Mundial de Saúde), considera a tuberculose uma emergência mundial.
Portugal adere à estratégia DOTS (Direct Observed Therapy- Short Course Treatment Regimen) da OMS, cria o PNT (Plano Nacional de Tuberculose) e desenvolve o SARA (Sistema de Alerta e Resposta Apropriada). A teia de inter relações entre comportamentos, problemas psico-sociais e doenças diversas geram casos e complexos desafios que os serviços de saúde não poderão resolver por si só, é o exemplo da tríade toxicodependência-SIDA-tuberculose [DGS (Direcção Geral de Saúde), 1997].

Palavras-chave: Tuberculose; Multirresistência; Intervenção de Enfermagem; Estratégia DOTS, PNT, SARA.




TRANSPLANTE RENAL - CONDICIONALISMOS E IMPLICAÇÕES

Autor
Miguel Fernando Pereira Sousa (Licenciatura em Enfermagem, Serviço de Nefrologia Hospital Geral Snato António e Clínica Hemodiálise do Bonfim)

Resumo
Este artigo representa essencialmente uma revisão bibliográfica e a experiência de um serviço na área da transplantação renal que data desde 1983, e que ao longo dos anos foi evoluindo no sentido de proporcionar aqueles cujos rins nativos não funcionam, uma esperança e qualidade de vida cada vez maiores. Apesar de ser considerado uma terapêutica de eleição para a insuficiência renal crónica terminal, não está isento de alguns condicionalismos e implicações. Este trabalho foi apresentado na XV Reunião APEDT (Associação Portuguesa de Enfermeiros de Diálise e Transplantação), realizada na Fundação Dr. António Cupertino de Miranda no Porto em Junho de 2001.

Palavras-chave: Insuficiência Renal Crónica; Transplante Renal; Qualidade de Vida; Imunossupressão; Aspectos Ético Legais; Complicações.




CUIDA-TE PARA MELHOR CUIDARES

Autores
Kátia Rodrigues Dinis Fortunato (Licenciada, Enf. Nível 1, Hospital S. Francisco Xavier)
Rui Pedro Trindade Pina (Licenciado, Enf. Nível 1, Hospital N.ª Senhora do Desterro)
Sara Mafalda Caseiro Caldas (Licenciada, Enf. Nível 1, Hospital Egas Moniz)

Resumo
A quimioterapia é uma terapêutica muito agressiva quer para o doente quer para o profissional de saúde
que a manipula. Os enfermeiros devem estar sensibilizados para os riscos aos quais estão expostos na manipulação dos citostáticos. Pelo que, devem aprofundar e adquirir conhecimentos teóricos para uma adequada prática dos cuidados de enfermagem, para com o doente e sua família e consigo próprio.

Palavras-chave: Quimioterapia; Normas de segurança; Extravasamento; Citostáticos.





CONTRACEPÇÃO NA AMAMENTAÇÃO

Autora
Esmeraldina de Jesus Pires Raposo (Enf. Especialista Saúde Infantil e Pediátrica, Responsável Área Saúde da Mulher e Criança no Centro de Saúde de Vimioso)
Sónia Cristina Cordeiro Felgueiras (Enfermeira nível, Centro de Saúde Vimioso)

“Para uma reflexão sobre os obstáculos á contracepção vivênciados na periferia”.
A acção da enfermeira de saúde comunitária, desenvolve-se em continua inter-relação com o utente e família. Centraremos a nossa reflexão nas relações que se devem estabelecer entre a enfermeira e o utente (utilizador dos serviços de saúde) no desenrolar da consulta de planeamento familiar. Depois de um parto toda a mulher precisa de se restabelecer e se dedicar aos cuidados de seu filho, recomendando- se um intervalo de, pelo menos dois anos antes da nova gravidez. Torna-se prioritária a nossa intervenção como enfermeiras, junto das nossas utentes, providenciando educação para a saúde, personalizada e adaptada à capacidade de compreensão de cada uma.
Para obter o êxito que se pretende nos cuidados a estas utentes nós, enfermeiras, devemos desenvolver competências cognitivas, metodológicas e relacionais, estar motivadas e empenhadas na melhoria do desempenho profissional, a fim de proporcionar aos nossos utentes cuidados de alto nível de qualidade, tornando possível a reformação contínua dos nossos actos, de modo à satisfação dos que servimos e principalmente dos que são servidos.