Índice do artigo

 

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Revista Sinais Vitais nº 89

Março de 2010

 

 

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SUMÁRIO

Editorial
A propósito de salários dos enfermeiros e do seu contexto

Actualidades
Nova escala para medir a dependência do trabalho

Novas descobertas sobre como as células alcançam a vida eterna

Relações mãe-filho são chave para o desenvolvimento emocional

Actualidades
Congresso “Gestão de feridas crónicas - uma abordagem de boas práticas”

Ciência e técnica
Úlceras de pressão em pediatria. realidade de uma unidade de cuidados intensivos

Ciência e técnica
Representações sociais do toxicodependente

Ciência e técnica
Cuidar de doentes portadores de paf com bexiga neurogénica

Ciência e técnica
Material para a abordagem da via aérea do doente crítico

Ciência e técnica
A família prestadora de cuidados - uma revisão da literatura

Ciência e técnica
Um caso de tromboembolismo pulmonar

Essencial sobre
Oxigenoterapia de longa duração - uma terapia para a vida

Formação
A simulação de cuidados complexos - uma nova ferramenta formativa

Vivências
Lepra. Ainda existe? Voluntariado junto dos leprosos

 

 

Editorial

 

A propósito de salários dos enfermeiros e do seu contexto

 

Decorreu mais uma greve dos Enfermeiros nos dias 29, 30, 31 Março e 1 de Abril. Uma das preocupações e principal reivindicação é um salário justo. Justo, não só em termos comparativos com os nossos colegas de grande parte dos países do mundo, mas em termos do valor comparável do trabalho entre profissões com o mesmo nível de formação em Portugal.

 

O Ministério da Saúde negocia remunerações mensais de início de carreira de €1200 para 2013, mantendo os actuais €1040, menos, €500 a €1500 que outros licenciados (professores, técnicos superiores de saúde, inspectores, médicos) da função pública. Esta decisão por parte do Ministério da Saúde, traduz uma desvalorização clara do valor económico do trabalho dos enfermeiros e do contributo social que este grupo profissional oferece. No que respeita aos processos de desenvolvimento profissional, especialidades, mestrados, pósgraduações ou doutoramentos os Enfermeiros são notoriamente discriminados quer sob o ponto de vista económico, de facilitação do processo e de reconhecimento.

 

Por exemplo, ao contrario de outros profissionais, para realizar a sua especialização, os enfermeiros têm que pagar cerca de €6000 do seu rendimento, duplicar as horas de trabalho e estágio, e no final apesar de serem profissionais mais competentes, mantém a mesma categoria, o mesmo trabalho e a mesma remuneração na maior parte dos casos. Esta desvalorização do papel dos enfermeiros, traduzida em desânimo e desmotivação não faltará muito que se torne em revolta, não só pelas questões de natureza económica, mas também pelas implicações na linha de rumo para a saúde no nosso País.É bom lembrar, porque parece que por vezes algumas pessoas têm memoria curta, o quanto o trabalho dos enfermeiros tem sido importante para a vida, segurança e saúde da população e quanto tem contribuído para a melhoria dos indicadores de saúde. Não se percebe então porque não se aproveitam melhor estes recursos!

 

Vejamos o caso dos cuidados de saúde primários: Os cuidados de saude primarios deveriam ter a sua centralidade nos enfermeiros, que acompanham as familias num contexto de proximidade, identificando, prevenindo resolvendo e encaminhando os problemas, como gravidez na adolescencia, toxicodependencia , alcoolismo, desenvolvimento infantil, doencas cronicas, etc. Precisamos de realizar rastreio do cancro do colo do utero e do recto, entao porque nao aproveitar a mais valia dos enfermeiros para realizar estes procedimentos? Não estou aqui a evocar nada de novo e que não se faça com vantagens (também económicas) por essa Europa fora.

 

O nosso modelo de organização da saúde, centrado no médico, não tem recursos, nem nunca terá, porque hoje a falta é de RH, mas no futuro a falta situa-se no âmbito dos recursos económicos. E claro, os indicadores de saúde da nossa população irão baixar muito, comparando com os actuais. É isso que pretendemos? É necessário deixarmo-nos de corporativismos e utilizar os recursos humanos da saúde e as suas competências se queremos manter os nossos níveis de saúde nos próximos vinte anos.

 

O tema da Revista Sinais Vitais é A ENFERMAGEM QUE FAZ A DIFERENÇA e os artigos deste número tentam retratar isso mesmo. Boas leitura!

 

Carlos Margato, Enfermeiro
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Actualidades

 

Congresso “Gestão de feridas crónicas - uma abordagem de boas práticas”

 

"Bom dia caros colegas. Bem-vindos ao congresso…"- Estas são célebres frases introdutórias proferidasnas sessões de abertura nos eventos formativos.O discurso do nosso foi pautado por uma palavraacrescida: "primeiro". De facto, foi o primeiro eventona área das feridas crónicas, sob o cunho do recém criadogrupo Feridasau, dinamizado pela Formasau.

 

Um evento que desejamos que fique guardadona memória dos participantes como um êxito. Um evento marcado pelo encontro de profissionais unido spela vontade de aprender, de divulgar, de partilhar sobre a temática de feridas cr ónicas, ligada às experiências, evidências e actualidades. Um evento marcado pela sua iniciativa, pela sua unicidade deter conseguido juntar numa mesa elementos de diferentes grupos de feridas existentes em Portugal. Acompanhem-nos caros colegas neste retrocesso temporal, para o espaço onde tudo decorreu.

 

Foi nos dias 9 e 10 de Abril, no moderno e acolhedor auditório do Pólo Ravara da ESEL .Vislumbrando a plateia: sempre cheia. Repleta! Na realidade, a assistência neste evento ultrapassou asexpectativas mais optimistas. É de prestigiar a numerosa, activa e interessada assistência, que semela não se teria alcançado o sucesso. O sucesso só é possível porque estes encontros são feitos por epara profissionais de saúde, nomeadamente enfermeiros.Os níveis de audiência rondaram os 100%em quase todas as mesas.

 

Orgulha-nos divulgar queas mesas eram compostas por painéis de peritosem feridas crónicas, com relevância nacional, que foram o cerne para o êxito do congresso, tendo-oenriquecido de forma determinante e única. Pudemos contar com personalidades ilustres, como EnfºJoão Gouveia, Drª Elaine Pina, Enfº Paulo Alves, EnfªAna Pedro, entre outros. Não é intenção desprestigiar ninguém por não evocar os seus nomes, pois foi de igual importância a participação de todos. Todos souberam dar resposta aos desafios colocados e dinamizara audiência acerca do assunto abordado.

 

 


 

 

ÚLCERAS DE PRESSÃO EM PEDIATRIA. REALIDADE DE UMA UNIDADE DE CUIDADOS INTENSIVOS

 

Graça Paula Gil Trindade
Licenciada em Enfermagem, Enfermeira Especialista em Saúde Infantil e Pediatria - Unidade de Cuidados Intensivos – Hospital Pediátrico de Coimbra

 

José Manuel Alves Fidalgo
Enfermeiro Especialista em Saude Infantil e Pediatria – Unidade de Cuidados Intensivos – Hospital Pediátrico de Coimbra

 

Ana Isabel Crespo Ferreira
Enfermeira Graduada – Unidade de Cuidados Intensivos Hospital Pediátrico de Coimbra

 

Maria da Conceição Capaz
Enfermeira Chefe, Especialista em Saúde Infantil e Pediatria – Unidade de Cuidados Intensivos – Hospital Pediátrico de Coimbra

 

RESUMO

 

Com o aumento do número de crianças com doença crónica, verifica-se uma maior probabilidade de aparecimento de úlceras de pressão. Na Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital Pediátricode Coimbra as situações mais frequentes deaparecimento de úlceras de pressão são: crianças submetidas a ventilação de alta frequência, crianças com traumatismo craneoencefálico e crianças com doenças neuromusculares. Neste sentido, desenvolvemos algumas estratégias de actuação com o intuito de minimizar os efeitos negativos de todosestes factores sobre a pele das crianças. Observamos que a imobilidade e as forças de fricção são das principais causas que levam ao aparecimentode úlceras de pressão. Cientes deste facto e com oobjectivo de optimizar a qualidade dos cuidados deenfermagem, elaborámos protocolos de prevenção e tratamento com vista à modificação e uniformização das práticas de enfermagem.

 

Palavras-Chave: Úlceras de pressão, pediatria, prevençãoe tratamento.

 

 


REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO TOXICODEPENDENTE

 

Ermelinda de Fátima Dias da Cunha de Macedo
Curso de Enfermagem Geral em 1991. Curso de estudos superiores especializados em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica em 1990. Mestrado em Educação: Área de Especialização – Educação para a saude em 2004. Experiencia profissional em cuidados diferenciados, cuidados de Saúde Primários e cuidados ao toxicodependente em centro de atendimento a toxicodependentes. Neste momento, Professora Adjunta na Escola Superior de Enfermagem – Calouste Gulbenkian da Universidade do Minho.

 

RESUMO

 

A toxicodependência é um problema que, directa ou indirectamente, afecta todas as pessoas e leva a opinião pública a querer caracterizá-la e a quer erentende-la mais profundamente. O estudo da toxicodependência é complexo pela diversidade de variáveis que podemos abranger, sobretudo numa perspectivade promoção da saúde. Considerando que a ritmicidade social deve ter tida em conta quando falamos de promoção da saúde, é importante considerar a toxicodependência numa vertente de ritmos biológicos, no sentido de melhor compreendero fenómeno.

 

Apesar de não existirem estudos sobreritmos sociais dos toxicodependentes, diversas opiniões sugerem que estas pessoas têm um estilo de vida próprio, isto é, ritmos próprios que não se sincronizam nem com os ritmos que a sociedade impõe, nem com os ritmos biológicos.

 

Palavras-chave: Toxicodependência, ritmos, ritmicidadesocial, promoção da saúde.

 

 


CUIDAR DE DOENTES PORTADORES DE PAF COM BEXIGA NEUROGÉNICA

 

Andreia Sofia Pereira
(Enfermeira no Hospital de Curry Cabral, Unidade de Transplantes)

 

Vânia Alexandra Cardoso
(Enfermeira no Hospital de Curry Cabral, Unidade de Transplantes)

 

RESUMO

 

Com o presente artigo, pretendemos abordar a problemática da bexiga neurogénica no doente com polineuropatia Amiloidótica Familiar (PAF), evidenciado as intervenções educacionais de enfermagem como estratégias promotoras da autonomia do doente.

 

PALAVRAS-CHAVE: Bexiga Neurogénica, Polineuropatia Amiloidótica Familiar, Ensino de Enfermagem

 

 


 

 

MATERIAL PARA A ABORDAGEM DA VIA AÉREA DO DOENTE CRÍTICO

 

Ana Patrícia Santos Cardoso
Enfermeira Especialista na Aérea Médico Cirúrgica, com 12 anos de profissão, 10 no Serviço
de Urgência, Instrutora de ATCN, com curso VMER, Pós Graduação em Emergência.
Hospital Infante D.Pedro, E.P.E. – Aveiro

 

RESUMO

 

A abordagem da via aérea assume uma crucial importânciado ponto de vista da sistematização do cumprimento da mnemónica “A, B, C, D, E” no doente crítico. É essencial ter conhecimentos acercada anatomia complexa da via aérea, mas também é de extrema importância estar actualizado acerca de novas condutas que por mais ínfimas que sejam, traduzem a diferença no tratamento. Nesta perspectiva, cabe a todo o profissional estar informadodo material disponível e do procedimento a ter perante esta temática.

 

PALAVRAS-CHAVE: Via aérea; Material; Adjuntos daVia aérea; Via aérea provisória; Via aérea definitiva

 

 


A FAMÍLIA PRESTADORA DE CUIDADOS UMA REVISÃO DA LITERATURA

 

Maria Joana Alves Campos
Equiparada a Assistente da Escola Superior de Enfermagem do Porto; Mestre de Enfermagem; Doutorando em Enfermagem
José Migu l dos Santos Castro Padilha
Professor Adjunto da Escola Superior de Enfermagem do Porto; Mestre em Ciências de Enfermagem; Doutorando em Enfermagem
Fernando dos Santos Oliveira
Professor Adjunto da Escola Superior de Enfermagem do Porto; Mestre em Filosofia área de especialização Bioética;
Doutorando em Enfermagem

 

 

 

Resumo

 

A integração de pessoas com défices no autocuidadona família perspectiva-se como uma transição complexa. Hoje é comum aceitar que a família é o melho rmeio para a sua integração. O objectivo central deste trabalho é dar a conhecer os aspectos relevantesdo percurso de pesquisa bibliográfica realizadaneste domínio. Consideramos que esta temática se enquadra no core da disciplina e é congruente como conceito de enfermagem avançada, no sentido da profissionalização dos cuidados no domínio das respostas humanas às transições.

 

Palavras-Chave: transição; preparação do regresso acasa; família.

 

 


UM CASO DE TROMBOEMBOLISMO PULMONAR

 

Mónica Lima
Enfermeira Licenciada Nível I Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, EPE
Patrícia Alves
Enfermeira Graduada Nível I Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, EPE

 

Resumo

 

A súbita oclusão do leito arterial pulmonar provocauma série de alterações hemodinâmicas e respiratórias.A gravidade dessas alterações vai depender da área arterial ocluída e do estado cardiorespiratório prévio do paciente. No entanto, estima-se que, nos EUA, ocorram 600 mil tromboembolismos pulmonares por ano, com morte na primeira hora em 10%. Foram estes dados que despertaram a atenção das autoras para a apresentação deste caso específico.No presente documento é descrito o caso clínico de um homem de 29 anos de idade, caucasiano, internado por tromboembolismo pulmonar, associado a deficitde proteína C. A propósito tecem algumas considerações teórico-práticas sobre esta entidade clínica, atribuindo ênfase aos cuidados de enfermagem.

 

Palavras-Chave: Tromboembolismo Pulmonar; Terapêuticaanticoagulante; Cuidados de Enfermagem

 

 


OXIGENOTERAPIA DE LONGA DURAÇÃOUMA TERAPIA PARA A VIDA

 

Anabela Picado
Enfermeira com Especialidade de Enfermagem de Reabilitação, CHLN - Hospital de Santa Maria
Elisabete Amaral
Enfermeira com Especialidade de Enfermagem de Reabilitação, Mestre em Intervenção Sócio organizacional na Saúde, CHLN - Hospital de Santa Maria
Joaquina Ribeiro
Enfermeira com Especialidade de Enfermagem de Reabilitação, CHLN - Hospital de Santa Maria

 

RESUMO

 

A Oxigenoterapia de Longa Duração (OLD ) é utilizada por doentes portadores de doenças pulmonares graves e hipoxémia grave, beneficiando estes de um aumento da sobrevida. Verifica-se por vezes uma fraca adesão dos doentes a esta terapêutica, designadamente: número de horas diárias de oxigénio, débito correcto de administração, uso incorrecto demáscaras e efeitos colaterais. Torna-se necessário a divulgação de informação junto dos doentes e suasfamílias na perspectiva de optimizar esta terapêutica e exigir responsabilidades quanto à sua utilização.

 

Palavras-Chave: Oxigenoterapia, Oxigenoterapia de Longa Duração, Informação Doente; Adesão.

 

 


A SIMULAÇÃO DE CUIDADOS COMPLEXOS - UMA NOVA FERRAMENTA

 

Leonel Preto
Professor Adjunto na Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Bragança
Adília Fernandes
Professora Adjunta na Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Bragança
Carlos Magalhães
Professor Adjunto na Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Bragança

 

Resumo

 

A simulação é uma estratégia formativa que visa melhorar habilidades e competências clínicas. O pressuposto básico que subjaz ao incremento das práticas simuladas em cuidados de enfermagem é a de que esta ferramenta favorece o processo formativo ao confrontar o aluno com situações predefinidas. Na tentativa de resolução dessas situações, e orientado pelo professor, o formando contextualiza o problema do qual detém um conhecimento prévio ,pondo em jogo todos os subsídios teóricos adquiridos em sala de aulas, com vista a à compressão /solução do problema. Este método de ensino ajusta-se às situações que envolvam processos de tomada de decisão, ou então a actividades práticas e cuidados complexos, em que a exigência da tarefa excede a habilidade na tarefa, e o treino pode aperfeiçoar o desempenho e reduzir o erro. Com o crescimento da complexidade dos problemas reais a simulação constitui uma ferramenta cada vez mais usada em várias áreas do conhecimento. Alguns conceitos referentes a esta técnica de ensino são aqui apresentados.

 

Palavras-Chave: Simulação; simuladores; cuidar; formação.

 

 


LEPRA. AINDA EXISTE? VOLUNTARIADO JUNTO DOS LEPROSOS

 

Vanda Marina de Lima Sampaio Pintassilgo Barnabé
Licenciada em Enfermagem. Actualmente em funções no Serviço de Cardiologia II – Hospital Pulido Valente – Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE

 

RESUMO

 

A Lepra é uma doença que ainda existe nos dias de hoje. Pensa-se que já está erradicada mas em países como Índia, Brasil, Moçambique e Madagáscar, há pessoas que continuam a sofrer com a doença e as suas consequências. Entre 2007/2009, a autora, através da Associação Portuguesa Amigos de RaoulFollereau, em parceria com os Serviços de Saúde locais, em Moçambique, desenvolveu actividades de voluntariado junto dos doentes de Lepra, no distrito rural que envolve a cidade de Nampula.

 

Palavras-Chave: Lepra; APARF; Voluntariado; Rastreio; Tratamento.