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A ENFERMAGEM E A GLOBALIZAÇÃO
A educação para a incerteza

AUTORA: Maria Arminda Mendes Costa

Nota introdutória.
No artigo de reflexão que se apresenta, tomando como conceitos-chave: ensino de enfermagem, globalização, mudança, “empowerment”, reflexão, educação /aprendizagem, explicitaremos um conjunto de questões sobre as quais urge pensar e debater no ensino de enfermagem; analisaremos ainda alguns pressupostos que, face à globalização e suas implicações para a sociedade do conhecimento, poderão sustentar um debate que, genericamente intitulamos “ A enfermagem e a globalização. A educação para a incerteza”.
A enfermagem não pode ficar indiferente aos debates da actualidade sejam eles do âmbito social, ou do foro específico da saúde. Um dos debates que atravessa hoje a sociedade moderna é o da chamada globalização. Desafio para uns, fonte de muitos males para outros, incógnita para quase todos, a globalização aí está: discute-se nos forum mais diversificados, origina encontros internacionais, grandes manifestações, alinham ricos e pobres em espaços e com fins distintos. Que relação se estabelece então entre globalização e enfermagem?
O movimento de profissionalização de enfermagem emerge com o início do século XX e tem a sua origem num corpo de saberes baseado na ciência moderna, em ruptura com a tradição empírica. Os enfermeiros têm vindo a empenhar-se na aquisição do poder de certificação da exclusividade de formação e do monopólio do seu campo de actividade, como forma de deterem o controlo do exercício profissional e ainda a delegação de outros poderes, como o controlo da formação e das condições de trabalho. A título de exemplo, diríamos que o debate que, recentemente atravessou algumas escolas superiores de enfermagem públicas foi só a ponta do iceberg: a integração das instituições de enfermagem no ensino universitário insere-se neste desafio da globalização e da educação global, no qual, a incerteza do conhecimento aplicado (ensino politécnico) não se escreve (nem inscreve...) na mesma linha autonómica da concepção e aplicação do conhecimento (ensino universitário).
O ensino de enfermagem poderá  desempenhar um papel fundamental, paradigmático e de mudança para outras modalidades de ensino, quer por se apresentar como o palco onde ocorrem muitos dos acontecimentos comuns que à formação dizem respeito, quer porque se trata de um universo de pessoas empreendedor e irrequieto, quer porque muitas (demasiadas?) e rápidas mudanças sociais e políticas no Sistema do Ensino Superior o têm afectado. Quem o nega? Os medos de hoje, não serão o reflexo de um carreirismo acéfalo que durante algum tempo estagnaram os fluxos da mudança? O ajustamento da enfermagem às expectativas e necessidades sociais, além de um desejo natural, tem representado nos últimos tempos um considerável esforço da comunidade académica de enfermagem e da profissão em geral. Disso nos dão conta as inumeráveis obras e artigos científicos que temos visto ser publicados.

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