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EDITORIAL
Especializações em Enfermagem
Considero que as Especializações foram um contributo importantíssimo no desenvolvimento da Enfermagem nas últimas décadas. Para além da melhoria de cuidados de saúde, com as especializações, iniciou-se uma abordagem investigativa na enfermagem em Portugal que até aí não existia. Os Especialistas contribuíram ainda, na minha opinião, para um reconhecimento da enfermagem e para alguma afirmação nos contextos dos cuidados, não só perante os utentes pela competência acrescida, como ainda perante a equipa multidisciplinar e estruturas hierárquicas das instituições de saúde. O contributo em termos de gestão que as especializações em enfermagem trouxeram, não é de omitir, porquanto outras formações vieram e estarão agora a reproduzir modelos formativos por nós experimentados.
Apontam-se novos modelos de especialização em enfermagem. Mas será que o actual modelo, com as adaptações que lhes têm sido introduzidas não responde aos verdadeiros problemas de saúde? Será que vamos encontrar um modelo melhor que o actual?
Tenho algumas dúvidas desta agendada mudança, num clima de falta de especialistas em Enfermagem e é certo que nos últimos anos não se formaram especialistas, e isso não contribuiu em nada para alguma estabilidade do sistema. Pode-se vir a encontrar um modelo de formação de especialistas simplista, reprodutor de práticas, quando ele deve sobretudo assentar em soluções do seu permanente questionamento, da utilização dos resultados das investigações e das evidencias científicas para a tomada de decisão, da produção de novos conhecimentos e na investigação tão necessária para o desenvolvimento da enfermagem como área de conhecimento.
Muitas Escolas Superiores de Enfermagem estão a apostar na formação de Pós-Licenciaturas de Especialização. Do que conheço, em alguns casos a opção foi manter um modelo formativo muito próximo do anterior face às avaliações que existiam.
Brevemente começaremos a lançar novamente especialistas tão necessários nos contextos de cuidados. Pena é que em alguns casos pareça não haver o respeito por alguns princípios globais orientadores dos planos de estudos, parecendo que o objectivo é simplificar (em tempo, em custos, etc.) talvez visando o lucro. Por exemplo as discrepâncias já existentes no número de semestres dos cursos pode originar uma corrida de rentabilização que não trará concerteza mais qualidade.
Considero que o desenvolvimento dos actuais Cursos de Pós-Licenciatura em Enfermagem, em Instituições que garantam altos níveis de qualidade formativa sem recurso a estratégias simplificadoras e economicistas, Instituições que apostem em garantirem oportunidades teóricas, teórico-práticas, e práticas adequadas, com contributo dos técnicos e experts internos e externos reconhecidos, com laboratórios de práticas inovadores, com bibliotecas e recursos bibliográficos actualizados, com experimentação e discussão dos temas, técnicas e métodos actualmente em debate na comunidade científica, permitirão excelentes Enfermeiros Especialistas.