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EDITORIAL

Acabaram as férias…

Este verão foi quente e mais uma vez os incêndios flagelaram o nosso rectângulo à beira mar plantado.
Outros fogos, entretanto também surgiram, mas destes não há fotografias e o rescaldo está longe de estar concluído havendo mesmo a possibilidade de alguns reacendimentos.
No âmbito da saúde o encerramento das maternidades parece ser um dos casos de reacendimento sempre que um presidente de câmara se lembra que, mais importante do que a garantia da saúde das mulheres e das crianças estão os interesses políticos e a garantia dos seus postos de trabalho.
Qualquer presidente de câmara tem por sonho ter no seu concelho um grande hospital, de preferência com todas as valências, de preferência altamente tecnológico e, se possível uma universidade ou no mínimo um instituto politécnico. Ora como é bom de ver, sendo legítimo este interesse, não nos parece muito racional o cumprimento desse desejo. Os interesses do país devem estar acima dos interesses e desejos locais, por isso os governantes têm que o ser muito para além da satisfação dos interesses daqueles que fazem parte das clientelas dos partidos que os suportam.
Outro incêndio que parece despertar no pós férias tem a ver com o acordo estabelecido entre o governo e a Associação Nacional de Farmácias. Ao que parece, estabeleceu-se como contrapartida à perda do monopólio da venda de medicamentos nas farmácias a possibilidade destas poderem prestar às populações outro tipo de cuidados de saúde. Esta possibilidade veio acordar uma entidade que nos parece fundamental no sistema de saúde, que é a Entidade Reguladora da Saúde que ao tomar conhecimento deste acordo o veio denunciar dizendo, e bem, que a prestação de cuidados de saúde deve ser feita por técnicos credenciados para o efeito, nomeadamente médicos e enfermeiros, técnicos esses que não se encontram nesses estabelecimentos. Saudamos a intervenção da ERS neste aspecto e esperamos vê-la a intervir mais em tudo o que puser em causa a qualidade da prestação de cuidados de saúde e o direito dos cidadãos a serem cuidados pelos técnicos indicados pelo seu mandato social e não por outros quaisquer. Pensamos que esta é uma questão que tem a ver com direitos das pessoas e não com quaisquer interesses corporativos.
Ficamos à espera.

António Amaral