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 Sinais Vitais nº 79 Julho de 2008

 

Editorial

A Revista Sinais Vitais está de luto.
No dia 15 de Julho foi a enterrar o Sr. Enfermeiro Leonel da Silva Pereira.
O Enfermeiro Leonel, como era conhecido, foi sócio fundador da Revista Sinais Vitais.
A sua vida profissional foi quase exclusivamente nos Hospitais da Universidade de Coimbra, a quem deu muito do seu esforço e da sua inteligência, era um homem com uma visão das coisas da saúde, da Enfermagem e do mundo como há poucos..O Leonel pensava sempre á frente.
Conheci-o, era ele o meu chefe no Serviço de Neurotraumatologia dos HUC, nos idos anos 80. Um chefe exigente de que muitos tinham medo, mas quando se trabalhava com ele não havia quem não o admirasse pela sua perspicácia o seu envolvimento, porque ele sabia sempre muito bem o que queria, e o que queria era sempre o melhor para os seus doentes e para os seus colaboradores.
Foi um Chefe que sempre apostou muito nos seus Enfermeiros, apoiando e incentivando a formação em serviço como forma de desenvolvimento pessoal, mas também como forma de desenvolvimento profissional, pois como dizia para fazer bem é necessário saber bem.
Era um homem inteligente detentor de uma cultura invulgar, ao que concerteza não era alheia a sua licenciatura em história, dava gosto ouvi-lo. Gostava de pesca e não perdia os almoços ou jantares na Mariazinha, com o seu grupo de amigos, que prezava acima de tudo.
A vida entretanto pregou-lhe algumas partidas e a doença acabou por levá-lo do nosso convívio.
A Enfermagem ficou mais pobre.
Do Enfermeiro Leonel, do chefe, do Homem e sobretudo do amigo vai ficar uma eterna saudade.

Obrigado.

António Fernando Amaral

 


 

 

 

REPORTAGEM - A REDE DE CUIDADOS CONTINUADOS INTEGRADOS

A reforma no Sistema de Saúde levada a cabo, na anterior legislatura pelo então ministro da Saúde Dr Filipe Pereira, em 2003, criou três redes de prestação de cuidados de Saúde – A rede de Cuidados Primários, a Rede de Cuidados Diferenciados e a Rede de Cuidados Continuados.

No entanto, como em outras coisas, a articulação desejada entre os vários sistemas de cuidados nem sempre se mostrou capaz de responder com eficácia aos objectivos que tinham sido delineados para essa reforma. Tornava-se então necessário regulamentar e dar corpo a toda a estrutura das redes, de modo a dar resposta, não apenas às novas exigências que a pressão demográfica impõe, mas também à crescente necessidade de tornar o sistema mais eficiente.

De facto o Sistema de Saúde Português encontra-se emparedado entre o crescente envelhecimento da população (estima-se que em 2025 cerca de 22% da população tenha mais de 65 anos), com o natural aumento da prevalência das doenças crónico-degenerativas que implicam o crescimento dos gastos em meios terapêuticos, mas sobretudo fazem disparar o número de dias de ocupação de leitos hospitalares (extraordinariamente caros), entre o crescimento galopante da factura com a saúde (quer pública quer das famílias) com necessidade desses gastos serem mais eficientes, e uma pressão social a exigir do sistema um atendimento de maior proximidade e de melhor qualidade.

Foi neste enquadramento socio-político que o actual Governo através do Dec. Lei 101/2006 de 6 de Junho criou e regulamentou a rede de Cuidados Continuados Integrados, com vista a reorientar o papel dos dispositivos sociais e de saúde nesta área.

O Estado colocou assim disponível um conjunto de serviços que numa parceria entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Segurança Social e do Trabalho pretendem dar resposta às necessidades de convalescença, média duração de internamento, longa duração e manutenção, bem ainda como dar resposta em termos de cuidados paliativos.

(...)

António Fernando Amaral e Carlos Margato

 


 

 

INFORMAÇÃO FORNECIDA À GRÁVIDA DURANTE A CONSULTA DE VIGILÂNCIA PRÉ-NATAL

Cristina Ramos Fernandes
Licenciada em Enfermagem.

Resumo
As Consultas de Vigilância Pré-Natal devem ser frequentadas desde o início da gravidez, sendo o papel da enfermeira fundamental nesta etapa da vida da grávida.
O presente estudo tem como objectivos analisar a informação que é fornecida à grávida durante a Consulta de Vigilância Pré-Natal e deste modo contribuir para melhorar a transmissão de informação sobre Vigilância Pré-Natal.
De forma a concretizar este objectivo desenvolvemos um estudo de investigação do tipo descritivo-exploratório, de natureza quantitativa.
As participantes no estudo foram 30 puérperas do serviço de Obstetrícia de uma Maternidade do norte do país. A recolha de dados foi efectuada durante o meses de Março de 2005, através da aplicação de um questionário, sendo posteriormente analisados e discutidos os dados.

Palavras-Chave
Gravidez, Consulta de Vigilância Pré-Natal, Papel da Enfermeira, Educação para a Saúde.

 


 

Do Dever de Informação do Enfermeiro Ao Direito do Doente a ser Informado

Maria Elisa Elias Brissos
Licenciada em Enfermagem.
Maria Manuel Varela
Licenciada em Enfermagem.

RESUMO
Durante longos anos quer o médico quer o enfermeiro assumiram um papel paternalista, impedindo ao doente e à família o confronto com a informação. Contudo, na década de 70 assistiu-se a uma mudança de atitude quer na medicina quer na enfermagem, relacionada com movimentos a favor do “ poder ” dos doentes.
Actualmente as pessoas “ estão progressivamente a recusar o paternalismo dos prestadores de cuidados de saúde e a não aceitar ser excluídas das decisões que dizem respeito a elas próprias, como pessoas.” (Serrão, 2000:177).
Neste contexto, só uma informação objectiva e clara pode determinar uma decisão eficaz no doente, estando este processo ao serviço da autonomia humana. O respeito por esta autonomia, significa respeitar a capacidade de cada um fazer escolhas esclarecidas, segundo os seus princípios.

Palavras-chave
Informação; Direito; Dever

 


 

MELHORIA CONTÍNUA DA QUALIDADE: ÚLCERA VENOSA DA PERNA

António José Baptista Cardoso
Licenciado em Enfermagem.
Matilde Correia Neves Calado
Licenciada em Enfermagem.

Resumo
Mais que nunca a qualidade está ligada a modelos organizacionais de excelência. Na área da saúde esta realidade deve ser evidente, pois só desta forma se conseguem oferecer cuidados de Enfermagem de qualidade.
Esta necessidade leva-nos a reflectir sobre algo a melhorar. Onde de uma forma organizada, sistematizada e uniforme pudéssemos tratar os utentes com úlcera venosa da perna garantido uma continuidade dos tratamentos e uma melhoria nos cuidados prestados.

Palavras chave
Úlcera venosa da perna; Qualidade; Utente

 


 

“VIVÊNCIAS DO UTENTE ONCOLÓGICO SUBMETIDO A QUIMIOTERAPIA”

Ana Luisa Ribeiro Henriques Correia
Licenciada em Enfermagem.
Isabel Micaela Pereira dos santos
Licenciada em Enfermagem.

INTRODUÇÃO
Cada pessoa é uma personalidade diferente com uma história, mais ou menos intermitente entre sucessos e fracassos na sua dinâmica psicossomática e sociocultural, vivências pessoais, familiares e profissionais de acordo com uma escala de valores éticos, morais e religiosos que lhe são inerentes.
Mas a doença por vezes, interfere no que se considera a dinâmica normal da vida, assim o Cancro, é uma doença que desde sempre foi hostilizada por todos, até mesmo pelos próprios profissionais de saúde, tornando- se num enigma devido à sua complexidade relativo ao seu processo de evolução, mas também o impacto que tem sobre a pessoa portadora, a nível físico, psicológico, social e espiritual.
MCINTOSH (1974) citado por MARQUES, A. Reis (1991; p.34) “considerava um diagnóstico de cancro como o equivalente a uma sentença de morte.”
Sendo assim, um ser humano ao deparar-se com uma doença oncológica, apesar de ter os seus valores bem definidos anteriormente, após a percepção de doença oncológica e posteriormente o tratamento a efectuar, pode apresentar determinados comportamentos, que os levam a adquirir outras vivências até então nunca experimentadas. Tudo isto, origina nas pessoas um misto de sentimentos e emoções diferentes de doente para doente, como acontece no caso de se defrontar com a quimioterapia.
Perante este tratamento, o doente vai-se consciencializando acerca do seu problema/patologia levando-o ao conhecimento dos efeitos secundários o que lhe poderá desencadear medos e ansiedade, pela dor e sofrimento que poderão advir deste tratamento.
Conscientes desta problemática, desenvolvemos um estudo de Nível I, exploratório – descritivo, cujo tema se reporta às “Vivências do utente oncológico submetido a quimioterapia”. Com este estudo tivemos como objectivo, descrever as experiências/vivências dos utentes submetidos a quimioterapia, afim de aprofundarmos conhecimentos sobre esta temática, com a finalidade de desenvolver competência profissional nesta área específica do cuidar.

 


 

CANCRO DA PROSTATA: RASTREAR OU NÃO RASTREAR? EIS A QUESTÃO

Manuel António Rodrigues
Licenciado em Enfermagem.

Resumo
A realização de rastreios para detecção precoce de alguns tipos de cancro, está a tornar-se cada vez mais controverso, uma vez que a evidência científica começa a demonstrar não haver actualmente vantagens com a realização de programas de rastreios.
Esta controvérsia torna-se muito mais evidente em relação ao cancro da próstata, em que por um lado há vários profissionais e organizações cientificas e internacionais a defender as vantagens da realização do rastreio, e por outro lado verificamos que em termos de política nacional, a legislação não o considera como prioritário.

Palavras Chave
Cancro da Próstata; Rastreio

 


 

PRÁTICA BASEADA NA EVIDÊNCIA: INVESTINDO NA QUALIDADE EM ENFERMAGEM

Alzira Amélia Marques Moreira da Silva
Licenciada em Enfermagem.
Maria Antonieta Braz
Licenciada em Enfermagem
Maria Lucinda Amaral Lopes Ferreira
Licenciada em Enfermagem
Raquel Maria Ferreira Veloso Fontes
Licenciada em Enfermagem
Sandra Cristina Pereira Caetano de Almeida
Licenciada em Enfermagem

Resumo
Para uma Prática Baseada na Evidência contribui, em larga escala, o desenvolvimento de investigação focalizada em problemáticas decorrentes da prática de enfermagem. Reflectir, aprofundar e adquirir conhecimentos neste contexto, constitui uma experiência enriquecedora e motivadora, pela pertinência, representatividade e exigência do tema, uma vez que é pouco discutido na realidade da Enfermagem em Portugal.
Assim sendo, é nossa intenção clarificar noções neste domínio, explicitando o seu contributo na construção constante de uma prática de cuidados fundamentada, não esquecendo no entanto os aspectos relacionados com a essência da enfermagem enquanto ciência humana – o fenómeno do cuidar e as respostas humanas associadas à saúde e à doença.

Palavras-chave
Prática de Enfermagem – Qualidade de cuidados – Investigação – Evidência

 


 

ENFERMAGEM DE REABILITAÇÃO: UMA MAIS VALIA NOS CUIDADOS CONTINUADOS

Arménio Guardado Cruz
Licenciado em Enfermagem.

Resumo
As alterações demográficas observadas nos últimos anos e as previsões para as próximas décadas levaram à criação da Rede Nacional de Cuidados Continuados e Integrados. Esta rede pretende prevenir sequelas e promover a autonomia, a reabilitação, a readaptação e a reintegração sócio-familiar, duma forma articulada e integrada, de maneira a melhorara qualidade de vida de idosos e/ou doentes com patologia crónica e prolongada, assim como à respectiva família, onde a enfermagem de reabilitação, integrada numa equipa interdisciplinar, poderá e deverá ter um papel fundamental.

 


 

O PRINCÍPIO DO DUPLO EFEITO UM DILEMA ÉTICO DO ENFERMEIRO DE CUIDADOS PALIATIVOS
Cristina Moreira
Licenciada em Enfermagem.
(Princess Alice Hospice)

RESUMO
O Princípio do Duplo efeito afirma que a administração de doses ascendentes de opióides, que secundariamente possam acelerar a morte, sem no entanto a intencionar, é eticamente correcto, dado que a intenção é reduzir a agonia e não matar. Dado este ser um dilema com que os enfermeiros de cuidados paliativos diariamente se deparam, este artigo pretende explorar as dimensões éticas deste fenómeno, que muitas vezes guia e determina os cuidados prestados a doentes terminais.

Palavras-chave
Princípio do Duplo Efeito; Cuidados Paliativos; Eutanásia; Dilemas Éticos e Morais dos Enfermeiros.

 


 

ACOLHER O PAI DE UM RECÉM-NASCIDO INTERNADO NA UCIN…

 

Maria Ribeiro Joaquim Friaças
Licenciada em Enfermagem.

RESUMO
No dia a dia do enfermeiro, que exerce funções na área da Pediatria, faz parte o contacto com pais e recém- nascidos. Como enfermeiros, somos observadores privilegiados e a relação pai/enfermeiro é por vezes deixada para segundo plano. É necessário colocarmo-nos no lugar do pai que está normalmente só e a sofrer. É fundamental sensibilizar toda a equipa para a importância de estabelecer uma relação com o pai, antes de este entrar na sala de cuidados intensivos.

Palavras Chave
Acolhimento, Pai, UCIN

 


 

AVALIAÇÃO DE RISCOS PROFISSIONAIS EM UNIDADE DE CUIDADOS INTENSIVOS

António Costa Carvalho
Licenciado em Enfermagem, Pós-graduação em Higiene e Segurança no Trabalho.

RESUMO
É consensual que, nos dias de hoje, os enfermeiros são o grupo profissional que mais tempo de trabalho passa junto do doente. Aliado a este facto, podemos ainda salientar que os riscos a que está sujeito são de vária ordem, nomeadamente, biológicos, psicosociais, ergonómicos, químicos ou físicos, e que, em conjunto com práticas de trabalho inadequadas ou desconhecimento do risco real a que estão expostos, facilmente são vítimas de acidentes de trabalho ou de doenças profissionais.
Os resultados obtidos no estudo realizado revelam uma prevalência de acidentes de trabalho de 56,7%, sendo a maior percentagem imputada a picada acidental por agulha (47,1%), seguindo-se os musculo-esqueléticos (29,4%). Relativamente a problemas de saúde de que os enfermeiros padecem, 36,7% dos enfermeiros consideram que estes foram consequência da sua actividade profissional, sendo que, 81.8% são de índole musculo-esquelética devido a esforços ou mobilizações de doentes inadequadas.
Este estudo revela, assim, a necessidade de investir na prevenção de riscos ocupacionais, bem como na mudança de atitudes visando a melhoria das condições de trabalho e consequentes ganhos em saúde para os enfermeiros.

 


 

A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO FORMATIVA NA PRÁTICA CLÍNICA

Maria Augusta Gomes Alves Ferreira
Licenciada em Enfermagem

INTRODUÇÃO

A avaliação é considerada, hoje, como ponto de partida privilegiado para o estudo do processo ensino-aprendizagem. Quanto mais pesquisamos sobre o assunto, mais tomamos consciência do tema e da nossa ignorância, questionamos o nosso saber pondo em causa as nossas certezas.
Avaliar para quê? Porquê? Com que finalidade?
Sabendo que a avaliação é um elemento crítico da escola contemporânea e considerada um elemento intrínseco ao currículo, constitui o principal instrumento que, não só proporciona a leitura da positividade ou negatividade do seu processo de desenvolvimento, como permite reestruturações e/ou remediações, que vão facilitar ou criar condições para o seu sucesso.
É o espaço onde se cruzam e integram todas as componentes do currículo. É na Lei de Bases do Sistema Educativo que se consagram os princípios orientadores que determinam o modelo de avaliação. Neste sentido, o sistema educativo deve ser capaz de responder aos apelos que os novos tempos colocam, de forma a preparar as nossas crianças e jovens a construírem o seu próprio futuro, dando-lhes condições para realizarem com sucesso, a sua educação escolar.