Revista Investigação em Enfermagem (2001), nº4 - Agosto: 42-59
IMPACTO DE UM PROGRAMA DE INFORMAÇÃO ESTRUTURADA NA RECUPERAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA
MARIA NAZARÉ RIBEIRO CEREJO(*)
Palavras chave: Ansiedade; Avaliação; Informação pré-operatória; Recuperação pós-operatória.
Resumo: O estudo desenvolvido tem como principal objectivo: verificar o impacto de um programa de informação estruturado, ministrado a 28 utentes, grupo “experimental”, que vão ser submetidos a cirurgia electiva, instituído no pré-operatório imediato e avaliado no pós-operatório imediato. Como estratégias para o controlo do efeito do programa, utilizaram-se dois grupos de comparação. Assim, a um deles que se designou de “experimental 1” e foi constituído por 27 utentes, foi ministrada uma intervenção placebo. Ao outro não foi efectuada qualquer intervenção na área da comunicação, atribuindo-se-lhe a designação de grupo de “controlo”, sendo constituído por 31 utentes. Dado que a ansiedade interfere na recuperação pós-operatória, conforme referem autores como JOHNSTON (1986), MOERMAN et al (1996), KIECOLT-GLASER et al (1998), avaliou-se a ansiedade estado nos três grupos através do Inventário de Ansiedade Estado de Spielberger e a ansiedade pré-operatória com recurso à “The Amsterdam Preoperative Anxiety and Information Scale” de MOERMAN et al. (1996), após o que se desenvolveu a informação estruturada ao grupo “experimental” e o diálogo placebo ao grupo “experimental 1” e decorrida uma hora, os utentes destes dois grupos preencheram novamente as escalas de ansiedade supra-citadas. No grupo de controlo esta segunda medida não foi efectuada. No pós-operatório imediato foi avaliado o nível de recuperação nos três grupos através de uma grelha de observação. Como resultados, verificou-sehaver uma diferença significativa na condição de recuperação do grupo “experimental” relativamente aos outros dois grupos. Os utentes submetidos ao programa de informação estruturada, apresentaram menor nível de ansiedade do que os do grupo “experimental 1” e estes menor do que os do grupo de “controlo”. Verificou-se um melhor nível de recuperação pós-operatória, nos utentes do grupo “experimental” seguido do grupo “experimental 1” e por último os do grupo de “controlo”. Assim, os resultados obtidos sugerem que a informação estruturada e o diálogo placebo surtiram efeito, porém a informação estruturada revelou-se mais eficaz.
* Assistente na ESEAF. Mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Medicina de Coimbra