Índice do artigo

sv101 100 Revista nº 101 - Março 2012

 

 

 

SUMÁRIO

EDITORIAL

ENTREVISTA – ENF. RAQUEL SILVA

CIÊNCIA & TÉCNICA

PROGRAMAS DE MANUTENÇÃO OPIÓIDE COM METADONA - PAPEL DO ENFERMEIRO

CIÊNCIA & TÉCNICA

ENVELHECIMENTO E SOLIDARIEDADES FAMILIARES

A FAMÍLIA DA CRIAN ÇA COM PARALISIA CEREBRAL - PERSPECTIVAR O PAPEL DO ENFERMEIRO NA CONSTRUÇÃO DA RESILIÊNCIA FAMILIAR

A FAMÍLIA PRESTADORA DE CUIDADOS - UMA REVISÃO DA LITERATURA

ENVELHECER COM AUTONOMIA

HUMANIZAÇÃO NOS CUIDADOS CONTINUADOS QUAL O CAMINHO?

SATISFAÇÃ O DO UTENTE INTERNADO - UM ESTUDO EMPÍRICO

SIGILO PROFISSIONAL - QUE IMPLICAÇÕ ES PARA A PRÁTICA DE ENFERMAGEM?

A TÉCNICA DE CANGURU NO RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO

POSTURAS SEXUAIS NO UTENTE SUBMETIDO A ARTROPLASTIA TOTAL DA ANCA POR VIA POSTERIOR

 

SUMÁRIO

A Ordem dos Enfermeiros fez saber, há poucos dias, que penalizará os enfermeiros que através da formação estejam a fazer com que outros se permitam realizar actividades da nossa área de autonomia. Para nós parece ser louvável esta tomada de posição, no entanto ela pode ser perigosa, se não for complementada com outras medidas de supervisão e de controlo das unidades prestadoras de cuidados, no sentido de prevenir que, aos utentes desses serviços, sejam prestados cuidados de menor qualidade que coloquem em causa a segurança e o bem estar dessas pessoas. Dito isto é importante regular a prestação e perceber que, se isto não for feito outros, não enfermeiros podem propiciar formação dizendo que estão a formar para cuidar de populações vulneráveis, idosos, grávidas entre outros.

Regular a profissão significa também penalizar as organizações e os enfermeiros que, no exercício regular das suas funções, delegam noutros a responsabilidade por executarem acções que são a essência do cuidar e a essência da Enfermagem, muitas vezes atribuindo, por omissão, competências aos assistentes operacionais, para as quais não têm nenhuma preparação. Falo por exemplo do atendimento das campainhas que, parecendo um acto tão elementar atribui a esses profissionais a capacidade de fazer uma triagem das necessidades dos doentes, decidindo se é necessário ou não chamar o enfermeiro e até da necessidade de chamar um médico, já para não falar na decisão de dar banho aos doentes apenas, porque eles se levantam e podem ir à casa de banho. Ora se os enfermeiros têm como perspectiva a maximização do autocuidado, como é que é possível atingir este objectivo se não for um enfermeiro a acompanhar a pessoa nos momentos em que essa capacidade pode ser desenvolvida, onde está a capacidade de diagnóstico? Sei que muitas destas decisões estão ligadas à diminuição do número de enfermeiros nos serviços, mas esse argumento, sendo válido, não pode colocar em causa a própria identidade da enfermagem e a qualidade do atendimento.

Exige-se que os serviços sejam dotados de forma a garantir dotações seguras para os doentes e para os profissionais. A Ordem necessita também de estar atenta à comunicação social, já que ela é agente indutor da tomada de posição dos cidadãos sobre o que vêem ou lêem.

Neste ponto, parece ser clara a ideia do INEM de substituir os Enfermeiros por outros técnicos. Todos nós sabemos que essa decisão vai penalizar aqueles que necessitam desses cuidados. Mas o que está a acontecer? Na televisão pública está a passar uma série de reportagens sobre o trabalho das equipas de emergência, (U24) mas, espanto, é que na sua maior parte, os protagonistas são exactamente os Tripulantes de Ambulâncias de Emergência, os tais que querem substituir os enfermeiros. Mais, na série eles tomam decisões complexas como a de administrar Oxigénio entre outras. Estará este programa ao serviço das pessoas que necessitam de cuidados de qualidade ou ao serviço das posições que, apenas para poupar pretendem substituir profissionais preparados com elevado grau de diferenciação na área, por outros com apenas uma formação básica e que muitas vezes optam por decisões voluntaristas que podem colocar em risco os que necessitam de decisões ponderadas e cientificamente fundamentadas?

Pensemos nisto.

António Fernando Amaral, Enfermeiro
Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.