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Ser gestor do risco é ser capaz de antecipar o inesperado

Entrevista com Jacinto Malva de Oliveira

 

Fomos entrevistar o enfermeiro Jacinto malva de oliveira. a entrevista vem a propósito da segurança dos doentes. temos ouvido falar do seu trabalho enquanto gestor de risco do centro Hospitalar de coimbra e foi nessa qualidade que o fomos entrevistar. era nosso propósito conhecer o papel do Gestor de risco, identificar os aspectos centrais da Gestão de risco numa organização de Saúde e conhecer as perspectivas de trabalho futuras no desempenho deste papel.
O enfermeiro Jacinto recebeu-nos no seu gabinete depois de mais um dia de trabalho. conversámos sobre os propósitos da minha entrevista, sobre os cHc e os seus projectos e sobre política de saúde claro. não é possível traduzir toda a riqueza da entrevista, fica pelo menos o essencial. no final fomos fazer uma visita ao Hospital e identificar na realidade as preocupações de um gestor de risco…

Quais as motivações que o levaram a aceitar ser “Gestor do Risco”
Sou hoje Gestor do Risco por uma circunstância acidental do passado. De facto, ao abandonar um cargo no IPOCFG foi-me proposta esta função, numa altura em que aquela Instituição se encontrava num processo de acreditação da qualidade. Na altura mal sabia o que se esperava de um gestor do risco. Na busca que então empreendi constatei que se tratava de um trabalho crítico para o sucesso de qualquer organização prestadora de cuidados de saúde e compreendi que podia ter perfil para o lugar. Decidi aceitar, consciente da tarefa hercúlea que me esperava. O percurso experiencial tem-me demonstrado que há um longo caminho a percorrer para incrementar políticas consistentes que promovam a qualidade e segurança na prestação de cuidados. Só para dar uma ideia da dimensão desta problemática estima-se que, apesar da subnotificação, possam ocorrer 10% de eventos adversos do total de admissões nos hospitais, 5% das quais com consequências muito graves. Sabe-se também que, grande parte dos erros e eventos adversos são evitáveis; 50%, aproximadamente. Face a estes números compreende-se bem, julgo, a enormidade de trabalho que há para fazer. Hoje a minha motivação principal é a de contribuir empenhadamente para a construção de sistemas seguros para a prestação de cuidados.