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Revista Sinais Vitais nº 93

Dezembro de 2010

 

 

 

 

 

 

SUMÁRIO

Editorial
A enfermagem e o uso da evidência na prática

Tendências
Teoria das transições – Aplicação prática num adolescente submetido a um CDI

Gestão | Liderança
A importância do balanced scorecard para os enfermeiros gestores

Feridasau
Abordagem da úlcera de pressão - plano preventivo

Ciência & técnica
A infecção nosocomial associada aos cateteres vasculares

Ciência & técnica
Traumatismo vertebro-medular - boas práticas em enfermagem?

Ciência & técnica
As fontes na investigação histórica da enfermagem em Portugal

Essencial sobre...
Reeducação funcional respiratória no processo de desmame de ventilação

Feridasau
PH no control do microambiente das feridas crónicas

 

A ENFERMAGEM E O USO DA EVIDÊNCIA NA PRÁTICA CLÍNICA

 

Os avanços tecnológicos representam aquisições ao processo de cuidar e à prática profissional do enfermeiro, exigem novas atitudes, condutas e formas de pensar e ser. É por isso necessário compreender o impacto que estes apresentam no cuidado, no sentido de validar conhecimentos e produzir evidências que subsidiem sua aplicação. Emerge a necessidade de pesquisas que comprovem a efectividade das intervenções actuais, tornando-as mais confiáveis para a comunidade e para a própria imagem social da profissão.

Actualmente, devido às diversas inovações na área da saúde e à evolução do conhecimento em enfermagem, a tomada de decisão dos enfermeiros necessita estar pautada por princípios científicos, a fim de seleccionar a intervenção mais adequada para a situação específica de cuidado, uma vez que existem diferenças entre esperar que estes avanços tenham resultados positivos e verdadeiramente saber se eles funcionam.

A incorporação desses pressupostos noutras disciplinas e também na Enfermagem, ampliou o conceito de Prática Baseada em Evidência (PBE). Esta prática implica uma abordagem para a intervenção clínica e para o ensino, fundamentada no conhecimento e qualidade da evidência científica, com a finalidade de promover a qualidade dos serviços de saúde e a diminuição dos custos de produção.

Emerge a necessidade de ampliar a concepção da investigação na prática profissional para que esta possa ser vista como uma ferramenta do processo de trabalho do enfermeiro, efectivamente como uma dimensão da prática. Nesta perspectiva, os enfermeiros têm vindo a capacitar-se para realizá-la, bem como compreendê-la como produção e validação do conhecimento, com uma visão crítica e responsável.

É verdade que a aplicação da prática baseada na evidência no exercício clínico do enfermeiro enfrenta alguns obstáculos, como a organização exaustiva de trabalho, a cultura institucional que não apoia o desenvolvimento de investigação, a escassez de tempo que incorpora apenas os recursos na execução de actividades e tarefas de acompanhamento e suporte aos utentes, o facto das evidências produzidas com maior rigor estarem na maioria das vezes noutro idioma e terem sido testadas noutra realidade, bem como a inépcia em pesquisar e aplicar os resultados. Além do mais, para o desenvolvimento da PBE é preciso que o enfermeiro tenha conhecimento sobre epidemiologia clínica, bioestatística e sobre informática em saúde.

Apesar de todas as dificuldades encontradas, faz-se necessário difundir a PBE entre os profissionais de enfermagem, uma vez que facilita o aperfeiçoamento dos profissionais com a compilação dos dados de vários estudos com boa qualidade metodológica sobre um determinado tema em um único estudo, o que a torna uma ferramenta do processo de trabalho do enfermeiro.

Um dos contributos importantes para uma PBE são as revisões sistemáticas da literatura que têm a relevância de juntar e sintetizar a evidência válida gerando uma nova perspectiva sobre o que se sabe, identificando lacunas de evidência científica e gerando novas perguntas de investigação.

O facto de neste número da Revista Sinais Vitais aparecerem alguns artigos recorrem à revisão sistemática da literatura serve, por um lado, para colocar em destaque as capacidades dos enfermeiros em usarem esta metodologia de investigação e por outro, a possibilidade de se usarem e testarem os dados aqui publicados na prática clínica.

Neste número surge ainda informação sobre a data de entrada do artigo e a sua aceitação de publicação, aspecto essencial na evolução de qualidade que o uso deste critério trás à transparência editorial e que iremos manter nos próximos números.

Carlos Margato, Enfermeiro
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