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EDITORIAL
A propósito do Dia internacional do Enfermeiro...

Convencionou-se festejar o dia internacional do enfermeiro a 12 de Fevereiro de cada ano. Assim, em todo o mundo milhares de enfermeiros uniram esforços para comemorar este dia em torno de um lema: Trabalhando com os pobres; Contra a pobreza. O lema foi proposto pelo Conselho Internacional de Enfermeiras (ICN) o qual é composto por cento e vinte e duas associações internacionais de enfermeiras de todo o mundo, incluindo a Ordem dos Enfermeiros Portugueses.
Ao nível do nosso País, a Ordem dos Enfermeiros, os Sindicatos e as Associações representativas de diferentes áreas da profissão uniram esforços para trazer a este dia um “colorido” especial.
Verificou-se por parte dos enfermeiros uma adesão muito significativa às iniciativas planeadas, demonstrando que a profissão tem uma relação privilegiada com os pobres e com a pobreza. A este facto não ficou alheia a comunicação social e foi interessante verificar a cobertura que deram aos diferentes eventos e acontecimentos que decorreram por esse país.
Realmente a comunicação social, a sociedade e até nós próprios temos dado pouco significado ao papel que a intervenção dos enfermeiros têm nos ganhos em saúde para a população. Foi bom ver as múltiplas entrevistas, os documentários em jornais, revistas, televisão e os múltiplos relatos de experiências de situações de doença explicitados por pessoas que viveram situações difíceis, onde o papel dos enfermeiros foi evidenciado com relevo.
Se por um lado houve uma mediatização do nosso papel, por outro nos diferentes contextos de acção, os enfermeiros precisam de se organizar, como já o fizeram noutros momentos. Hoje, sentimos uma ameaça à autonomia da enfermagem em diferentes domínios, na gestão de recursos, na formação e na gestão de cuidados, entre outros onde é necessário unir esforços para nos manter vinculados aos princípios, valores e cultura da profissão.
Nós enfermeiros, que sempre entendemos o nosso trabalho de uma forma desprendida, que cumprimos a nossa missão nos contextos de cuidados, de formação e da gestão sem contrapartidas especiais, temos que continuar a tomar as melhores decisões em cada momento e perante cada situação orientados pela ética e deontologia e evidência científica, para que a comunidade continue a encontrar em nós a âncora essencial à preservação do seu bem-estar.
Hoje temos que apostar na nossa responsabilidade com a comunidade elegendo a saúde como um bem mundial duradouro (Hesbeen, 2004), para a qual a nossa participação é imprescindível, apostando na capacidade de estar com o outro e na hospitalidade entre as pessoas.
O investimento actual terá que passar pela clarificação do nosso campo de acção, não nos preocupando apenas com a visibilidade daquilo que fazemos, mas evidenciado os ganhos em saúde da comunidade com aquilo que são os cuidados de enfermagem.

Carlos Margato