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O Doente Ventilado
Da "Limpeza das Vias Aéreas" à "Asfixia"

AUTORES:
Bruno Miguel Duarte dos Santos Bessa (Enfermeiro na Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos do Hospital de S. João – Porto)

Sandra Sofia Cabral Fonseca (Enfermeira nível I na Unidade de Hematologia e Oncologia Pediátrica do Hospital de S. João – Porto)

RESUMO
O doente ventilado mecanicamente e forçosamente com um tubo endo-traqueal (TET) está impossibilitado de efectuar a limpeza fisiológica das suas vias aéreas, podendo incorrer desde "Limpeza das vias aéreas não eficaz" ao "Risco de asfixia". A prestação de cuidados de enfermagem específicos a estes doentes é apresentada com a terminologia da CIPE® e é revestida por intervenções essencialmente de vigilância.

 

Palavras-chave: Ventilação mecânica, TET, "Limpeza das vias aéreas", "Juízo – não eficaz", "Asfixia", "Probabilidade – Risco de…"

 

O DOENTE E A VENTILAÇÃO MECÂNICA
O doente admitido na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) com necessidades de suporte ventilatório pode ser sujeito a vários modos ventilatórios desde modos controlados até ventilatórios assistidos. Existem vários modos ventilatórios que permitem versatilizar a ventilação do doente e possibilitam ainda o controlo dos mais variados parâmetros tais como Volume, Pressão, relação I:E (relação Inspiração/Expiração), PEEP (Pressão Positiva no Final da Expiração), FiO2 (fracção de O2 inspirado), volume corrente, tempo inspiratório, entre outros.
Os modos ventilatórios comummente usados no contexto actual desde a Neonatologia aos adultos são resumidamente os seguintes:
-Ventilação Mandatória Controlada (CMV) é um modo ventilatório que controla o fluxo e o volume inspiratório e expiratório, e é totalmente independente do doente que não apresenta esforços ventilatórios.
-Ventilação Mandatória Assistida (A/CMV) é um modo ventilatório que controla o fluxo e o volume inspiratório e assiste o doente ao detectar o início do seu esforço inspiratório e accionando os parâmetros pré-estabelecidos.
-Pressão Inspiratória de Suporte (PSI) é um modo ventilatório parcial que ajuda a ventilação espontânea iniciada pelo doente por meio de uma pressão positiva inspiratória predeterminada e constante. Esta pressão positiva é iniciada logo depois que o ventilador detecta o início da inspiração e finaliza quando o fluxo inspiratório atinge o ponto máximo. O tempo inspiratório e a frequência ventilatória dependem do doente, enquanto o fluxo inspiratório e o volume corrente resultam da interacção do doente com a pressão exercida pelo ventilador
-Ventilação Mandatória Intermitente Sincronizada (SIMV) é uma modalidade ventilatória que permite ao doente realizar movimentos ventilatórios espontâneos nos intervalos dos ciclos programados
-Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas (CPAP) é um modo ventilatório que se caracteriza pela pressão positiva contínua nas vias aéreas na ventilação espontânea, na qual são as vias aéreas são mantidas abertas com pressão maior que a atmosférica durante todo o ciclo ventilatório
-Pressão Positiva no Final da Expiração (PEEP) tornou-se uma técnica muito difundida no tratamento de doentes com insuficiência respiratória aguda, submetidos ou não à ventilação mecânica. Quando se usa a PEEP em conjunto com ventilação mecânica estamos perante uma Ventilação com pressão positiva contínua
-Ventilação Oscilatória de Alta-frequência (VOAF) é caracterizada por uma frequência elevada de ciclos ventilatórios que permitem manter constantemente as vias aéreas abertas nas fases inspiratórias e expiratórias. O seu uso é mais frequente em Neonatologia.

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