Revista Investigação Enfermagem nº23 Fevereiro de 2011 |
EDITORIAL: O QUE MOVIA NIGHTINGALE?
Paulo Joaquim Pina Queirós
EFEITO DA VARIÁVEL PREPARAÇÃO PARA O PARTO NA ANTECIPAÇÃO DO PARTO PELA GRÁVIDA: ESTUDO COMPARATIVO
THE EFFECT OF THE VARIABLE “PREPARATION FOR CHILDBIRTH” AT “ANTICIPATING CHILDBIRTH EXPERIENCE” OF PREGNANT WOMEN: COMPARATIVE STUDY
Carla Manuela Lino Morgado; Carla Olívia Costa Pacheco; Cília Mirene Simões Belém; Maria de Fátima Correia Nogueira
PREPARAÇÃO PARA O PARTO: PERCEPÇÕES DOS PROFESSORES DE ENFERMAGEM
CHILDBIRTH PREPARATION: NURSING TEATCHERS PERCEPTIONS
Germano Couto
OLHAR OS OLHOS DO PREMATURO… ROP! EXPERIÊNCIA DA UCINP
LOOK AT THE EYES OF PREMATURE... ROP! EXPERIENCE OF UCINP
Andrea Oliveira; Helena Nascimento; José Manuel Monteiro; Raquel Neves
CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO PONDERAL, HÁBITOS ALIMENTARES E ACTIVIDADE FÍSICA EM CRIANÇAS DE IDADE PRÉ-ESCOLAR
CHARACTERIZATION OF STATE WEIGHT, EATING HABITS AND PHYSICAL ACTIVITY IN CHILDREN OF PRESCHOOL AGE
Maria Teresa Loureiro Martins
EFECTIVIDADE DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE: CRENÇAS E COMPORTAMENTOS DOS ADOLESCENTES FACE AO ÁLCOOL
EFFECTIVENESS OF HEALTH EDUCATION: BELIEFS AND BEHAVIORS OF ADOLESCENTS COMPARED TO ALCOHOL
Fernanda Alves; Sónia Carvalho
EFEITO DE UM PROGRAMA COMPREENSIVO DE BASE INSTITUCIONAL PARA MODIFICAÇÃO DOS HÁBITOS DE VIDA, NOMEADAMENTE, OS HÁBITOS ALIMENTARES E DE ACTIVIDADE FÍSICA EM UTENTES ALCOÓLICOSRESULT OF A COMPREHENSIVE PROGRAM OF INSTITUTIONAL BASE TO MODIFY LIFE HABITS, SPECIALLY, THE ALIMENTARY AND PHYSICAL ACTIVITY HABITS IN ALCOHOLIC PATIENTS
Hélder Bruno da Fonseca Gomes; Leonor Mata Correia
A QUALIDADE DE VIDA DOS DOENTES TOXICODEPENDENTES EM PROGRAMA DE SUBSTITUIÇÃO COM METADONA NO ALGARVE: UM ESTUDO COMPARATIVO DA SUA SITUAÇÃO EM 2003 E 2008
DRUG ADDICTS PATIENTS QUALITY OF LIFE IN METHADONE MAINTENANCE TREATMENT PROGRAMS IN ALGARVE: A COMPARATIVE STUDY OF THEIR SITUATION IN 2003 AND 2008
Nuno Álvaro Caneca Murcho; Paula Maria Coimbra Pereira
PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NOS CUIDADOS AO UTENTE INTERNADO NUM SERVIÇO DE ORTOPEDIA: CONTRIBUTOS PARA MELHORAR A COMUNICAÇÃO E A QUALIDADE DOS CUIDADOS AO UTENTE.
FAMILY PARTICIPATION IN CARING THE PATIENTS HOSPITALIZED IN ORTHOPEDIC SERVICE. CONTRIBUTIONS TO IMPROVE COMMUNICATION AND QUALITY OF CARE TO THE PATIENT
Isabel Maria Lopes Martins Nunes
PROCESSO DE LUTO EM IDOSOS. ESTUDO EXPLORATÓRIO DE UM MODELO DE INTERVENÇÃO
BEREAVEMENT IN THE ELDERLY. EXPLORATORY STUDY OF AN INTERVENTION MODEL
Ana Margarida Lucas; Liliana Pereira Rodrigues; Susana Correia; Maria Clara Graça Lopes; José Carlos Santos
EDITORIAL
O QUE MOVIA NIGHTINGALE?
“Por que razão testemunham as mulheres paixão, intelecto, actividade moral (…) e têm afinal um lugar na sociedade onde nada disso pode ser aproveitado? (…) Tenho necessidade de aspirar a uma vida melhor para as mulheres”.(1)
Esta afirmação foi produzida em 1859 por Florence Nightingale, consta nas suas Suggestions for Thought to Searchers after Religious Truth, e exprime um claro compromisso social.
Durante o ano 2010 comemoramos, um pouco por todo o lado, o centenário do desaparecimento de Nightingale (1820-1910). Foi enfatizada a sua importância, a natureza do seu pensamento e da sua obra, o seu pioneirismo, a sua força e a sua iniciativa que permitiu que seja considerada um marco para a enfermagem, mas cuja obra e acção ultrapassa reconhecidamente o seu âmbito. Mas o que movia Florence Nightingale?
Raramente personalidades desta importância são fruto do acaso. É comum em pessoas que deixam marca, como Nightingale, a existência de um quadro motivacional organizado em valores e visões do mundo, suficientemente fortes, para se tornarem num programa de vida.
Nightingale é mulher, nas circunstâncias do seu meio - Inglaterra protestante e vitoriana, no seu estrato social, viajada, atenta, porque inteligente; preocupada, porque mulher de valores; empenhada por “dever social”.
Programa Social Protestante – “Os deveres sociais”
Em 1849, no retorno da viajem cultural pela Grécia e Egipto, Nightingale, passa pela Alemanha, mais precisamente em Kaiserswerth onde visita o pastor Luterano Theodor Fliedner. (2)
Fliedner é, nem mais nem menos, o fundador da primeira Casa das Diaconisas. Quem são as diaconisas? “As diaconisas nasceram da vitalidade social manifestada pelo pietismo protestante, sobretudo germânico. A sua origem resulta da Sociedade de Senhoras para cuidar dos pobres e dos doentes, criada por Amalie Sieveking (1794-1859), filha de um senador de Hamburgo.” (3)
Há quem veja o movimento das diaconisas a surgir das críticas que os católicos dirigiam aos protestantes. Sulzer, católico, crítico do protestantismo escrevia: “A caridade, essa flor celeste, não pode crescer no terreno seco e arenoso da Igreja protestante” (4). O certo é que a Igreja católica contava com ordens religiosas que se encarregavam do trabalho social com os pobres. “No protestantismo, a criaçãodo ministério de diaconisas surge também da possibilidade de as mulheres realizarem uma prática social caritativa”.(5)
Segundo Jean Baubérot no capitulo “Da mulher protestante” da obra “História das Mulheres” dirigida por Duby, Perrot e Fraisse (este último para o volume do séc. XIX), a Casa de Kaiserswerth acolhia ”noviças” de outros estabelecimentos. O Pastor Fliedner descrevia assim a estadia que elas aí cumpriam: “Pensamos que a melhor formação das irmãs consiste em fazer estágios em todos os estados dos doentes, bem como no lar, mas sem esquecer a instrução técnica ministrada por um médico, a instrução na cura da alma ministrada por mim próprio e os cuidados a prestar ao corpo ensinados pela minha mulher.”(6)
Florence Nightingale, após a primeira visita a Kaiserswerth, “regressou para receber o treino de enfermagem, revelando-se uma pupila com excelentes capacidades, o que motivou o Pastor Fliedner a sugerir-lhe a publicação de um relatório acerca da vida em Kaiserswerth”. A obra surge em 1851 com o título: “The Institution of Kaiserswerth on the Rine, for the practical training of deaconesses, under the direction of Rev. Pastor Fliender, embracing the support and care of a hospital, infant and industrial schools, and a female penitentiary”.(7)
O movimento das diaconisas surge como resposta ao assistencialismo católico organizado em ordens religiosas – “existem semelhanças entre o estatuto de diaconisa e o de religiosa de uma ordem de caridade”. (8) Até na posição em relação ao casamento e ao celibato, no vestuário (hábito) e na organização das Casas, hierarquizadas como os mosteiros (irmã superiora). Este movimento não reúne consenso no heterogéneo mundo protestante. Afasta-se da visão protestante clássica da vida cristã, para a qual a devoção por amor não implica uma forma de vida específica. Para alguns lembra “os conventos criados na Idade Média e abolidos por Lutero”.(9)
O Feminismo Protestante – “Obra civilizadora”
Retomando a primeira frase transcrita em epígrafe, percebemo-la com mais facilidade, quando consciencializamos que Florence Nightingale é protestante. Ora as “as mulheres protestantes atrevem-se a interpretar a Bíblia e, apoiando-se nela, questionam o lugar atribuído à mulher, defendendo a sua igualdade com o homem” (10). Ao tempo esta postura é um desafio e um desafio promissor.
O “feminismo protestante” assume importância marcada na história da emancipação das mulheres. Esse impulso contribui para um reposicionamento da mulher na sociedade, sobretudo nos países anglo-saxónicos.
O debate, masculino/feminino, envolvendo algumas teólogas (note-se no feminino) exprime-se na criação de uma exegese feminista da Bíblia, por vezes com algum radicalismo bem patente por exemplo nas afirmações de Eugénie Niboyet:
“Eva foi criada a partir da costela de Adão? Ora essa costela é uma matéria humana, um material mais nobre do que a argila, o pó da terra de que Deus se serviu para criar o primeiro homem. Nesse momento será invocada a ordem da criação: o homem é levado à existência em primeiro lugar, a mulher em seguida. Mas, precisamente, essa ordem manifesta uma progressão: os monstros marinhos, os animais, o homem, por fim a mulher e nada acima dela. Quando Eva foi criada, a criação tinha atingido a sua inteira plenitude e Deus podia repousar ao sétimo dia.” (11)
as mulheres das classes baixas, advoga que as mulheres das classes elevadas não devem mostrar-se “indolentes” nem “maquilhar-se até se desfearem” para esconder algumas rugas precoces, mas cumprir “deveres sociais” que são, tanto quanto as fórmulas de oração geral, as marcas da “verdadeira piedade”.
“Esta consciência de ter «deveres sociais» impregna a senhora da obra protestante do século XIX. De um conjunto de fundadoras de obras de alcance local, regional ou mesmo nacional, emergem grandes figuras femininas com influência internacional, como Josephine Butler, que se ocupa das prostitutas, Elisabeth Fry, reformadora da condição penitenciária, e Florence Nightingale, que organiza a profissão de enfermeira”.(12)
Não restam dúvidas que Florence Nightingale foi uma mulher do seu meio nas suas circunstâncias ao qual não foi estranho o programa social religioso de um grupo especifico do protestantismo – as diaconisas, acompanhando, inserindo-se e contribuindo para o movimento feminista protestante. Não nos esqueçamos que “a missão de «salvar o mundo», profundamente ancorada na tradição evangélica, toma para certas feministas a forma de uma obra civilizadora”.(13)
Continuemos
Paulo Joaquim Pina Queirós
Notas:
1 – Käppeli, Anne-Marie: “Cenas Feministas” in Duby, G.; Perrot, M (1994): - História das Mulheres. O Século XIX. Porto: Edições Afrontamento, p. 560
2 – Lopes, L.; Santos S (2010): - Florence Nightingale – Apontamentos sobre a fundadora da Enfermagem Moderna. Revista de Enfermagem Referência, III Série . nº 2 Dez.
3; 4; 5; 6 – Baubérot, Jean: “Da mulher protestante” in Duby, G.; Perrot, M (1994): - História das Mulheres. O Século XIX. Porto: Edições Afrontamento, 244-246
7 – Lopes, L.; Santos S (2010): - Florence Nightingale – Apontamentos sobre a fundadora da Enfermagem Moderna. Revista de Enfermagem Referência, III Série . nº 2 Dez
8; 9; 10; 11; 12 – Baubérot, Jean: “Da mulher protestante” in Duby, G.; Perrot, M (1994): - História das Mulheres. O Século XIX. Porto: Edições Afrontamento, 246 -250
13 - Käppeli, Anne-Marie: “Cenas Feministas” in Duby, G.; Perrot, M (1994): - História das Mulheres. O Século XIX. Porto: Edições Afrontamento, p. 560
EFEITO DA VARIÁVEL PREPARAÇÃO PARA O PARTO NA ANTECIPAÇÃO DO PARTO PELA GRÁVIDA: ESTUDO COMPARATIVO
Carla Manuela Lino Morgado(1)
Carla Olívia Costa Pacheco(2)
Cília Mirene Simões Belém(3)
Maria de Fátima Correia Nogueira(4)
Resumo
Os cursos de preparação para o parto surgiram para reduzir a ansiedade e a dor associados ao parto, sendo hoje um direito legalmente estabelecido (Lei nº 142/99 de 31 de Agosto), com vantagens evidenciadas (Bento, 1992; Freitas & Freitas, 1996; Vieira, 1996; Leventhal et al. apud Figueiredo, Costa & Pacheco, 2002; Couto, 2006) que, contudo, ainda não estão disponíveis para todas as grávidas (Vieira, 1996; Antunes, Lopes & Fernandes, 2006).
Realizou-se um estudo descritivo-correlacional que teve como objectivos analisar a “Antecipação da Experiência de Parto” de 69 grávidas que recorreram aos Serviços de Consulta Externa de Obstetrícia e Núcleo de Partos do Hospital de São Sebastião e comparar o efeito da variável “Preparação para o Parto” na “Antecipação da Experiência de Parto” dessas grávidas. Utilizou-se para o efeito o Questionário de Antecipação do Parto de Costa et al (2005).
Do estudo conclui-se, que as grávidas, que frequentaram no mínimo 4 sessões de preparação para o parto, apresentam um melhor planeamento e preparação para o parto, esperam sentir menos dor durante o mesmo, possuem mais conhecimentos sobre a anestesia epidural, treinam mais métodos de respiração e relaxamento, esperam demorar menos tempo a tocar no bebé e preparam o enxoval antes das grávidas que não realizaram preparação para o parto.
Palavras-chave: Maternidade; Preparação para o Parto; Gravidez.
(1) Enfermeira Licenciada, Serviço de Obstetrícia II do Hospital Infante D. Pedro - Aveiro, Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia.
(2) Enfermeira Licenciada Graduada, Centro de Sáude de Ovar – USF S. João Ovar, Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia.
(3) Enfermeira Licenciada Graduada, Serviço de Obstetrícia/Bloco de Partos do Hospital Infante D. Pedro - Aveiro, Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia.
(4) Enfermeira Licenciada Graduada, Serviço de Obstetrícia/Bloco de Partos do Hospital Infante D. Pedro - Aveiro, Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia.
PREPARAÇÃO PARA O PARTO: PERCEPÇÕES DOS PROFESSORES DE ENFERMAGEM
Resumo
Objectivos Identificar as percepções que um grupo de professors de Enfermagem, especialistas em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica, têm sobre a Preparação para o Parto; analisar a interpretação que fazem sobre a Preparação para o Parto no distrito do Porto; saber qual a sua opinião sobre o papel do enfermeiro na Preparação para o Parto; perceber na sua opinião os objectivos da Preparação para o Parto; analisar o papel das escolas superiores de Enfermagem perante a Preparação para o Parto.
Metodologia qualitativa através de um estudo descritivo. Para atingir estes objectives, foram entrevistados 8 professores de Enfermagem, do sexo feminino, que ensinam no sector privado e público no distrito do Porto, Norte de Portugal.
Resultados revelam que a Preparação para o Parto é um momento de educação em saúde, que envolve procedimentos técnicos, educacionais, relacionais e informativos; de grande importância para a grávida e enfermeiros, desde o início da gravidez até ao puerpério, como um caminho para a mudança de comportamentos errados, para obtenção de ganhos em saúde para a grávida e sua família.
Conclusão A Enfermagem deve visualizar e entender a Preparação para o Parto, socialmente, como um momento privilegiado para a grávida e sua família, como uma estratégia política de educação em saúde para resultados evidentes e duráveis.
Palavras-chave: Gravidez; Trabalho de Parto; Nascimento; Obstetrícia; Enfermagem; Percepções.
(1) Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica. Mestre e Doutor em Ciências de Enfermagem. Centro de Saúde de Vila do Conde e Modivas
Olhar os olhos do prematuro… ROP! Experiência da UCINP
Andrea Oliveira(1)
Helena Nascimento(1)
José Manuel Monteiro(1)
Raquel Neves(1)
Resumo
A retinopatia da prematuridade (ROP) é uma doença vascular proliferativa que ocorre na retina do recém-nascido prematuro (RNP). A etiopatogenia da doença é multifactorial, sendo a prematuridade e o baixo peso ao nascer os principais factores de risco para o seu desenvolvimento. Segundo o Comité Internacional para a ROP esta classifica-se de acordo com a sua localização, extensão e estadio. A crioterapia ou fotocoagulação com laser tem-se tornado progressivamente o tratamento de escolha, podendo-se também recorrer à cirurgia vítreo-retiniana nos casos mais graves. Este trabalho resultou de um estudo retrospectivo, numa UCINP (Unidade Cuidados Intensivos Neonatais e Pediátricos) por consulta dos processos clínicos dos RNP internados durante 10 anos (1997 a 2007). A finalidade foi identificar os casos de ROP e quais os factores de risco mais frequentes. A nossa amostra foi de 87 RNP. A ROP foi diagnosticada em 13 RNP e obtida uma média de idade gestacional de 26,4 semanas e um peso médio de 904,6g. A crioterapia foi o tratamento efectuado em 6 dos RNP que desenvolveram ROP, sendo que os restantes 7 tiveram regressão espontânea.
Palavras-chave: Prematuridade, recém-nascido (RN), oxigénio, retinopatia, crioterapia.
(1) Enfermeiros Especialistas em Saúde Infantil e Pediatria da UCINP do Hospital Maria Pia
CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO PONDERAL, HÁBITOS ALIMENTARES E ACTIVIDADE FÍSICA EM CRIANÇAS DE IDADE PRÉ-ESCOLAR
Maria Teresa Loureiro Martins(1)
Resumo
A maioria dos estudos epidemiológicos divulgados apontam para o facto de o aumento marcado da incidência da obesidade infantil se dever a hábitos alimentares incorrectos, associados a elevados níveis de sedentarismo, estando directamente relacionada com o número de horas diárias em frente de uma televisão ou computador.
O presente estudo tem por objectivo caracterizar a prevalência de excesso de peso e obesidade numa população de crianças com idades compreendidas entre os 4 e os 6 anos e caracterizar os seus hábitos alimentares, de actividade física e sedentarismo. O estudo foi realizado nos Jardins-de-Infância da rede pública do concelho de Condeixa-a-Nova. Trata-se de um estudo descritivo (nível I).
Verificou-se uma prevalência de 12.2% de excesso de peso e 18.9% de obesidade e a existência de alguns erros alimentares nomeadamente o consumo demasiado frequente de gelados, salsichas, fiambre, chourição, salpicão, presunto, bacon, etc., peixe gordo: sardinha, cavala, carapau, salmão, etc., pão branco ou tostas, batatas fritas caseiras, cereais crocantes açucarados ou achocolatados, Ice-tea ou extractos vegetais, sumos de fruta concentrados ou néctares embalados, bolachas tipo Maria ou torrada, outras bolachas ou biscoitos e chocolate. Verificou-se ainda um consumo reduzido de hortaliças e legumes. Em relação às actividades realizadas pelas crianças, constatou-se o predomínio das actividades sedentárias relativamente às actividades físicas.
Palavras-chave: Excesso de peso/obesidade; hábitos alimentares; actividade física; sedentarismo.
(1) Enfermeira Graduada. Especialista em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediatria. Hospital Pediátrico de Coimbra
EFECTIVIDADE DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE: CRENÇAS E COMPORTAMENTOS DOS ADOLESCENTES FACE AO ÁLCOOL
Fernanda Alves(1)
Sónia Carvalho(1)
Resumo
dolescentes face ao álcool, pode ser uma forma de contribuir para a sua prevenção.
Avaliar a efectividade da Educação em Saúde na mudança de crenças e comportamentos dos adolescentes face ao álcool, foi o objectivo deste estudo.
Este, é um estudo de caso-controlo, realizado na Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos dos Marrazes, Leiria, nos dias 5 e 15 de Dezembro de 2008, que compara adolescentes do 7º ano de escolaridade submetidos a uma Educação em Saúde (grupo caso), com adolescentes do mesmo ano, que não foram submetidos à Educação em Saúde (grupo controlo), para assim avaliar a sua efectividade. Foram aplicados 2 questionários, em dois momentos distintos e analisadas as crenças e comportamentos de 28 adolescentes, 12 no grupo caso e 16 no grupo controlo.
Para o tratamento dos dados, recorremos à estatística descritiva e inferencial, com o auxílio do programa estatístico SPSS.
O estudo permitiu-nos concluir que a Educação em Saúde sobre as crenças e comportamentos dos adolescentes face ao álcool, foi efectiva no que diz respeito às crenças mas, relativamente à mudança dos comportamentos não se obtiveram resultados estatisticamente significativos.
Palavras-chave: Álcool, Adolescente, Educação em Saúde, Crenças, Comportamento.
(1) Enfermeiras no serviço de Pediatria Hospital Santo André, Leiria
EFEITO DE UM PROGRAMA COMPREENSIVO DE BASE INSTITUCIONAL PARA MODIFICAÇÃO DOS HÁBITOS DE VIDA, NOMEADAMENTE, OS HÁBITOS ALIMENTARES E DE ACTIVIDADE FÍSICA EM UTENTES ALCOÓLICOS
Hélder Bruno da Fonseca Gomes(1)
Leonor Mata Correia(2)
Resumo
O presente trabalho refere-se a um estudo tipo descritivo, correlacional e comparativo. O objectivo principal deste estudo foi avaliar as repercussões de um programa compreensivo com intervenções de base institucional com duração de 8 semanas, na modificação dos hábitos alimentares e de actividade física em sujeitos com problemas relacionados com o álcool. A amostra foi constituída por utentes adultos do género masculino (idade ≥ 25 e ≤ 55 anos) seguidos na consulta externa no serviço de Psiquiatria do Hospital Sousa Martins da Guarda com diagnóstico de alcoolismo e que respeitavam os critérios de inclusão. Foram sujeitos a um programa compreensivo de intervenção durante 8 semanas, composto por sessões de educação para a saúde, contactos telefónicos e entrega de folhetos informativos. A intervenção incluiu dois momentos de avaliação: laboratorial e dos hábitos alimentares. No tratamento estatístico foi utilizada a análise descritiva e análise inferencial. Dos resultados obtidos, o estudo mostrou que relativamente aos indicadores laboratoriais estudados, verificaram-se diferenças estatisticamente significativas nos valores de Gama GT, Ácido Úrico, Glicemia, Triglicerídeos, LDH e Colesterol Total e a maioria dos sujeitos modificaram os seus hábitos, nomeadamente alimentares. Tratou-se pois, de um programa compreensivo eficaz, influenciando positivamente a modificação do estilo de vida nos sujeitos.
Palavras-chave: Alcoolismo, Hábitos de Vida, Programa Compreensivo.
(1) Mestre em Ciências do Desporto, Pós-Graduado em Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho, Enfermeiro com Especialidade em Saúde Mental e Psiquiatria a exercer funções como Enfermeiro Graduado no Hospital Sousa Martins na Guarda.
(2) Enfermeira com Especialidade em Saúde Mental e Psiquiatria a exercer funções como Enfermeira Graduada no Hospital Sousa Martins na Guarda.
A QUALIDADE DE VIDA DOS DOENTES TOXICODEPENDENTES EM PROGRAMA DE SUBSTITUIÇÃO COM METADONA NO ALGARVE: UM ESTUDO COMPARATIVO DA SUA SITUAÇÃO EM 2003 E 2008
Nuno Álvaro Caneca Murcho(1)
Paula Maria Coimbra Pereira(2)
Resumo
Este estudo tem como objectivos caracterizar a população dos doentes toxicodependentes que se encontram em programa de substituição opiáceo com Metadona (PSOM) na região do Sotavento Algarvio, e conhecer a evolução da situação da sua situação nos anos 2003 e 2008.
É de tipo exploratório, descritivo, quantitativo e transversal, e foi realizado com uma amostra de conveniência constituída por 308 doentes toxicodependentes que se encontram em PSOM nos serviços de saúde desta região.
Os resultados obtidos levam-nos a concluir que existe uma maior autonomização destes doentes após a sua entrada nestes de programas, bem como uma maior qualidade de vida, o que vem de encontro a alguns aspectos que são mencionados relativamente aos objectivos destes programas, e aos resultados de outros estudos que foram realizados com este tipo de população.
Relativamente à evolução da situação entre 2003 e 2008, estes resultados estão de acordo com outras pesquisas, quer no que concerne aos aspectos que se mantêm constantes entre os dois estudos que foram sujeitos a esta análise comparativa, como o género, o estado civil, a escolaridade, como naqueles que sofreram alterações, como a idade, situação laboral e habitacional, e padrões de consumo e tipo de drogas.
Palavras-chave: Toxicodependentes; Programa de substituição opiáceo com Metadona.
(1) Director do CRI do Algarve/IDT, IP, Enf.º Chefe do IDT, IP, Licenciado em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica, Mestre e Doutorando em Psicologia na especialização em Psicologia da Saúde (Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.)
(2) Enf.ª do IDT, IP, Responsável pela UDTS da ETET do Sotavento/CRI do Algarve, Bacharel em Enfermagem, Licenciada em Psicologia Clínica (Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.).
PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NOS CUIDADOS AO UTENTE INTERNADO NUM SERVIÇO DE ORTOPEDIA
Contributos Para Melhorar a Comunicação e a Qualidade dos Cuidados ao Utente
Isabel Maria Lopes Martins Nunes(1)
Resumo
A família é, o elemento fulcral para a continuidade dos cuidados, pelo que a sua participação na prestação de cuidados é fundamental, havendo da parte dos profissionais de saúde a preocupação em estabelecer uma relação cada vez mais próxima com o elemento cuidador para garantir a qualidade destes cuidados, após a alta hospitalar.
Exercendo funções num serviço de ortopedia de uma unidade hospitalar, deparo-me muitas vezes com a problemática da integração da família nos cuidados ao doente do foro ortopédico.
Optámos pela realização de um estudo exploratório e descritivo, utilizando uma metodologia do tipo qualitativo, recorrendo à entrevista áudio-gravada como técnica de pesquisa aos familiares participantes, e um questionário aos profissionais de saúde participantes. Foi utilizado o método de análise de conteúdo.
Procuramos conhecer: a importância da integração da família nos cuidados; as actividades de vida mais importantes para a integração da família; as competências mais importantes dos familiares nos cuidados e identificar sugestões dos familiares e profissionais de saúde, para a participação da família nos cuidados ao utente internado num serviço de ortopedia.
Relativamente aos resultados das entrevistas efectuadas aos familiares participantes, ressaltam alguns aspectos:
- Os participantes foram unânimes em referir que gostam de participar nos cuidados ao familiar internado, o que nos leva a concluir, que será fácil haver uma relação de parceria com a família.
- Quanto ao tipo de cuidados que gostaria de realizar durante o internamento, surgem como tarefas a realizar, a alimentação, a higiene e o conforto.
- Quanto às medidas para melhorar a participação da família nos cuidados ao utente internado, é realçado o alargamento do horário das visitas.
Da análise dos registos dos questionários aplicados aos profissionais de saúde, há a salientar:
- A grande percentagem dos participantes considerou importante a participação da família nos cuidados.
- Quanto ao tipo de cuidados realizados em parceria com a família, surgem as actividades da vida diária; e os cuidados de higiene e alimentação.
- Quanto às vantagens da participação da família nos cuidados; surge o envolvimento no processo terapêutico e preparação da família para a continuidade dos cuidados
- Quanto às sugestões para melhorar a parceria com a família nos cuidados; surge o alargamento do horário de visitas, e, o incentivo da família a participar.
Estes resultados revelam a importância atribuída pelos dois grupos participantes, à participação da família nos cuidados ao utente internado num serviço de ortopedia, de um centro hospitalar da região de Lisboa.
Em suma, a participação da família nos cuidados ao utente internado, abrange vantagens evidentes, no que se refere ao utente, (manutenção do vinculo profissional, maior apoio, menor sentimento de ruptura com o ambiente familiar, preparação para a continuidade dos cuidados).
Palavras-chave: Família; a Doença na vida da Família; Internamento / hospitalização; Comunicação em Contexto Hospitalar e de Cuidados de Saúde.
(1) Enfermeira Graduada. Mestre em Comunicação em Saúde. Centro Hospitalar de Cascais - Serviço de Ortopedia II.
PROCESSO DE LUTO EM IDOSOS. ESTUDO EXPLORATÓRIO DE UM MODELO DE INTERVENÇÃO
Ana Margarida Lucas (1)
Liliana Pereira Rodrigues(2)
Susana Correia(3)
Maria Clara Graça Lopes(4)
José Carlos Santos(5)
Resumo
O processo de luto envolve uma série de tarefas, que nos idosos assumem particular significado dado estarmos a falar, na maioria das situações, de diversos processos de luto. No presente estudo, de natureza qualitativa, temos como objectivos caracterizar a vivência do luto e avaliar as repercussões de um programa de intervenção no decorrer de oito sessões. A amostra intencional foi constituída por seis viúvas em processo de luto. A análise de conteúdo, de acordo com Bardin (2009), permitiu identificar quatro categorias: a solidão, a dor, a esperança e a crença religiosa. Na entrevista final de avaliação as categorias mais negativas: solidão e dor diminuíram a sua frequência, tendo as intervenientes (re)iniciado novas actividades e assumido novos papéis individuais e de grupo, fazendo uma avaliação muito positiva da sua participação.
Palavras-chave: Luto, idosos, modelos de intervenção.
(1) Enfermeira, Especializada em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria, Hospital Garcia de Orta
(2) Enfermeira Graduada, Especializada em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria, Hospitais da Universidade de Coimbra
(3) Enfermeira, Especializada em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria, Centro Hospitalar Psiquiátrico de Coimbra
(4) Enfermeira Especialista em Enfermagem de Reabilitação, Centro de Saúde Norton de Matos
(4) Professor Adjunto, Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. Investigador da UICISA. Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Mental. Doutorado em Saúde Mental. (Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.)