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Revista Sinais Vitais nº 91

Junho de 2010

 

 

 

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SUMÁRIO

EDITORIAL
A propósito da adesão à terapêutica

CIÊNCIA E TÉCNICA
Preparação para o parto no Centro de Saúde de Ílhavo - Contributo prático da vigilância pré-natal

CIÊNCIA E TÉCNICA
A dinâmica familiar após a alta do pré-termo

CIÊNCIA E TÉCNICA
O recém-nascido com necessidades de cuidados especiais - Da negociação em parceria à continuidade de cuidados no domicílio

CIÊNCIA E TÉCNICA
Perspectivas dos Enfermeiros face à presença dos pais durante a hospitalização da criança

CIÊNCIA E TÉCNICA
Cólicas do Lactente - Intervenção do Enfermeiro

CIÊNCIA E TÉCNICA
O lactente com hemangioma - O papel do enfermeiro

CIÊNCIA E TÉCNICA
Pudor e Maternidade

FORMAÇÃO
Programa de Orientação de Alunos em Estágio Clínico

O ESSENCIAL SOBRE
Terapêutica com Óxido Nítrico em Recém-Nascidos

 

EDITORIAL

A propósito da adesão à terapêutica

As evidências afirmam que um dos principais problemas com que o sistema de saúde se depara é o abandono ou o incorrecto cumprimento dos tratamentos prescritos pelos profissionais de saúde, cujas consequências tanto se reflectem na morbilidade e mortalidade como no aumento de resistência aos antimicrobianos, entre outros.

A adesão é definida, em geral, como a medida em que o comportamento da pessoa é concordante com as recomendações do prestador de cuidados. Naturalmente, abrange comportamentos alargados, relacionados com a saúde. Além de tomar a medicação prescrita, assumir comportamentos relacionados com a auto-gestão da doença e prevenção das complicações.

Sejam quais forem as estimativas de adesão em situações concretas, face a regimes terapêuticos de maior ou menor duração, a questão da adesão é reconhecida como multifactorial e complexa. É elevado o número de preditores de adesão / não-adesão e, aparentemente, têm-se destacado os factores individuais e ambientais. As consequências da não-adesão são tão graves que justificam um maior investimento e em larga escala, nas medidas de promoção da adesão ao regime terapêutico, para reduzir as barreiras ou os obstáculos ao cumprimento do regime terapêutico (in, Cadernos OE. Abril de 2009, Serie II, Nº 1, Catálogo da CIPE, ).

Tendo em conta uma notícia editada no Jornal The New York Times, e publicada no Jornal I, de 1 de Julho de 2010, uma das causas mais problemáticas da grande subida dos custos com a saúde nos Estados Unidos é que as pessoas não tomam os medicamentos que lhe são prescritos. Segundo esta fonte, quase metade dos doentes não tomam os medicamentos que lhe são receitados e um quarto nunca chega sequer a comprar os medicamentos. Estas falhas acrescentam mais 100 mil milhões de dólares (cerca de 80 mil milhões de euros) a mais aos custos em saúde, porque estes doentes pioram com frequência.

Em Portugal não se conhecem estudos que nos permitam analisar esta dimensão dos cuidados com a saúde, mas no dia a dia dos profissionais de saúde é conhecido vários obstáculos ao desempenho de uma boa gestão do regimes terapêuticos por parte das pessoas.

Enquanto prestadores de cuidados de saúde em quem as pessoas confiam no contínuo de cuidados, os enfermeiros encontram-se numa posição única para avaliar, diagnosticar, intervir e avaliar resultados nas questões relacionadas com a adesão.

Na prática o Enfermeiros tem, entre outras a responsabilidade de:

  • Avaliar o risco de não-adesão (incluindo • aspectos físicos, mentais, comportamentais, sócio-culturais, ambientais e espirituais);
  • Identificar os diagnósticos e motivos para a não-adesão;
  • Proporcionar intervenções apropriadas, adaptadas para o cliente, com base na avaliação; e
  • Avaliar a adesão ao tratamento.

Tendo em conta estas responsabilidades os enfermeiros podem desempenhar um papel importante na optimização da adesão ao tratamento ao nível do indivíduo, da família, da comunidade e do sistema de saúde. Este exige que nós enquanto profissionais assumamos este como um fenómeno actual e pertinente para desenvolver ganhos em saúde para a pessoa e para o próprio sistema.

A adesão ao tratamento envolve muitas actividades por parte da pessoa, nomeadamente:

  • Tomar os medicamentos de forma apropriada;
  • Marcar consultas de cuidados de saúde e comparecer às mesmas;
  • Fazer mudanças no estilo de vida, incluindo na dieta, exercício, cessação do tabagismo e gestão do stress, bem como a auto-gestão de outros comportamentos que melhoram a saúde e os resultados dos cuidados.

Para além disso, é necessária mais investigação para aumentar a compreensão dos profissionais de saúde relativamente ao problema complexo e multidimensional da não-adesão ao tratamento. As intervenções dirigidas aos determinantes de não-adesão precisam de ser avaliadas quanto aos respectivos efeitos e possibilidade de generalização.

As intervenções baseadas na investigação ao serem colocadas em prática vão melhorar os resultados e a qualidade dos cuidados e assim diminuir os gastos desnecessários.

Fica o desafio aos Enfermeiros.

Este número da Sinais Vitais é inteiramente dedicado à Saúde Materna e à Pediatria, espero que gostem.

 

Carlos Margato, Enfermeiro

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A DINÂMICA FAMILIAR APÓS A ALTA DO PRÉ-TERMO

Nunes, S.
Enfermeiro graduado a exercer funções na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais do Centro Hospitalar do Alto Ave, EPE

Senra, L.
Enfermeira com especialidade de Saúde Infantil e Pediátrica a exercer funções na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais do Centro Hospitalar do Alto Ave, EPE

Silva , P.
Enfermeiro graduado a exercer funções na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais do Centro Hospitalar do Alto Ave, EPE

Ferreira, L.
Professora Adjunta da Escola Superior de Enfermagem da Universidade do Minho

 

 

Resumo

Segundo a OMS (1961) é considerado prematuro ou pré-termo, todo o recém-nascido nado antes das trinta e sete semanas de gestação.

A sobrevivência de crianças com idade gestacional, antes consideradas inviáveis, é hoje possível em função dos avanços científicos, tecnológicos e com a crescente experiência dos profissionais de saúde. Actualmente o limite de viabilidade é as vinte e três semanas de gestação.

Na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais do Centro Hospitalar do Alto Ave, EPE, o número de recém-nascidos pré-termo tem vindo a aumentar, levando-nos a efectuar um estudo descritivo exploratório sobre a dinâmica familiar após a alta do prétermo, tendo como objectivo conhecer a dinâmica familiar após a alta hospitalar do pré-termo.

Concluiu-se que a integração dos pais nos cuidados ao seu filho, durante o internamento, é um factor facilitador da integração do pré-termo no contexto familiar, exigindo, no entanto, mudanças na dinâmica familiar. É de salientar, ainda, terem referido que a integração poderia ser mais facilitada se o apoio de enfermagem se prolongasse no domicílio.

 


 

O RECÉM-NASCIDO COM NECESSIDADE DE CUIDADOS ESPECIAIS - da negociação em parceria à continuidade de cuidados no domicílio

 

Cristina Isabel Reis Duarte
Enfermeiro

RESUMO

Criar as melhores condições nos cuidados prestados a um ser tão frágil como é o recém-nascido internado numa unidade de cuidados intensivos passa pela parceria de cuidados e também pela continuidade de cuidados na comunidade. Nesse sentido, é necessário proceder à negociação com os pais de uma forma progressiva para se estabelecer o plano de cuidados. Tal como dizem os vários autores, não há ninguém melhor para prestar cuidados como os próprios pais. O esforço deve ser no sentido de não só salvar a vida mas valoriza-la na sua essência, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento do recém-nascido inserido no seu contexto de vida.

PALAVRAS-CHAVE: Pais; enfermeiro;Palavras-chave: Família; pré-termo; integração

 


 

PERSPECTIVAS DOS ENFERMEIROS FACE À PRESENÇA DOS PAIS DURANTE A HOSPITALIZAÇAO DA CRIANÇA

Anabela Lambrança Oliveira Rosa

Antónia Maria Canaverde Crispim Hipólito

Lurdes Abreu Carvalho Sequeira

Enfermeiras Licenciadas, artigo elaborado com base em trabalho de investigação realizado no Curso de Complemento de Formação na ESE de Évora

 

Resumo

Optou-se por um estudo transversal, descritivo e de natureza quantitativa tendo em conta a questão central da investigação: Quais as perspectivas dos enfermeiros da área pediátrica sobre a presença dos pais durante a execução de procedimentos de enfermagem à criança hospitalizada? O instrumento de colheita de dados utilizado foi um questionário dirigido aos enfermeiros. Os resultados revelaram que a perspectiva dos enfermeiros face à presença dos pais durante a execução dos procedimentos de enfermagem à criança hospitalizada é influenciada por vários factores. Concluímos também que a opinião dos mesmos sobre a presença dos pais é sempre favorável; quando especificámos quais os procedimentos de enfermagem a sua opinião divergiu.

Palavras-Chave: Perspectivas dos enfermeiros, procedimentos dolorosos, procedimentos não dolorosos

 


 

 

CÓLICAS DO LACTENTE - INTERVENÇÃO DO ENFERMEIRO

Liliana Filipa dos Santos de Sousa
Enfermeira, a exercer funções no Serviço de Urgência Obstétrica e Ginecológica do Hospital São Francisco Xavier, com o grau de Licenciatura em Enfermagem

Ricardo José Santos Gomes
Enfermeiro, a exercer funções no serviço de Obstetrícia do Hospital de Cascais, com o grau de Licenciatura em Enfermagem

 

RESUMO

Cólica do lactente é definida como um período de choro vigoroso, intenso, inconsolável, num recém-nascido saudável, iniciando-se por volta das duas/ três semanas de vida e cessando espontaneamente por volta dos três/quatro meses. Apesar de mais de 50 anos de estudo sua etiologia e tratamento continuam desconhecidos. Acarreta perturbações no seio familiar, causando nos pais fadiga, frustração, sentimentos de culpa. O papel do enfermeiro deverá ser orientar, apoiar e ajudar os pais a lidarem com a situação.

Palavras-chave: Cólica; Lactente; Choro Vigoroso; Pais; Enfermeiro

 


 

O LACTENTE COM HEMANGIOMA - O PAPEL DO ENFERMEIRO

Simão Pedro Torres Martins
Licenciado em Enfermagem pela Escola Superior de Enfermagem do Porto

 

RESUMO

O hemangioma é uma patologia comum em lactentes, a sua etiologia ainda se encontra em estudo, sendo apresentadas várias hipóteses para o seu aparecimento.

Surge maioritariamente ao nascimento, revertendo espontaneamente na maioria dos casos. Contudo a ulceração, a dor e o risco de infecção podem surgir, sendo necessário tratamento, estando o enfermeiro responsável e capacitado para ajudar o lactente e família a ultrapassarem esta situação. Este documento pretende enfatizar o papel do enfermeiro no tratamento do lactente com hemangioma.

PALAVRAS-CHAVES: Hemangioma; Papel do Enfermeiro; Tratamento

 


 

PUDOR E MATERNIDADE

Célia do Rosário Neto Pedras
Enfermeira Graduada do Hospital da Força Aérea; Pós-graduação de Saúde Materna e Obstetrícia, na Escola Superior de Enfermagem de Lisboa; Pós-graduação em Gestão de Serviços e Áreas Clínicas, da Universidade Autónoma de Lisboa.

 

RESUMO

Pretendo reflectir sobre pudor e maternidade. Actualmente, no momento do parto, as mulheres são despojadas da sua roupa interior e o seu corpo frequentemente exposto a olhares/toques alheios. Será que existe lugar para o pudor no parto? Será que a mulher sente que a sua intimidade é desrespeitada? Ou, pelo contrário, que a exposição do corpo é natural e perfeitamente aceitável? Aqui, pretendo investigar como tem sido esta questão do Pudor ao longo dos tempos, nomeadamente no que diz respeito

 


 

PROGRAMA DE ORIENTAÇÃO DE ALUNOS EM ESTÁGIO CLÍNICO

Carla Marisa Ferrei ra Gome s / Maria Júlia Carneiro Fernandes
Enfermeiras do Serviço de Medicina Intensiva do Hospital Infante D. Pedro, E.P.E. Aveiro

 

Resumo

A formação em contexto hospitalar decorre num espaço no qual interagem um conjunto heterogéneo de pessoas. Sendo assim, é pertinente que no Ensino Clínico de Enfermagem, os diferentes intervenientes (docentes/ enfermeiros/ alunos) complementem a sua actuação de forma a alcançarem a qualidade na formação e na prestação de cuidados.

Neste sentido, o Serviço de Medicina Intensiva do HIP, E.P.E. elaborou um Programa de Orientação de Alunos em Estágio Clínico de Enfermagem, com o intuito de construir uma abordagem consensual em torno desta temática. Este permitirá à equipa de Enfermagem, partilhar de uma referência comum na metodologia ensino-aprendizagem, garantindo desta forma a uniformidade na actuação.

Palavras chave: Serviço de Medicina Intensiva, Ensino Clínico de Enfermagem, Programa de Orientação.